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A Geração Ponte: unindo o que o tempo separou

Por Redação

14/11/2025 14h57

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Por Laryssa Ramos, professora e CEO da LR Educação Corporativa

As empresas vivem hoje uma guerra silenciosa, e o campo de batalha está dentro das equipes. De um lado, quem acredita que “falta interesse”. Do outro, quem enxerga “falta de propósito”. Mas afinal, quem está certo nessa guerra entre gerações?

Tenho ouvido muito, em sala de aula, as queixas das gerações mais antigas sobre o “desinteresse” da Geração Z. E quase sempre vem acompanhadas de frases como: “quando eu comecei…” ou “no meu tempo…”. Inclusive, eu mesma já usei essa expressão.

Lembro de um episódio de mais de uma década atrás: eu estava prestes a perder o ônibus e chegaria cerca de 10 minutos atrasada. Pra evitar isso, peguei um mototáxi — era assim que chamava na época — mesmo morrendo de medo de andar de moto. Tudo pra não chegar atrasada. Hoje, vejo situações parecidas acontecendo, mas com respostas bem diferentes daquelas que eu teria coragem de dar “na minha época”. E está tudo bem. O fato é: aquele era outro tempo, outro contexto, outros ensinamentos.

Enquanto continuarmos apontando e comparando gerações, vamos seguir criando barreiras em vez de construir pontes. O nosso papel como liderança é entender o que cada membro da equipe quer de verdade. Pra você, ser promovido talvez fosse o maior desejo de todos. Mas, pra boa parte da geração mais jovem, como ouvi outro dia, a resposta é direta: “A gente não tá nem aí pra ser líder.” Esse choque de anseios sobre o que realmente é sucesso na carreira alimenta a guerra entre gerações, como se só existisse um caminho possível.

Eu já liderei muitas equipes e em sua grande maioria, com uma grande diversidade de gerações. E foi a partir dessa experiência que percebi algo fundamental: liderar também é personalizar. O que estimulava um, não era o mesmo que motivava o outro. Um queria reconhecimento emocional. Outro, apenas o financeiro. E tinha aquele que só queria fazer bem o seu trabalho, sem tanta exposição. E todos eram importantes para o resultado. Cada um com suas características geracionais e eu, como líder, estava ali para ser imparcial e aprender a transitar dentro de todas as gerações.

Sei que alguns líderes talvez não concordem comigo, podem achar que esse não é o papel da liderança. Mas pra mim, sempre funcionou. Porque, assim como qualquer líder, eu era cobrada por resultados, e essa foi a forma que encontrei de fazer o resultado acontecer. É difícil? Claro que é. Dá mais trabalho? Muito. Mas quem disse que liderança é glamour?

Talvez o maior problema de todos seja o fato de a gente sempre querer achar que o nosso jeito é o certo, que existe um padrão, quando, na verdade, há vários caminhos que levam ao mesmo resultado. E resultado é exatamente o que toda empresa quer. Se o resultado vem de forma limpa, ética e comprometida… por que se prender a tanto detalhe que sim, foi necessário em outro contexto, mas talvez hoje já não seja mais? Exemplo: Um colaborador entrega resultado, é comprometido e se estimula com flexibilidade… por que não dar uma folga no final da semana pra ele aproveitar?

Outro exemplo: Existem situações que não vêm para ser debatidas, elas vêm como comunicado. E, independentemente de alguém aprovar, precisam ser cumpridas. Em certas situações, não cabe questionamento, apenas execução. Por que não entender que essa decisão pode ter um motivo maior, e que um deles pode ser preservar o trabalho de todos?

Essas são situações que incomodam distintas gerações. E trago aqui o convite para que a resiliência e a flexibilidade sejam mais presentes, e o “meu jeito é o certo” vá dando espaço para uma nova geração. Nem Boomers, nem X, nem Y, nem Z, nem Alpha…

Agora é a vez da Geração Ponte, aquela que entende que não existe geração certa ou errada. Existe o contexto em que cada uma nasceu, e o verdadeiro avanço está em unir forças, não em competir. E você, como líder, tem sido ponte ou muro entre as gerações da sua equipe? Tem liderado com a sua régua, com o olhar da sua “geração”… ou tem sido a ponte que sabe transitar entre todas elas, unindo o que cada uma tem de melhor?