A especialista que já integrou a equipe de Ana Couto, uma das maiores consultorias de branding do Brasil, contou qual a estratégia por trás das famosas love brands no primeiro dia de RD Summit 2022
O que faz você consumir uma marca? Muitas vezes, são motivos racionais que induzem a decisão de compra. Necessidade, custo-benefício, reposição, preço, conveniência. Outras tantas vezes, são as emoções que orientam nossas escolhas. Preferências, tendências, recomendação de influenciadores digitais, amor à primeira vista…. Todas essas possibilidades podem estar por trás da sua ação diante de um produto ou serviço. É com esse panorama que Beatriz Guarezi, editora da Bits to Brands, newsletter de conteúdo autoral e curadoria que compartilha tendências de tecnologia e comportamento paras marcas, iniciou a manhã do primeiro dia de RD Summit 2022, no palco principal.
“Estamos sempre buscando razão lógica para as decisões de compra que tomamos, mas é necessário destacar que na maioria das vezes, tomamos decisões emocionais. Isso vale para as grandes decisões da vida, mas também vale para os produtos que a gente compra e as marcas que a gente escolhe”, destaca Beatriz Guarezi.
Marca é valor e significado construído em volta de um produto ou serviço e isso vai bem além de uma relação de compra e venda. Ao final do dia, o profissional de marketing que trabalha o branding de uma empresa deseja despertar o sentimento das pessoas, exatamente aquilo que não tem nenhuma razão lógica, mas que gera conexão. Branding, por sua vez, é o processo constante de construir valor e significado em todos os pontos de contato da marca com um usuário, embutido numa experiência cotidiana. “Toda marca acontece no encontro do amor e do respeito”, reflete a especialista. E o que isso quer dizer?
Brand equity, brand Awareness, engajamento, senso de comunidade, propósito e todos os atributos intangíveis de uma marca demarca a linha do que é passional, enquanto necessidade, relevância e funcionalidade de um produto ou serviço orientam a linha do respeito, que representa o viés racional da decisão de compra. Nem sempre esses eixos se cruzam ou estão na mesma proporção; é quando conseguimos diferenciar as love brands.
“Há produtos com papel muito claro nas nossas vidas. Eles atendem uma necessidade, têm uma utilidade e funcionalidade incontestável e comprovam isso na entrega. Mas para chegar no âmbito do emocional, essas marcas precisam adotar estratégias de branding que desperte conexão com o consumidor. Não são produtos de marcas que eu ou você defenderíamos ou comentaria numa mesa de bar. Não são marcas que estão estampadas em uma camiseta porque diz algo positivo sobre mim. Um exemplo disso é a Meta. A estratégia dessa bigtech, por exemplo, é totalmente voltada para a dominação de mercado e entrega de todas as soluções possíveis quando o assunto é rede social. A Meta entrega aquilo que se propõem a fazer enquanto marca, mas não desperta o vínculo afetivo dos usuários, apesar de utilizamos as plataformas todos os dias. Há também aquelas marcas que são tão emocionais que correm o risco de esquecer da sua funcionalidade. Um exemplo claro de marca que já nasceu nesse ecossistema de afeto é o Tik Tok. Aquilo que não foi bem compreendido inicialmente agora é uma das maiores plataformas de rede social do mundo pelo o que está promovendo em termos de conexão e experiência do usuário. Mas para seguir forte, o Tik Tok segue construindo reputação para mostrar seu valor e não cair no esquecimento do hype, da febre do momento, mas ser de fato uma plataforma que dê resultado na estratégia de marketing digital dos negócios”, explica Beatriz Guarezi.
Para buscar o equilíbrio entre o amor e respeito das marcas, a especialista destaca quatro etapas para fortalecer o branding:
1) Construir comunidade: vá além do próprio produto, seja ponte entre as pessoas e as conecte por um motivo que vai além da sua marca;
2) Criar conteúdo: seja fluente no idioma das pessoas e das redes;
3) Assumir um compromisso: seja comprometida com os valores do seu público e da sociedade. Compreenda seu propósito de ser;
4) Despertar conexão: as marcas que nós amamos despertam paixões. Para isso, utilize identificação (retrate seu produto de forma real para pessoas reais), ritualização (transcender hábitos e compartilhar momentos especiais) e conforto (perseguir memórias afetivas para criar vínculos no presente)
Beatriz concede entrevista exclusiva para o Nosso Meio TV:
Beatriz Guarezi é gerente de marca, criadora de conteúdo, professora e palestrante. Habita o universo das marcas desde 2013, através de estratégia, pesquisa e conteúdo. Tem sólida experiência como estrategista após dois anos na Ana Couto, uma das maiores consultorias de branding do Brasil, e como gerente de marca na Liv Up, uma das 10 Top Startups de 2021 segundo o LinkedIn. Desde 2018, escreve uma newsletter semanal, mapeia tendências e fortalece uma comunidade de mais de 20 mil profissionais na Bits to Brands. É professora na Tera, PM3 e Alura, e reconhecida entre os top 10% palestrantes do RD Summit 2019, maior evento de marketing digital da América Latina.
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