17ª Edição

Artigo de Opinião | Cultura e ação como motor de liderança

Por Redação

04/11/2025 14h00

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Por Nilo Thiago, VP de criação da Lean Agency

Estratégias práticas para inspirar equipes, estimular experimentação e reduzir a distância entre plano e execução

O mundo corporativo é repleto de manuais, workshops e teorias sobre gestão e liderança. Há livros que prometem a fórmula do sucesso e palestras inspiradoras sobre planejamento e estratégia. O desafio real, porém, começa quando tentamos transportar toda essa teoria para a prática. A liderança moderna não sofre mais com a falta de boas ideias — e sim com a dificuldade de transformá-las em ação. Essa lacuna entre o pensamento estratégico e a execução eficiente é o que separa marcas promissoras de referências de mercado.

Em um setor como o de comunicação, onde o dinamismo é a única constante, a capacidade de unir o instinto criativo à precisão analítica e, mais importante, de agir rapidamente é o verdadeiro diferencial. A seguir, compartilho cinco práticas que têm me ajudado a reduzir essa distância entre o discurso e a prática.

1. Foque nas pessoas, não nos modelos

A execução ágil não nasce de estruturas rígidas, mas da mentalidade das pessoas. Mais do que seguir um manual de gestão, é preciso construir um ambiente de confiança e autonomia.

Gosto muito da visão do sociólogo e antropólogo Frédéric Laloux, em Reinventando as Organizações, que mostra como as organizações evoluem quando seu propósito também evolui. Quando os times entendem o porquê por trás das ações, a execução deixa de ser uma tarefa e passa a ser uma expressão de propósito coletivo. Isso é vital, pois a paixão e o engajamento humano são as únicas fontes de criatividade que a IA não pode replicar.

2. Crie espaços para a experimentação

Uma forma eficaz de estimular criatividade e inovação é reservar momentos ou espaços específicos para a geração de ideias livres, sem as pressões das tarefas do dia a dia. Esses períodos permitem que os profissionais explorem soluções diferentes, testem hipóteses e experimentem abordagens diversas, sem a preocupação imediata com entregas ou metas.

Quando essas ideias são registradas, discutidas e aplicadas de maneira estratégica, podem gerar resultados concretos: maior engajamento, criatividade ampliada e uma mentalidade voltada à melhoria contínua. O ponto central é permitir que a equipe pense de forma livre e criativa. Esse espaço de experimentação, por menor que seja, serve como ponto de partida para novos raciocínios para problemas do cotidiano.

3. Saia do operacional e abrace o papel de líder

Muitos líderes — principalmente os mais jovens — enfrentam um dilema: foram promovidos por sua competência técnica, mas têm dificuldade de se desligar do operacional. Embora seja importante acompanhar os processos, é essencial saber o momento de subir o olhar. O papel do líder é remover obstáculos, orientar e garantir que o time tenha clareza e recursos para agir. Liderar não é fazer mais, e sim permitir que os outros façam melhor.

4. Confie na equipe e aceite o erro como parte do processo

A execução é um ato de coragem e confiança. Exige que o líder abra mão do microgerenciamento e incentive a autonomia. Erros fazem parte do caminho, especialmente em ambientes inovadores. O papel do líder é dar segurança para que a equipe possa testar, ajustar e seguir em frente. Mais importante do que ter todas as respostas é construir um time capaz de encontrá-las em movimento.

5. Transforme a cultura em motor da ação

No fim das contas, o papel do líder é encurtar a distância entre o discurso e a prática. Não basta ter boas ideias — elas são apenas o ponto de partida. O que muda o jogo é a execução, sustentada por uma cultura que valoriza a ação e um time preparado para a velocidade da mudança.

A grande missão de uma liderança transformadora é criar o ambiente e as condições para que essa transformação aconteça todos os dias. Liderar é, acima de tudo, um exercício de presença, atenção e intenção. Trata-se de perceber o que cada pessoa precisa para contribuir com seu melhor, de criar condições para que ideias floresçam e de cultivar um ambiente em que o movimento acontece naturalmente. No mundo corporativo atual, a diferença entre falar e realizar não está nos processos, mas na sensibilidade do líder em potencializar talentos, inspirar confiança e manter o propósito vivo a cada decisão. Essa é a marca de quem transforma não só resultados, mas também pessoas e organizações.