Se você perguntar quais projetos de IA as pessoas estão tocando em suas empresas, muito provavelmente vai ouvir uma lista de automações. Isso é ótimo, não me entenda mal, mas fico sempre com uma sensação incômoda. É como se estivéssemos reduzindo uma tecnologia capaz de transformar indústrias inteiras a uma grande faxina nas rotinas administrativas e nas tarefas repetitivas.
O problema, na verdade, é quando a conversa para por aí. A agenda de eficiência é necessária, mas, diante de tudo o que a IA pode fazer, automação é só o básico. O que as empresas deveriam estar se perguntando neste momento é algo mais profundo: quais projetos pareciam impossíveis até o ano passado e hoje são viáveis com IA? Essa mudança de perspectiva desloca a tecnologia do terreno da otimização para a fronteira em que nascem as disrupções que não aparecem nas planilhas de redução de custos.
Um ótimo exemplo que conheci recentemente é a Harvey AI, uma plataforma de inteligência artificial generativa para departamentos jurídicos e escritórios de advocacia. Em vez de apenas automatizar rotinas, ela sintetiza documentos complexos, cruza jurisprudências, destaca riscos contratuais e apoia decisões jurídicas com uma profundidade que seria impraticável manualmente. Tudo isso em um ambiente seguro e adequado para a confidencialidade que o direito exige.
A vantagem competitiva da Harvey não é fazer o trabalho de sempre em menos tempo. Ela cria novas capacidades e um novo escopo de atuação para profissionais da advocacia, abrindo espaço para serviços, diagnósticos e produtos jurídicos que não existiriam antes da IA. É exatamente o tipo de projeto “impossível até o ano passado” que está se tornando realidade hoje.
Quem usa a IA só para cortar custos está desperdiçando a chance de expandir o potencial de crescimento da sua empresa. O que realmente muda o jogo é usar a inteligência artificial para repensar o que o seu cliente de fato precisa e, quem sabe, até reformular todo o modelo de negócio em torno disso. As empresas que fizerem as perguntas certas agora vão sair na frente e ocupar espaços que os concorrentes ainda nem perceberam que estavam vazios.
