É impressionante a capacidade que temos de adotar novas terminologias em nosso dia a dia e encaixá-las com precisão em nossas falas. Hoje todo mundo fala de dados, de big data, de IA, de linguagem natural. Parece que falar, confere uma imagem de ser inovador, de ser antenado, de ser engajado. Falar, pode também aliviar a culpa do tempo que não temos para estudar sobre tudo o que o mercado exige ou então faz parte de um processo de autoconvencimento, algo como um exercício para abrandar a resistência. Fato é que ninguém escapa, cedo ou tarde, precisamos de novos hábitos, novos parâmetros, novos comportamentos. Além de falar, mergulhar, saber, adotar.
Levar a sério e buscar o caminho do conhecimento requer antes de mais nada, não se sentir um troglodita, um membro da família Flintstones, não se julgue se você ainda não encontrou o melhor caminho para adoção de novos e seguros subsídios de atuação profissional. Tem muito blá, blá, blá. Tem muita leitura de orelha de livro que vira discurso e isso nos aterroriza por vezes.
Como tudo na vida, há os primeiros passos. Há que se engatinhar para aprender a andar. E nesse processo há tropeços. O que não podemos é negar, é achar que a experiência, o bom senso e a carreira até então bem-sucedida, suplantam a necessidade de enxergar em maior profundidade a realidade sob a qual atuamos profissionalmente.
Houve um tempo em que se fazia planejamento garimpando informações secundárias em sites de busca, em plataformas de tendências, em sites de dados públicos, em sites de associações e entidades de classe em busca de rankings para entender quem eram nossos clientes no mercado. Evoluímos, nós e o mercado, as empresas passaram a ter lideranças de marketing com o entendimento de que era necessário investir em pesquisas para entender nosso legado, nosso hoje, nossos diferenciais e nossos pontos de melhoria. Com a evolução do digital passamos a contar com uma infinidade de dados que as plataformas nos disponibilizam, mas nem sempre soubemos ler e na maioria das vezes o foco é somente postar, postar, postar.
Por outro lado, sabemos de dashboards de BI extremamente complexos e com muitos dados que de nada serviram para o dia a dia da gestão, de altos investimentos em CRM que nunca aproximaram marcas dos clientes. Nessa maratona de busca por uma atuação baseada em dados, aprendemos que a cultura pode assassinar os dados e, portanto, ela deve também ser foco da atuação de quem busca mirar em um outro patamar de assertividade. Ter dados só faz sentido se soubermos tirar deles, avaliações, insights, caminhos e novas metas. Pequenos exercícios nos mostram o quanto podemos economizar de tempo e dinheiro agindo com embasamento empírico.
É um caminho sem volta. Cada vez mais a busca deve ser de profundidade, assertividade e racionalização de recursos. Isso nos impõe não prescindir dos tão falados dados.
Ana Celina Bueno
Sócia das empresas Acesso Comunicação, Develop Live e Mining Metrics, Diretora do Sinapro, da Fenapro e Membro da Comissão de Qualificação Técnica do CENP
Confira também a entrevista que Ana Celina concedeu ao Nosso Meio: