O engajamento à distância é uma das principais preocupações das empresas que migraram para o home office por conta da crise do coronavírus. Apesar dos inúmeros benefícios do trabalho remoto, a maioria das empresas não estavam preparadas para uma transição imediata, motivada pelo isolamento social e combate à disseminação da Covid-19.
Segundo uma pesquisa da Gartner, 88% das empresas adotaram ou encorajaram o home office durante a crise do coronavírus. No Brasil, esse índice é de 43%, segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Betania Tanure Associados (BTA) e publicada no mesmo mês na Época Negócios. Vale lembrar que apenas 5,2% dos profissionais brasileiros trabalhavam de casa em 2018, segundo dados do IBGE. Para os líderes brasileiros, a maior dificuldade está sendo adaptar as atividades presenciais para virtuais, seguida pelo gerenciamento remoto da equipe e manutenção da infraestrutura tecnológica. Ou seja: não será fácil migrar as operações para o trabalho remoto, adaptar a infraestrutura e ainda dar conta de manter as equipes engajadas em meio à pandemia global.
Gestores criaram soluções para aumentar o engajamento da equipe mesmo à distância com reuniões semanais, ações de interações, entre outros. Nesta publicação da série exclusiva do Nosso Meio “Agências Cearenses e a Pandemia”, conversamos com as agências: Ipanema Comunicação, Eficaz Comunicação e Mandalla Comunicação & Design.
Ipanema Comunicação
Marcus Vinícius, Diretor da Ipanema Comunicação compartilha que a primeira atitude tomada na pandemia foi colocar todo o time em home office. “Voltamos durante um período para quem não precisava ir de transporte coletivo para a agência e as que precisavam se mantiveram em casa. Desde o início agora da segunda onda, voltamos todos para o home office e ainda não saímos, mesmo quando voltarmos, decidimos abordar o modelo híbrido”, conta.
“Isso foi uma grande mudança na nossa cultura e no modelo de gestão. Colocamos o modelo de feedback bimestral com a equipe, onde escutamos as necessidades de cada um e também adotamos o modelo de NPS que é a pesquisa de satisfação dos colaboradores. Disponibilizamos cadeiras, computadores para quem precisava e mantivemos o vale-refeição para todos”, explica o diretor.
De acordo com Marcus Vinícius, para engajar a equipe, a Ipanema Comunicação implementou eventos internos de integração. “Estamos com um concurso nosso que será lançado da foto mais criativa com o seu pet no home office. Vamos dar uma premiação para o colaborador e também para o pet que for mais bem votado em nossa rede social. Então, estamos apostando em muita coisa nesse sentido”, comenta.
“Em relação aos clientes, estamos entendendo a necessidade de cada um e vamos modernizando a agência para poder atender eles. Temos o Head de Performance, Gabriel, onde tentamos estudar cada vez mais, que resultados a gente está gerando para o cliente, que valor agregado estamos entregando para ele. Além disso, fizemos um trabalho de formação com o nosso time para que a gente consiga enxergar o funil Y do cliente, tanto atuar no inbound, quanto outbound também, para que a gente pudesse gerar mais resultado para eles. A gente vem apostando também em manter os clientes com negociações, com o entendimento do cenário de cada um e com novos clientes, a gente vem prospectando já nesse novo modelo de negócio”, explica Marcus Vinícius.
Eficaz Comunicação
“Comecei a receber notícias da pandemia através da minha irmã que mora na Itália, como tudo começou por lá mais forte, eu já tinha algumas informações, claro que nem de longe imaginávamos que seria do tamanho que foi. Desde então comecei a me preparar para o que estava por vir. Fiz um grupo interno de trabalho de gestão de crise e começamos a traçar vários cenários e possíveis soluções. E assim seguimos administrando um dia de cada vez, com um olhar no futuro, muita vontade de passar por esse momento e cuidar ao máximo de todos ao nosso redor”, conta Elaine Pires, CEO da Eficaz Comunicação.
Elaine explica que administra a empresa à distancia há um tempo, ela já vinha preparando a equipe para cuidar da empresa em sua ausência. “Semanalmente, antes da pandemia eu estabelecia um dia chamado “BossOff” nesse dia os meus líderes não poderiam me consultar, eles tinham que administrar a empresa, cada um no seu setor e tomar decisões. E assim acontecia. Claro que eu fazia isso para descentralizar e conseguir escalar meu negócio, mas na pandemia esse sistema foi útil, porque já praticávamos algo parecido. Eu tenho uma equipe madura, tenho pessoas em que posso confiar, e juntos conseguimos percorrer esse caminho árduo. Uma atitude que me ajudou muito foi buscar não adivinhar o futuro, guardei o planejamento anual e por um bom tempo me guiei no dia a dia. E com uma afirmação muito clara, nós não íamos fechar, nós não íamos quebrar, nós íamos sobreviver e assim, fizemos”, explica.
Em relação aos clientes, a primeira ação feita pela agência foi conversar com cada cliente, em primeiro lugar oferecendo apoio. “Como temos clientes recorrentes, nós construímos laços fortes com eles. Em segundo lugar, abrimos mão de todo e qualquer contrato, facilitamos ao máximo a vida de todos, demos crédito aos que optaram por isso, cancelamos alguns e ficamos em paz até o retorno”, diz a CEO.
“O bem-estar emocional da equipe foi a parte mais desafiadora certamente. O que eu fiz foi oferecer minha presença, fiquei próxima, mantive todas as reuniões só que de forma online, e o que eu acho que foi mais fundamental é que mantivemos o movimento. Desenhamos novas estratégias, inovamos e nos reinventamos. Hoje, enxergo o futuro como uma harmonia perfeita entre o online e o off-line. Tenho minhas esperanças e energias renovadas sempre que vejo algum empreendedor abrindo seu olhar para as novas possibilidades do digital. Independente da área de atuação, vimos que o digital foi uma virada de chave para negócios, instituições, comércios e serviços. Nem tudo vai ser totalmente digital, mas o digital está sendo e vai cada vez mais fazer parte de tudo, cabe a nós aprender com esse momento, ter um olhar generoso e entender o que precisa ser feito daqui para frente”, compartilha.
Mandalla Comunicação & Design
Mesmo antes da pandemia, até acompanhando uma tendência mundial, a Mandalla já funcionava com modelo híbrido de trabalho. Normalmente, os pontos eram agência, home office, cliente, imprensa. Para as fundadoras da empresa, Monique Oliveira e Sâmila Braga, a qualidade de vida e a personalização dos atendimentos, sempre foram pontos prioritários. “Praticamente todas as nossas atividades já estavam há anos no ambiente online, distribuídos em ferramentas de desenvolvimento, gestão e análise de resultados”, explica Monique, diretora de Conteúdo e Relacionamento.
No período da pandemia, a agência procurou estar, ainda mais, próxima dos/as colaboradores/as e dos/as clientes. “Principalmente no início do aumento de casos da Covid-19 no país e no Estado, os planejamentos dos/as clientes foram remodelados sem custos adicionais em virtude de um novo cenário que exigia sensibilidade e, ao mesmo tempo, rapidez na comunicação de medidas”, lembra Sâmila Braga, diretora de Conteúdo e Criação. Com a equipe, foram implantadas reuniões de feedbacks, não só sobre os processos da agência, como também um acompanhamento mais cuidadoso de cada um/a. A agência realizou ação com uma psicóloga, além da abertura cotidiana para espaços de diálogo com as próprias gestoras. Foram estabelecidas medidas preventivas de não circulação dos/as colaboradores/as, principalmente aqueles/as de grupos de risco.
Um aspecto ainda relevante observado pela Mandalla foi a necessidade de diversas instituições buscarem serviços mais humanizados e qualitativos na comunicação, principalmente nos campos de produção de conteúdo, relacionamento dentro das novas mídias e formação. “Diante de uma nova configuração de mercado, com negócios fechando e outros abrindo e até expandindo nesse período, as organizações buscaram ser mais assertivas ainda e encontram na nossa área ferramentas que auxiliam na retenção e atração de novos públicos”, comenta Monique.
As diretoras contam que, desde o início da pandemia, investiram em inovação com o planejamento e execução de novas soluções, com base na nova conjuntura. Lançaram o primeiro curso online EAD, com valor social. A formação foi voltada para auxiliar comunicadores/as que quisessem se aprimorar na área do design para mídias sociais, tendo em vista que muitos/as profissionais apresentavam essa demanda. “Já realizávamos eventos pontuais, mas o curso teve retorno institucional extremamente positivo e pode auxiliar profissionais, também a partir da nossa visão de cuidado e contextualização”, celebra Sâmila. Além do curso, o leque de novos serviços criados inclui diferentes consultorias estratégicas de Branding, Presença Digital e Treinamentos para equipes de comunicação interna de empresas e instituições.