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A inteligência artificial também é delas! 

Por Redação

09/08/2025 08h30

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Por Lyla Ricarte, CEO da Markitetando

Começou de forma tímida, com jeitinho, mas aos poucos foi ganhando espaço. Tanto espaço que o mercado passou a se questionar se a presença dela levaria embora o trabalho/emprego de muitos. Sim, estou falando da Inteligência Artificial que tem ganhado muito espaço em diversos mercados, porém esse espaço já deu margem para debates sobre a ética sobre o uso da tecnologia, sobre o uso desmedido e agora também sobre representatividade.

Quando falamos de uma das maiores inovações tecnológicas dos últimos tempos, esquecemos de ver que essa inovação pode ficar presa no passado. Isso tudo porque apenas 22% dos profissionais de inteligência artificial do mundo são mulheres, dado um tanto quanto desgostoso que teve destaque no Fórum Econômico Mundial que aconteceu em janeiro deste ano e também mostrou que alguns dos empregos que aumentam mais rapidamente em número de vagas, estão em tecnologia, dados e IA. Mas por que será que esse ramo tecnológico acaba sendo um ambiente prioritariamente masculino?

Além de uma questão cultural, de vivermos em uma sociedade que estimula muito mais a prole masculina a se desenvolver em áreas tecnológicas, o mercado dormiu um pouco no ponto quando se trata de gerar oportunidade e capacitação para um público que está buscando desenvolvimento nessas áreas. Esse fato acaba sendo ainda mais preocupante por conta das mulheres estarem sendo as mais afetadas com o boom da IA generativa. Um estudo recente feito pela Universidade da Carolina do Norte, estimou que quase 59 milhões de mulheres ocupam cargos suscetíveis a interrupções se houver substituição pela IA na execução de suas funções.

O uso de IA incorpora-se mais dentro de negócios por ter um poder inegável quando se trata de ganhos de tempo, produtividade, eficiência e, até mesmo, por tirar o peso de tarefas operacionais repetitivas não precisando gastar a hora valiosa de um profissional. Isso tem gerado um grande buzz na fatia de executivos do mercado, classe que ainda é dominantemente masculina, mesmo com o crescimento do número de mulheres executivas nos últimos anos. Isso acaba sendo curioso, pois as tendências mais modernas acabam sendo dominadas pela geração mais jovem, mas nesse caso, com a IA generativa, tem se desenrolado de forma completamente diferente.

Mas as empresas estão acordando, podemos ver um retrato disso com o lançamento da IA Delas, encabeçada pela VIVO. Iniciativas como essa podem mostrar que mulher não só pode, como deve estar no centro da criação tecnológica. Não é só dar espaço, é reconhecer que sem diversidade a IA fica burra, enviesada e limitada. Movimento que vem em um momento excelente já que temos um número maior de mulheres trabalhando em empregos de colarinho branco. 

Pode faltar oportunidade no mercado, mas talvez o que falte também é mulher dizendo “tô aqui”, ocupando, aprendendo, errando, acertando e mostrando que tecnologia também tem rosto, voz e história feminina. O mercado de IA precisa de olhares diversos pra criar soluções que realmente sirvam pra todo mundo. É aquela máxima: a IA é um meio e não o fim. O toque humano e feminino é, e ao meu ver, permanecerá insubstituível.