Por Anne Brasileiro, mercadóloga e sócia da TRIUNI GROUP
O marketing virou sinônimo de mentira. Ou, pelo menos, é assim que tem soado para uma parte cada vez mais consciente dos consumidores. Em meio a discursos ensaiados, promessas milagrosas e conteúdos plastificados, o que deveria aproximar marcas de pessoas tem, em muitos casos, causado o efeito oposto.
Na tentativa de agradar o algoritmo, marcas pessoais e empresas vêm perdendo sua essência. A busca incessante por atenção nas redes sociais transformou o conteúdo em um produto descartável. A autenticidade, aquela que não se fabrica em massa, virou artigo de luxo.
Vivemos uma era de excessos: informação demais, estímulos demais, conteúdo demais. E, ao mesmo tempo, uma era de escassez: escassez de verdade, de conexão real, de humanidade. Nesse cenário contraditório, o público se mostra cada vez mais exigente, faminto por novidade e intolerante à repetição de fórmulas que “já deram certo”. O que viraliza hoje, amanhã já está velho. O que encanta em um vídeo, cansa no próximo.
E é aí que nasce o paradoxo de quem trabalha com comunicação: como ser original num mundo que já falou tudo?
A resposta pode parecer simples, mas é profunda: contando histórias com verdade. O storytelling, que alguns ainda tratam como uma técnica de marketing, precisa ser resgatado como aquilo que ele é, na sua essência: uma ponte de conexão entre seres humanos. Toda marca tem uma história. Toda marca carrega uma jornada, uma motivação, uma razão de existir. E é dessa essência que nasce a diferenciação.
Não se trata mais de criar personagens perfeitos e narrativas impecáveis. O que o público quer ver são marcas com alma. Marcas que erram, aprendem, evoluem. Marcas que, embora tenham um fundador, não estão presas a ele. Marcas com identidade própria, propósito claro, bandeiras autênticas. Marcas que não performam humanidade, mas vivem com humanidade.
Para isso, o branding precisa ser mais do que estética. Precisa ser estratégico, vivo e alinhado com a alma do negócio. A humanização das marcas não pode ser apenas um post com legenda “fofa” e foto espontânea. Precisa ser uma construção profunda, feita com intenção, consistência e, acima de tudo, verdade.
