17ª Edição

Artigo de Opinião | A comunicação é o coração da liderança

Por Redação

04/11/2025 14h00

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Por Larissa Freire, mentora de líderes

Nenhum time entrega resultado sem confiança. E nenhuma confiança nasce sem uma comunicação clara, humana e constante entre líder e equipe

A comunicação é uma das ferramentas mais poderosas que um líder pode ter. Especialmente aquele que quer ser intencional, criar conexão genuína com sua equipe e gerar engajamento real. É o caminho mais direto entre o propósito de um líder e o resultado de um time. Quando o líder entende que comunicar é liderar com intenção, a fala deixa de ser ferramenta de poder e passa a ser instrumento de confiança e desenvolvimento.

Falar sobre isso pode parecer óbvio, mas ainda é raro ver líderes conscientes da força da sua própria voz. Muitos acreditam que resultado vem apenas de processos, metas e entregas. Esquecem que todo resultado nasce de pessoas, e que pessoas se movem por sentido. É a comunicação que dá sentido ao trabalho, que faz o colaborador entender por que está fazendo o que faz e qual impacto gera.

Por isso, eu defendo que um líder que comunica bem é, antes de tudo, um líder que tem clareza sobre sua missão: desenvolver pessoas. Ele entende que o papel da liderança não é apenas cobrar, mas formar. E formar exige conversa, escuta, clareza e presença.

O problema é que quase ninguém foi ensinado a se comunicar com intenção. Nem em casa, nem no trabalho. Aprendemos a reagir, a interpretar, a supor, mas não a dizer com clareza o que queremos e sentimos. Crescemos em ambientes que valorizam o discurso técnico e ignoram o diálogo humano. E o resultado aparece nas empresas: líderes que acreditam estar sendo claros, mas são mal interpretados; equipes que se calam para evitar conflito, e organizações que confundem harmonia com ausência de diálogo.

A comunicação mal utilizada tem afastado líderes e liderados. Não apenas pelo conteúdo das palavras, mas pelo tom, pela postura, pelos gestos e pelo silêncio carregado de tensão. Muitas vezes, não é o que o líder diz que machuca, é como ele diz. Ou o que deixa de dizer.

O fato é que o desenvolvimento de uma equipe passa pela comunicação e se manifesta nos rituais de liderança: nos encontros individuais, nos feedbacks, nas conversas rápidas de corredor. Cada uma dessas interações é um ato de cultura. A forma como o líder se comunica define o clima do time e a forma como as pessoas se relacionam entre si. Quando o líder fala com respeito, mesmo ao corrigir, ele ensina que é possível crescer sem humilhar. Quando reconhece um esforço em público, ele reforça o comportamento que deseja ver repetido. Quando se baseia em fatos, e não em julgamentos, ele ensina o time a pensar com objetividade e a falar com segurança. Cada diálogo é uma oportunidade de construir confiança ou de destruí-la. 

Mas existe algo ainda mais profundo nessa lógica: um time que entrega resultado é um time que vive segurança psicológica. Segurança psicológica não é sobre ser “bonzinho” ou evitar conflitos. É sobre criar um ambiente onde as pessoas se sintam seguras para falar, errar, perguntar e contribuir sem medo.

E isso só existe onde há confiança.

A confiança é o alicerce invisível de toda equipe de alta performance. E ela não surge de um discurso bonito, mas de um histórico de coerência. A confiança é construída quando o líder fala o que pensa, cumpre o que promete e escuta de verdade. Quando existe constância e coerência entre o que se diz e o que se faz.

Comunicação e confiança caminham juntas como causa e efeito. Quando o líder comunica com clareza, o time se sente mais seguro. Quando o time confia, passa a se comunicar melhor. É um ciclo virtuoso que alimenta a saúde emocional e a produtividade.

Mas o contrário também é verdadeiro: quando há silêncio, há ruído. Quando o líder se cala e não se posiciona, abre espaço para mal-entendidos, insegurança e distanciamento. A ausência de comunicação é o terreno fértil do medo e da desmotivação.

Ser um líder intencional é entender que cada conversa importa. Que cada palavra tem peso. Que comunicar é um ato de cuidado. É compreender que, antes de falar sobre metas, é preciso construir pontes e falar com pessoas.

Liderar com comunicação é, portanto, liderar com presença e propósito. É substituir o controle pelo vínculo. É entender que resultados sustentáveis não vêm da cobrança, mas da confiança.