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“A publicidade brasileira não gosta do Brasil”, destaca Felipe Silva, fundador da agência Gana

Por Redação

26/10/2022 14h00

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O diretor de criação do ano de 2021 eleito pelo PropMark fez fala potente e crítica sobre a produção de publicidade e propaganda nacional no primeiro dia do RD Summit 2022

 

“A publicidade brasileira não gosta do Brasil”. Foi assim que Felipe Silva começou sua apresentação no primeiro dia do RD Summit 2022. O fundador da Gana, agência que tem como premissa ter 100% da equipe preta, trouxe insights sobre a diversidade na publicidade brasileira, além de explanar as novas formas e ferramentas para se criar conteúdo com a cara do Brasil. Felipe Silva foi eleito o melhor diretor criativo do ano de 2021 por consulta do Propmark.

Campanhas de publicidade bem-sucedidas, com potencial para ganhar destaque em premiações como o “Festival de Criatividade de Cannes” ou Cannes Lions, precisam de três aspectos: conteúdo, audiência e engajamento. Com a quantidade de prêmios que a publicidade brasileira recebe (apenas em 2022 foram 70 leões) seria possível afirmar que o Brasil gabarita todos os quesitos, mas Felipe Silva, fundador e diretor criativo da agência Gana, questiona até que ponto há realmente engajamento da publicidade brasileira com o público brasileiro.

Na palestra “a publicidade do Brasil não gosta do Brasil”, apresentada no RD Summit 2022, o criativo reforçou que a publicidade brasileira está entre as três mais premiadas do mundo, competindo com Estados Unidos e Inglaterra, mas falta conexão com o público brasileiro. “Somos valorizados mundialmente, reconhecidos como referência, mas a maioria das produções não conversa com a nossa população”. Na ocasião, o publicitário destacou que é preciso trazer referências da cultura brasileira para os conteúdos de marketing e venda, durante sua palestra no RD Summit, evento de marketing e vendas que acontece em Florianópolis.

 

A Gana nasceu buscando ligar visões, vivências e referências, criando soluções mais conectadas com a realidade dos consumidores, em um país onde mais da metade da população é preta e periférica. 

 

“As agências que conhecemos são formadas majoritariamente por pessoas brancas, e a consequência disso é uma entrega que não representa a realidade brasileira, em um país no qual mais da metade da população é preta e periférica. Trazer novas visões, vivências e referências não contempladas em agências tradicionais é uma urgência dentro desse mercado”, diz Felipe Silva,  founder da Gana.

 

Com pouco mais de um ano desde o lançamento, a Gana já coleciona reconhecimento. Na última semana, a agência foi destaque no Festival do Clube de Criação 2022, que tem como objetivo mostrar o que de melhor foi criado e produzido por profissionais de publicidade de todo o Brasil. Na ocasião, venceu o prêmio de melhor ideia do ano e levou a Estrela Preta, maior prêmio do festival, com o podcast Mano a Mano, que ainda ganhou três ouros nas categorias “Digital/Melhor Uso de Criadores e Influenciadores”, “Publicações, Veículos de Comunicação & Mídia com Rádio” e “Branded Content”. 

 

“Esse destaque se dá devido ao diferencial do time, capaz de trabalhar a definição de estratégias criativas, com o toque brasileiro, além de contribuir com outras expertises que, geralmente, não fazem parte do escopo de uma agência de publicidade tradicional”, afirma Felipe. 

 

No RD Summit 2022, Felipe buscou “provocar” o mercado, trazendo questionamentos sobre a forma tradicional de fazer publicidade no Brasil. Segundo o publicitário, existe uma diferença entre o que é criado na publicidade, e entre quem de fato é o povo brasileiro.

 

“A publicidade brasileira é uma das três mais respeitadas do mundo. Temos profissionais brasileiros nas maiores agências do mundo, e somos reconhecidos por nossa criatividade. Mas essa não é a publicidade que acompanhamos no dia a dia. O Brasil criou uma busca incessante por reconhecimento internacional e começou a criar ideias para o exterior e não pro público”, comenta. 

 

 

 

Propaganda é gerar conexão com o público e, segundo Felipe, as produções brasileiras não chegam ao público final. Como exemplo, o publicitário questionou a falta de elementos nacionais nas produções brasileiras.

 

“Por que não fazemos publicidade do nosso jeito? Por que toda trilha de filme e novela tem que ser baseada no hit americano? Não fazemos filmes com cores, nossos filmes são pálidos. Nosso país é tropical e não colocamos cores para agradar uma paleta de cores internacional. Passei 15 anos em agência buscando ganhar prêmios internacionais e não para os brasileiros.  Precisamos criar relevância no mercado local por que as marcas precisam vender aqui!”, enfatiza. 

 

Um dos exemplos citados pelo diretor criativo é a forma como a publicidade enxerga o entretenimento nacional. Nas palavras de Silva, falar sobre novela dentro de agências de publicidade país afora é um passe para “perder a carteirinha de publicitário”, uma vez que as campanhas mais premiadas geralmente se inspiram em conceitos e tendências internacionais.

 

“A gente tem uma porrada de manifestações culturais que são muito legais, como o Carnaval do Rio de Janeiro e o Axé da Bahia, que são inspirações reais da nossa sociedade. E as marcas vão se conectar e engajar verdadeiramente com o consumidor ao entenderem os hábitos e comportamentos do Brasil profundo”.

Para finalizar, Felipe comentou sua visão sobre como as empresas devem buscar conexão com o público brasileiro.

 

“Acredito que devemos fazer conexões locais. As empresas devem pensar globalmente, mas se conectar localmente. A forma de falar com Florianópolis não é a mesma de falar com o Rio de Janeiro, e por aí vai. Cada vez mais as empresas devem pensar nessa forma de conexão, porque os locais e públicos são muito diferentes, então o pensamento deve ser global, mas com conexões locais’, finaliza. 

 

 

Premiação no Clube de Criação

A Gana, comandada por Ary Nogueira, Felipe Silva e Tatiana Marinho, venceu o prêmio de melhor ideia do ano no 47º Anuário do Clube de Criação.  O Podcast Mano a Mano ganhou três ouros nas categorias Digital/Melhor Uso de Criadores e Influenciadores e Publicações, Veículos de Comunicação & Mídia com Rádio e Branded Content, além do da honraria máxima do festival, a Estrela Preta.

A agência ainda levou o Ouro em Ilustração com o case Galeria Bohemia, em parceria com a marca de cerveja, Prata com o case Quebrada Cria de Havaianas na categoria Direção de Arte e, com Kuat ganhou 1 Prata na categoria Rádio com o case Meu País São João em Casa, além de 1 Bronze em Branded Content com a websérie Meu País Mineiridade.

“O Festival do Clube de Criação é uma das premiações mais importantes da nossa indústria. E ter as nossas ideias reconhecidas com tantas medalhas mostra que estamos no caminho certo de fortalecer a cultura criativa brasileira, periférica e preta. Em levar isso para diversas marcas e para a linha de frente da indústria. É só o nosso primeiro ano no festival, ainda somos uma agência jovem, mas acreditamos muito no caminho que estamos traçando e como podemos contribuir com as diversas marcas que atuam nesse país”, conta Felipe Silva, cofundador e CEO da Gana.

Com um ano e dez meses desde a sua formação inicial, a agência tem se destacado por estar a frente de algumas das campanhas mais criativas e de sucesso do país, em parceria com grandes marcas. Destaque esse que se dá devido ao diferencial do time, capaz de trabalhar a definição de estratégias criativas, com o toque brasileiro, além de contribuir com outras expertises que, geralmente, não fazem parte do escopo de uma agência de publicidade tradicional. Ao todo, a Gana recebeu 4 Estrelas de Ouro, 2 de Prata, 1 de Bronze, 5 prêmios anuário e a Estrela Preta, o maior prêmio do Festival, com atuação para 4 clientes diferentes, com 5 projetos inscritos e um total de 13 peças premiadas.

Nascida em 2020 como um coletivo, a Gana iniciou suas atividades enquanto agência em janeiro de 2021 e, com um crescimento exponencial, é responsável por parte do sucesso de campanhas como “Gostinho do Meu País”, com o reposicionamento do guaraná Kuat após 10 anos, ao celebrar a pluralidade de cada região do Brasil; “Quebrada Cria”, projeto com a união de Havaianas e Gerando Falcões para fortalecer e impulsionar artistas de comunidades de todo o país, collab de muito sucesso, que vendeu muito desde o seu lançamento e agora está chegando na Europa; a direção criativa do podcast Mano a Mano, junto do Spotify, entre outros cases que têm impactado positivamente o mercado brasileiro de publicidade e agrega relevância para marcas globais, apontando a potência da união criativa, intelectual e estética do Brasil.

Ainda neste mês, a agência teve destaque no Prêmio Smarties Brasil 2022, realizado pela MMA Latam, e levou o Ouro na categoria Impacto Social e Prata na categoria Lançamento de produto/serviço com o Case Coleção Quebrada Cria, feito em parceria com a Havaianas e Gerando Falcões,

 

Felipe Silva

Possui 15 anos de experiência como redator e diretor de criação, sendo reconhecido em prêmios como Cannes Lions, Effie Awards, El Ojo, entre outros.  Também é o fundador da “Escola Rua”, uma escola de criatividade voltada para jovens da periferia do Brasil. E do projeto “EU LIVRO”, com o qual distribuiu mais de 3 mil livros de mão em mão para jovens de escolas públicas de São Paulo.

 

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