Afinal, o preconceito ainda existe no processo de seleção das empresas?

Por Redação

12/06/2023 13h57

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A expectativa de vida das pessoas está maior no Brasil. Este é um dos motivos pelos quais o país está envelhecendo. Consequentemente, as pessoas estão passando mais tempo nas empresas, mesmo depois da aposentadoria, já que ainda estão a todo vapor. Entretanto, ainda existe um certo preconceito com a idade dentro das empresas, que acaba desligando os colaboradores que têm acima de 50 anos. Acredita-se que contratar os mais jovens trará mais tecnologia, com menor investimento em seus salários. Entretanto, não é bem assim que funciona. 

O fundador e CEO do Grupo Camarmo, Carlos Mororó, relata: “Hoje existe, sim, um preconceito voltado para a idade 50+. Entretanto, nós atendemos empresas de todo o Brasil e temos uma grande quantidade de contratação de cargos de liderança, na grande maioria, ocupados por pessoas que já tem uma certa maturidade. Apresentamos os currículos às cegas, para os contratantes, sem falar necessariamente a idade do candidato, para que possamos trabalhar contra o preconceito. Observamos pessoas de 55/60 anos no auge da sua carreira profissional, entregando muito. Em contrapartida, às vezes, tem profissional de 20/30 anos que não tem a mesma energia. O preconceito se dá, principalmente, com mulheres 50+ com filho. Elas sofrem muita resistência para participar dos processos seletivos e continuar nas empresas”.

Para manter-se ativo no mercado de trabalho é importante investir em network, participar de eventos e se conectar às pessoas dos segmentos de interesse. Assim, o profissional será visto e lembrado mais facilmente. “Você precisa vincular-se, também, às Associações. É extremamente importante conhecer pessoas com quem pode trocar conhecimento, além de estar em eventos da sua categoria e falar sobre sua trajetória com pessoas que se interessam genuinamente. Inclusive, ter uma ferramenta profissional extremamente importante é o Linkedin. Então o mantenha atualizado e coloque as principais entregas por onde você passou, conecte-se com pessoas do seu interesse e que admira, escreva assuntos que considera importante. Tudo isso fará você ter uma visibilidade no mercado de trabalho para empresas, recrutadores e possíveis parceiros que podem lhe indicar a uma posição”, enfatiza Carlos Mororó. 

Outra orientação indispensável é estudar sempre. Todas as profissões estão em constante evolução. É necessário estar atualizado com a necessidade do mercado para aumentar a empregabilidade. Mororó ainda diz: “No mundo corporativo somos uma marca. As pessoas comentam sobre suas entregas, quem você é profissionalmente e quais benefícios trouxe para as empresas por onde passou, sobre sua boa liderança. Para isto você precisa, também, compartilhar, contribuir, posicionar-se e aprender com outros profissionais”. 

Transição de carreira 

A transição de carreira normalmente vem quando a pessoa está acima dos 30 anos, entretanto, somente aos 40 anos as pessoas tem um despertar, seja mediante: um desligamento da empresa onde trabalhava; porque não se desenvolveu e não trabalhou sua transição enquanto estava ativamente no mercado; ou devido alguma doença causada pela pressão desse trabalho, como Burnout. 

“O Burnout tem muito a ver com a expectativa que muitas organizações têm colocado sobre o profissional, com a ideia de que ele vive para trabalhar. Isto vem deixando as pessoas focadas o dia todo no trabalho. A tecnologia deixou as coisas ainda mais aceleradas e as empresas querem que os profissionais sejam mais rápidos, a fim de acompanharem as informações que mudam a todo instante. Desta forma, as pessoas precisam estar conectadas o tempo todo, o que gera ansiedade para colaboradores de todas as idades”, afirma Carlos Mororó.   

Os principais passos para uma transição de carreira é estudar e acompanhar muito o que o mercado do nicho pretendido está abordando: enquanto nível de conhecimento, quem são os profissionais referência e conhecendo pessoas desse segmento.

Plano de carreira 

As empresas nordestinas têm um olhar para o colaborador ainda muito paternalista. “A maioria das empresas do Brasil são familiares e as nordestinas, na grande maioria, são os membros das famílias que ocupam as cadeiras. Então, acabam tendo uma gestão sem processo, com base na meritocracia, sem focar na promoção e salário diferenciado. Desta forma, o Plano de Carreira acaba se dando pelo nível de relacionamento que o funcionário tem com sua gestão direta e isto não é profissional. No entanto, as empresas do Nordeste e Centro-Oeste estão se profissionalizando. Existem muitas consultorias apoiando e direcionando para o próximo passo”, diz Carlos Mororó. As empresas precisam estar abertas e levar para dentro especialistas e consultorias na área, mesmo tendo um setor de Recursos Humanos bem estruturado. 

É importante atrair profissionais pelos bons benefícios, bom posicionamento frente ao mercado e desenvolvimento de carreira. É crucial que as empresas deem essas oportunidades para as pessoas quererem ficar ali por muito tempo, crescer, ter cuidado com os profissionais. Isto traz mais lucro, diminui o prejuízo, mediante a troca de colaboradores, e os deixam mais felizes com qualidade de vida.  

Carlos Mororó:

CEO do Grupo CAMARMO, com as empresas Camarmo, TechSe e CPartner, com foco em Hunting e Carreira de Executivos. Possui carreira desenvolvida em Gestão de Recursos Humanos em empresas de grande porte. Graduado em Ciências Contábeis e Pós Graduado em Gestão de Recursos Humanos e Psicologoa Organizacional e do Trabalho, e possui formação em Mentoria Estratégica e Coaching.
A contratação de talentos acima dos 50 anos