Ao negar convite de dublagem, Juliette abre reflexão sobre neutralidade de sotaque nordestino em produções nacionais

A campeã do Big Brother Brasil 2021, Juliette Freire, comentou em suas redes sociais, um episódio de xenofobia que vem sofrendo pelo seu sotaque nordestino. A cantora é natural de Campina Grande, na Paraíba.

Juliette contou em live feita em seu Instagram que foi chamada para dublar uma personagem em um filme de nível internacional, um dos pedidos foi para que ela neutralizasse seu sotaque. A mesma não aceitou e teve a voz descartada do filme, dando vez a um sotaque não nordestino.

“Vão escutar sotaque nordestino em publicidade, em grandes publicidades, sim! Porque nós somos múltiplos, nós consumimos também outros tipos de músicas, além do forró, além da nossa cultura tão bonita, a gente canta rock, rap, funk, hip hop, tudo também sabia? Então, amor, beijo de luz”, disse ao finalizar os stories sobre o assunto, deixou um recado para os hateres.

Segundo Juliette, esse exemplo foi apenas um de vários outros. Ela lembrou ainda como o sotaque nordestino é encarado de uma forma caricata. E deixou uma mensagem em sua rede lembrando que sotaque neutro não existe.

SOTAQUE NEUTRO NÃO EXISTE

— Juliette ☀️ (@juliette) June 11, 2022

Vinicius Machado, O CEO da Creators Brasil, agência especializada em marketing de influência com microinfluenciadores das regiões Norte e Nordeste, falou sobre a imposição do “sotaque neutro” em grandes produções.

“Carrego essa bandeira há anos e eu acredito que podemos furar essa bolha e trazer cada vez mais representatividade para a comunicação brasileira! Somos gigantes e precisamos entender que não existe um padrão para uma população com tanta cultura e sotaques distintos”, afirmou.

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A Doutora em Linguística pela UNICAMP, Jana Viscardi, fez a reflexão sobre a pluralidade linguística do Brasil e as características de .

“A verdadeira pergunta que deveria ser feita é: Por que ao longo do tempo foi se defendendo a ideia de um sotaque que fosse mais neutro que o outro? Já parou para se perguntar por que essas formas são prestigiadas e respeitadas em um país com tanta diversidade linguística como o Brasil? Esse falar neutro idealizado tem características que nos levam a pensar sobre quais foram os grupos que ao longo do tempo foram determinando quais eram as variantes consideradas melhores do que as outras”, disse a professora.