O diretor da G Marketing analisa a repercussão negativa do posicionamento
Quanto custa o posicionamento da sua marca? Para o Bradesco, valeu uma saia justa e o cancelamento de operações financeiras. Um filme direcionado para campanha de fim de ano nas redes sociais gerou repúdio das entidades do agronegócio, setor parceiro do sistema bancário.
Com o mote sobre consumo sustentável, a peça ofertava um aplicativo para que o cliente pudesse calcular a sua própria emissão de carbono, sugerindo a redução do consumo de carne. O filme traz três influenciadoras dando dicas sobre atitudes sustentáveis para os consumidores. “A criação de gado contribui para a emissão dos gases de efeito estufa, então, que tal a gente reduzir o nosso consumo de carne e escolher um prato vegetariano na segunda-feira.”, convida uma das influencers.
A campanha já está fora do ar. Em nota, na segunda-feira (24), o Bradesco afirmou que a posição do filme não representa a visão do banco. “Pelo contrário. O Bradesco acredita e promove, direta e indiretamente, a pecuária brasileira e, por conseguinte, o consumo de carne de origem animal”. O texto é assinado pelo CEO do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior.
Polêmicas e posicionamento
Não é a primeira polêmica envolvendo uma grande marca com o agronegócio. Em março deste ano, pecuaristas pediram um boicote à cerveja Heineken por conta de uma postagem que associava uma vida “mais verde” à redução do consumo de carne. A postagem, motivada pela celebração do “Dia Mundial sem Carne”, levou representantes da pecuária a divulgarem uma iniciativa nas redes sociais, que chamaram de “Churrasco sem Heineken”.
Engajamento a todo custo
Os executivos de marketing e publicitários têm, diariamente, grandes desafios em mãos. Um deles, é a análise estratégica sobre o posicionamento das marcas diante de temas de relevância social. Nem todos os assuntos são coerentes com a essência das empresas. O diretor da G Marketing, Carlos Gama, ressalta:
“Kloter lançou o Marketing 5.0 como uma perspectiva de futuro e de evolução, mas o mundo ainda é 2.0. Não é toda marca que pode alçar esse patamar. O que percebo é que os projetos de branding estão, em muitos casos, desalinhados com a realidade da marca. A marca tem que ter conceito, propósito, essência e a comunicação precisa dialogar com esses valores. Isso significa se afastar de modismos de comportamento que servem para qualquer um. Causas que não são o diferencial da sua marca não vão agregar na sua imagem”.
Segue vídeo patrocinado e excluído pelo Bradesco que associa pecuária à destruição ambiental:
Leia na íntegra a carta aberta ao agronegócio: