Inaugura-se uma era de Design Thinking no ambiente escolar, sobretudo na formação de profissionais de UX Research (UXR). Longe de se restringir às squads de produtos digitais, a pesquisa de UX mostra-se aplicável a contextos educacionais e investigações em Humanas e Sociais, enfatizando processos iterativos e focados nas vivências concretas de estudantes e pesquisadores.
Nesse cenário, o Planejamento de UX organiza-se em oito estádios intercaláveis, cada qual respondendo a perguntas essenciais: Cenários (O quê?) mapeia o contexto e seus pressupostos; Objetivos (Por quê?) alinha metas à estratégia organizacional; Alcance (Quanto?) equilibra métricas quantitativas e insights qualitativos; Consciência (Quem?) aprofunda a compreensão das necessidades intrínsecas do público-alvo; Tática (Qual?) define métodos e ferramentas; Execução (Quando?) estabelece prazos e recursos; Aprendizagem (Então?) converte dados em diretrizes acionáveis; e Interiorizar (Onde?) consolida a estratégia, promovendo melhoria contínua.
Ainda assim, impõe-se a questão de como a pedagogia dessa metodologia se manifesta aos futuros profissionais de UXR. É nesse ponto que intervém a Transformative Student Voice (TSV), desenvolvida pela equipe liderada pela Dra. Shelley Zion, a qual demonstra a viabilidade de expandir a proposta ao contexto escolar.
Valorizando a participação ativa dos estudantes, a TSV ressalta a reflexão crítica e a ação coletiva, atribuindo-lhes protagonismo para que a pesquisa não seja apenas técnica, mas um meio de engajamento real. Ao incorporar práticas de Design Thinking e TSV em instituições que formam profissionais de UX, intensifica-se a escuta ativa, agregando percepções subjetivas e necessidades genuínas ao processo.
Esse diálogo permanente não apenas fortalece o mapeamento de necessidades e a concepção de soluções, mas também enriquece o Design Thinking com uma dimensão transversal: hierarquias tradicionais são revistas, promovendo autonomia, corresponsabilização e um aprendizado organizacional que se retroalimenta da diversidade de perspectivas.
O que digo é: a conjunção entre Planejamento de UX e TSV transcende métricas isoladas, favorecendo uma compreensão fenomenológica do “quem?” e impulsionando a criação de protótipos e soluções mais empáticas, sustentáveis e socialmente relevantes.
É nesse sentido que a TSV alavanca mecanismos de pesquisa e de cocriação para favorecer o desenvolvimento de insights autênticos e aderentes ao contexto local, fomentando um ciclo virtuoso de diálogo entre participantes e responsáveis pela implementação de soluções.
Insisto, assim, que a Transformative Student Voice injeta maior intensidade de participação e de escuta ativa nas etapas de concepção de soluções, tornando a experiência do ator-usuário algo vivo, sensível às subjetividades e capaz de revelar nuances que transcendem levantamentos puramente técnicos ou quantitativos.
Sob tal óptica, os oito estádios do UX Planning, em sintonia com as fases do Design Thinking, adquire nova intensidade, pois a presença de vozes ativas – dispostas a refletir criticamente, propor melhorias e questionar pressupostos – garante que cada iteração do loop seja mais robusta na captura de significados e motivações reais. Assim, as soluções concebidas não apenas atendem a requisitos funcionais, sobretudo, uma incorporação de visões e expectativas legítimas dos atores envolvidos, culminando em propostas realmente necessárias ao ator-usuário.
Formando os profissionais de UXR criticamente como proposto pela TSV, o Planejamento de UX, garantirá que se mantenha viva a busca pela compreensão fenomenológica do “quem?”, gerando protótipos e soluções adequados às vivências e aos anseios subjetivos dos usuários, e não apenas às conclusões extraídas de relatórios estáticos ou métricas isoladas.