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Brasil está longe de alcançar metas de igualdade de gênero para 2030

Por Redação

07/03/2022 15h00

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Na semana do Dia Internacional da Mulher, Índice de Gênero dos ODS 2022 mostra que país não fez progressos significativos nos últimos anos. Pesquisa Por Ser Menina, da ONG Plan International Brasil, aprofunda a compreensão sobre o impacto que as desigualdades causam

 

Acaba de ser lançado o Índice de Gênero dos ODS 2022, desenvolvido pela Equal Measures 2030, um relatório global que avalia a evolução dos países em metas e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para a agenda 2030 da ONU. A ONG Plan International Brasil e outras organizações formam um grupo de Parceiros de Conselho. O Índice soa um alarme sobre a igualdade de gênero: o progresso no mundo todo tem sido lento e, na melhor das hipóteses, marginal nos últimos cinco anos. No ritmo atual, o prazo de 2030 para alcançar a igualdade de gênero não será cumprido.

A pandemia de COVID-19 expôs ainda mais as profundas falhas na desigualdade de gênero, que intensificaram o impacto da pandemia em meninas e mulheres. Menos de um quarto dos países está fazendo progressos considerados rápidos em direção à igualdade de gênero, e um em cada três países não está fazendo nenhum progresso ou está se movendo na direção errada. O Brasil ocupa a 78ª posição no ranking, com uma pontuação de 66,4, atrás de vizinhos como Uruguai (31º), Argentina (44º), Chile (49º) e Paraguai (74º).

O Índice abrange 56 indicadores-chave em 14 dos 17 ODS e consolida dados de 144 países. Desses, 135 têm estatísticas de pelo menos dois anos, o que possibilita acompanhar o progresso entre 2015 e 2020. O Índice cobre 98% das meninas e mulheres do mundo e confirma que ‘voltar ao normal’ em um cenário pós-pandemia não é ambicioso o suficiente, já que o ‘normal’ antes da COVID-19 não estava conseguindo progresso na escala, no ritmo e na intensidade necessários para uma igualdade de gênero sustentável.

Este relatório estabelece um roteiro para mudanças que podem aliviar o impacto de longo prazo da pandemia em meninas e mulheres – e, portanto, no desenvolvimento socioeconômico – e revigorar a busca por mudanças sustentáveis. Ao mostrar onde o progresso está acontecendo (e onde não está), o Índice visa impulsionar ações sobre a igualdade de gênero, de modo que o estímulo em direção à igualdade se torne resiliente, sustentável e, em última análise, imparável.

“Se quisermos alcançar a igualdade de gênero e as metas estabelecidas nos ODS, é vital que possamos identificar os maiores desafios enfrentados por meninas e mulheres em todo o mundo e acompanhar o progresso”, afirma Stephen Omollo, CEO da ONG Plan International. “O Índice de Gênero dos ODS nos permite fazer isso. Também nos adverte sobre como o progresso é frágil em momentos de crise. Para evitar mais retrocessos, em uma situação já grave, é necessária uma ação urgente de ‘transformação de gênero’ pelos líderes mundiais para garantir um progresso sustentável dos direitos das meninas e das mulheres”, complementa.

Por Ser Menina

A pesquisa Por Ser Menina no Brasil, lançada recentemente pela Plan International Brasil, traz um olhar sobre a vida das meninas e as diferenças de gênero dentro de casa, na escola, on-line, na rua e na sociedade como um todo, aprofundando a compreensão sobre o impacto que essas desigualdades causam. O estudo ouviu 2.589 participantes de 14 a 19 anos em dez cidades das cinco regiões brasileiras.

A pesquisa revela que a percepção das jovens sobre o que é ser menina é influenciada por seu contexto de interações e sua rede de cuidados. Os desafios variam, mas permanecem, em todos os seus ambientes de interação: em casa, na escola, na rua, na internet e na sua comunidade. Mas não é fácil ser menina: 69,4% delas revelaram sentirem seus direitos desrespeitados por serem meninas/mulheres. “Sabemos o quão relevante é traduzirmos em dados o que acontece com as meninas para que possamos engajar mais atores na transformação da sociedade que vivemos”, afirma Cynthia Betti, diretora executiva da Plan International Brasil.

Os modelos sociais existentes ainda reforçam desigualdades de gênero e atrapalham o pleno desenvolvimento das meninas. Dentro de casa, elas ainda realizam o dobro de trabalhos domésticos que os meninos (67,2% das meninas contra 31,9% dos meninos), o que valida a tese de que as meninas são precocemente responsabilizadas pelo cuidado com o lar e com as pessoas.