Análise

Augusto Bonequeiro construiu um legado de humor e cultura popular no Ceará

Por Redação

04/11/2025 17h57

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Mestre do teatro de bonecos e figura marcante da televisão nordestina, o artista pernambucano radicado em Fortaleza morreu aos 74 anos

Humor, teatro e cultura popular se misturam na trajetória de Augusto Bonequeiro, um artista que fez do riso, da crítica e da arte dos bonecos sua forma de comunicar o mundo. Mestre do improviso e da alegria, ele transformou o palco em espaço de afeto e resistência cultural, encantando plateias por onde passou.

Nesta terça-feira (4), Fortaleza se despediu de Augusto Bonequeiro, que morreu aos 74 anos. A informação foi confirmada pela Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor), que lamentou a perda em nota de pesar.

Natural de Escada, em Pernambuco, Augusto se tornou, com o tempo, um pernambucano de alma cearense. Chegou a Fortaleza na década de 1980, onde fincou raízes e consolidou sua trajetória como um dos nomes mais importantes do teatro de bonecos no país.

Sua história nas artes começou ainda em 1973, no Teatro de Amadores de Pernambuco, e seguiu com a fundação do Teatro Espontâneo do Recife, em 1975. Nos anos seguintes, mergulhou de vez na magia do teatro de bonecos construindo personagens, vozes e mundos.

Em Fortaleza, criou o Grupo Folguedo de Teatro de Bonecos, uma das iniciativas que ajudaram a fortalecer a linguagem dos bonecos no Ceará. Também fundou, em 1987, a Associação Brasileira de Teatro de Bonecos – Núcleo Ceará, e atuou como diretor administrativo do Grupo Bonecos e Mamulengos.

Com mais de quatro décadas de profissão, seu trabalho foi reconhecido oficialmente com o título de Mestre da Cultura do Ceará, homenagem que consagrou uma vida dedicada à criação e ao manuseio dos bonecos.

Mas Augusto não se limitava aos palcos. Ele também brilhou na televisão, levando o humor nordestino para dentro das casas. Dirigiu o Theatro José de Alencar entre 1986 e 1987 e ficou conhecido por programas que marcaram época, como “Bodega do Encrenca”, exibido por 20 anos na TV Jangadeiro (CE), e “A Hora do Chibata”, na TV Tambaú (PB), que ficou no ar por mais de 15 anos.

Nos últimos anos, o artista convivia com o Alzheimer e o Parkinson, vivendo em uma casa de repouso em Fortaleza, acompanhado por familiares e amigos. Recentemente, havia sido hospitalizado.

Entre o riso e a ternura, Augusto Bonequeiro deixa um legado profundo.