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A influência das festas populares regionais na criação de comunidades engajadas

Por Redação

03/09/2024 09h00

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As festas populares regionais do Brasil são a alma da nossa cultura: elas unem pessoas, fortalecem laços, turbinam a economia local e, o mais incrível, conseguem mobilizar comunidades superengajadas.


Quer um exemplo? Pense no Festival de Parintins, no Amazonas. A comemoração deste ano movimentou R$ 180 milhões, 23% acima do registrado na edição anterior, segundo o governo do estado. O evento, que está na sua 57° realização, é marcado pela disputa entre os bois Garantido e Caprichoso, que constituem a cultura amazonense. A Brahma, que patrocina o festival há décadas, produz diferentes versões da lata de cerveja com as cores de cada grupo. O mesmo acontece com o Guaraná Tuchaua, parte do grupo Coca-Cola.


Meses antes do festival deste ano, vimos a gigantesca união online das duas comunidades rivais pela permanência da cunhã-poranga do boi Garantido, Isabelle Nogueira, participante do Big Brother Brasil 2024. São comunidades que, seja na disputa ou na convergência, demonstram um forte engajamento pelos valores regionais.


No interior de São Paulo e no Centro-Oeste do país, há uma adesão semelhante com a Festa do Peão de Barretos. A comunidade boiadeira, inclusive, é muito sólida em diferentes municípios brasileiros, cada qual com sua festividade e seu público fiel. Essa ressonância entre os adeptos vale também para o universo religioso, como é o caso do Círio de Nazaré, em Belém do Pará, e da festa de Iemanjá, em Salvador.


O que esses eventos têm de diferente em comparação ao período quando foram criados é o contexto digital. O impacto nas regiões sempre foi significativo, com o envolvimento da população local na produção de apresentações, fantasias, comidas. Hoje, com transmissões online que permitem que pessoas de qualquer lugar participem, observamos comunidades que antes eram estritamente físicas migrando para o online e expandindo sua base.

Os influenciadores regionais têm ganhado cada vez mais destaque nesse cenário, desempenhando um importante papel na promoção da cultura e economia locais. Microinfluenciadores, que conseguem ter um engajamento mais próximo do público, transmitem valor para as marcas que buscam atingir núcleos regionais de forma autêntica e eficaz. Eles não apenas aumentam o alcance das empresas naquela região, mas também o fazem com mais confiança e credibilidade.


Esse movimento de grupos digitalmente empenhados cria novas oportunidades econômicas e ajuda a preservar as tradições de forma inovadora e acessível a um público mais amplo, além de motivar esse público a ser mais ativo com a cultura regional. Vale dizer que fora atrair milhares de turistas, as celebrações têm um peso econômico grande nas cidades. A Festa do Peão de Barretos, o maior rodeio da América Latina, movimenta cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos e altos valores no interior de São
Paulo. Segundo o Centro de Inteligência e Economia do Turismo (CIET), o evento gerou, em 2022, R$ 1,24 bilhão em impacto direto e indireto em 11 dias.

Comunidades altamente envolvidas, onlines ou não, contribuem para que as festas sigam fortes na cultura do povo brasileiro. E nós só temos a agradecer por atraírem mais adeptos às celebrações que representam a expressão viva da nossa identidade, unindo o passado e o presente e o tradicional e o moderno, em uma explosão de cores, sons e sabores que só o Brasil sabe fazer.

Vinícius Machado
Fundador e CEO da Sotaq Creators