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As marcas e o TikTok Shop: novas estratégias de vendas para um consumidor cada vez mais digital

Por Victor Campos

04/07/2025 12h03

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Lançada oficialmente no Brasil em maio de 2024, a ferramenta transformou o conteúdo em um canal direto de vendas 

A fusão entre o entretenimento, influência digital e compra instantânea deixou de ser somente uma expectativa e passou a ser de fato uma nova tendência de consumo. Esse é o princípio do TikTok Shop, plataforma de social commerce criada em 2021 na Ásia, que vem se expandindo globalmente nos últimos anos. Após conquistar mercados como Reino Unido, Estados Unidos e Indonésia, a funcionalidade chegou ao Brasil em maio de 2024, consolidando-se como um novo território para marcas, criadores e consumidores.

Com mais de 1,6 bilhão de usuários ativos no mundo, sendo 91 milhões só no Brasil, de acordo com dados da DataReportal, o TikTok já é uma das redes sociais mais engajadas do país. O tempo médio de uso diário do app ultrapassa 60 minutos por usuário, superando em 33% o tempo dedicado a outras plataformas. Nesse cenário, o TikTok Shop se apresenta como uma extensão natural da experiência do usuário: a compra acontece na própria interface, sem redirecionamentos ou fricções.

De olho nesse potencial, diversas marcas como a Natura e Gocase já iniciaram seus movimentos para explorar o canal, adaptando estratégias, capacitando criadores e apostando na personalização como chave para a conversão.

Nova dinâmica de consumo: do feed ao checkout em poucos cliques

Para marcas nativas digitais como a Gocase, a presença no TikTok já era consolidada, por meio de influenciadores e campanhas na plataforma. Mas, com a chegada da ferramenta do TikTok Shop, a marca viu uma nova porta se abrir para conquistar públicos ainda não alcançados por outros canais.

“O público do TikTok é jovem, cronicamente online e valoriza a praticidade. A ferramenta oferece uma experiência de compra que começa e termina no mesmo ambiente, o que é extremamente vantajoso”, explica Letícia Louise, supervisora de marketing do GoGroup, grupo de marcas da Gocase.

A marca continua em fase de testes e planejamento, mas as expectativas são altas, principalmente no que diz respeito à taxa de conversão em campanhas com influenciadores. 

“Como o produto está integrado ao vídeo, o conteúdo precisa ser mais direto e centrado no valor da oferta. Já não se trata de vender uma ideia, e sim de apresentar um diferencial que leve à ação imediata”, completa.

O social selling ganha mais uma dimensão.

De acordo com a consultoria Accenture, o mercado global de social commerce deve movimentar mais de US$ 1,2 trilhão até 2025, com consumidores da Geração Z e Millennials liderando essa transformação. No Brasil, onde o comércio digital já representa 17% do varejo total, segundo a ABComm, o TikTok Shop chega como catalisador de uma mudança já em curso: a compra que acontece no mesmo ritmo do conteúdo.

A Natura, referência em vendas por relações e pioneira no social selling no Brasil, enxergou no TikTok Shop uma oportunidade de aprofundar o relacionamento com clientes e potencializar o poder da sua rede de Consultoras de Beleza, que historicamente já atuam como influenciadoras da marca.

“O TikTok Shop fortalece nossa estratégia omnicanal e digitaliza ainda mais nossa rede de consultoras, que são formadoras de opinião nas suas comunidades”, afirma Agenor Leão, vice-presidente de Negócios da Natura e Avon.

Com a participação no piloto do programa TikTok One, a marca capacitou consultoras para atuarem como criadoras de conteúdo e agora expande essa iniciativa no app. A expectativa é que a ferramenta se torne mais uma via de monetização e engajamento, principalmente nas categorias de beleza e cuidados pessoais, nas quais a Natura já lidera na América Latina, segundo o relatório da Euromonitor.

Conteúdo como motor de conversão.

Uma das grandes transformações trazidas pelo TikTok Shop é a forma como o conteúdo deixa de ser apenas informativo ou aspiracional e passa a ser transacional. Com a função de compra integrada, os vídeos passam a ser também vitrines e canais de checkout.

“Antes criávamos conteúdos para levar o público até o site. Agora, a compra acontece ali mesmo. Por isso, cada peça de conteúdo precisa ser construída para destacar um único produto, seus benefícios e a urgência da compra”, explica Let Lou, da Gocase.

A Natura, por sua vez, se apoia na relação de confiança já estabelecida entre suas consultoras e os consumidores. A lógica é simples: se o público já comprava por indicação, agora pode comprar por cliques, mantendo o fator humano como ponto central.

Ainda é cedo para medir, mas o potencial é evidente.

Tanto Gocase quanto Natura ainda não divulgam números oficiais relacionados a ferramenta do TikTok Shop, mas reconhecem que o impacto da ferramenta vai além da venda direta. Trata-se de construir relevância, ampliar presença de marca e ocupar um novo território digital.

“É uma oportunidade para marcas testarem novos formatos, atingirem públicos mais jovens e ganharem em visibilidade e organicidade. Mas também exige cuidado: o mesmo público que pode viralizar um produto também pode cobrar com força se a experiência não for positiva”, alerta Let Lou,

Para as marcas que deseja entrar nesse novo ecossistema, as lições da Natura e Gocase são claras: teste, adapte e conheça profundamente seu público. O feed não é mais apenas lugar de exposição, hoje ele se tornou também um ponto de vendas estratégico, você vai deixar sua marca fora dessa?