Dados estão no recorte setorial da 28ª Global CEO Survey, pesquisa que ouviu mais de 4,7 mil líderes em mais de 100 países, incluindo o Brasil
Parte dos CEOs de empresas de Serviços Financeiros está atenta e suas organizações avançam rapidamente para explorar o potencial de crescimento e geração de valor das forças que definem o momento atual. Entre elas está o desafio de atuar para aproveitar as oportunidades e enfrentar as ameaças trazidas pelas mudanças climáticas, investir em em inteligência artificial generativa e reinventar suas operações e modelos de negócios para gerar mais valor, inovação e sustentabilidade. Este é um dos destaques do recorte setorial da 28ª Global CEO Survey, pesquisa da PwC, estudo que ouviu mais de 4,7 mil líderes empresariais em mais de 100 países, incluindo o Brasil.
Neste setor, a pesquisa destaca que o equilíbrio entre inovação e confiança é essencial para as empresas fortalecerem sua posição no mercado. Isso inclui gerenciar riscos cibernéticos, adaptar-se às transformações digitais e buscar novas oportunidades de crescimento, garantindo competitividade nos cenários local e global.
Neste contexto, 65% dos líderes do setor projetam uma aceleração da economia local nos próximos 12 meses. O otimismo está acima dos 60% registrados na pesquisa do ano passado. Além disso, houve um aumento em relação à percepção de viabilidade das empresas. Neste ano, 38% dos CEOs de Serviços Financeiros disseram que as suas empresas não seriam viáveis nos próximos dez anos se não se reinventarem, um percentual abaixo dos 51% registrado em 2024.
Isso porque a busca pela reinvenção já começou neste setor. Entre os líderes brasileiros do setor, 38% afirmam ter realizado parcerias com outras organizações, um resultado 8 pontos percentuais acima da média global do setor (30%). Além disso, 68% dos CEOs do setor no Brasil planejam investir na integração da IA com plataformas tecnológicas. Um percentual em alinhamento com a média nacional de 69%.
Entre as principais ações de reinvenção dos CEOs nos últimos cinco anos, a opção mais apontada foi a busca por uma nova base de clientes, com 68%, seguido do desenvolvimento de novos produtos ou serviços inovadores, com 49%. O investimento em novas estratégias de crescimento foi apontado como uma das ações por 38% dos líderes. Todas estas ações aparecem no setor com porcentagens acima da média brasileira entre todos os setores.
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“O setor de Serviços Financeiros no Brasil é inovador por vocação. Podemos observar a evolução no uso de IA Generativa, que é uma tecnologia recente, além do rápido amadurecimento de fintechs no Brasil, empresas mais enxutas e ágeis por natureza, que contribuíram para acelerar o desenvolvimento do setor como um todo”, comenta Lindomar Schmoller, sócio e líder da indústria de serviços financeiros na PwC Brasil.
No Índice Transformação Digital Brasil (ITDBr) de 2024, estudo da PwC Brasil em parceria com a Fundação Dom Cabral, Serviços Financeiros aparece como o setor com o maior grau de maturidade na transformação digital – nota 4,3 enquanto a média nacional foi de 3,7 em uma escala de 1 a 6.
A 28ª CEO Survey confirma esta tendência. O recorte setorial mostra que 62% dos líderes revelam que as suas empresas começaram a competir em pelo menos um novo setor nos últimos cinco anos – em contraste com 45% na média geral de todos os setores no país. Essa expansão inclui áreas como tecnologia, com investimentos em canais digitais e inteligência artificial.
Expectativa com a genAI
Dois anos após a Inteligência Artificial (IA) generativa, ou genAI, surgir no radar dos executivos, as empresas de Serviços Financeiros já adotam essa tecnologia em maior escala. No Brasil, 59% dos líderes do setor dizem que a IA generativa resultou em ganhos de eficiência tanto no uso do tempo dos funcionários, mais que a média geral do país (52%), quanto no aumento na receita, indicada por 38% dos executivos (34% na média brasileira).
“Em comparação com o que se imaginava há um ano, a tecnologia ainda não alcançou os resultados esperados, mas já observamos resultados positivos”, avalia Lindomar Schmoller. Em serviços financeiros, 71% dos líderes ainda esperam um aumento de lucratividade a partir do impacto da IA generativa, porcentagem idêntica ao recorte da indústria em 2024.
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Em relação ao futuro, os CEOs do setor de serviços financeiros, tanto no Brasil como no mundo, indicam que sua maior prioridade nos próximos três anos envolve integrar a IA (incluindo a generativa) em plataformas tecnológicas (68% e 49%, respectivamente). O resultado do setor no Brasil está alinhado com a média de todas as indústrias no país (69%).
Confiança na economia
Os CEOs de serviços financeiros do Brasil também estão confiantes com a economia global e do Brasil. Um retrato disso é que 65% dos líderes do setor projetam uma aceleração da economia global nos próximos 12 meses, acima dos 37% registrados em 2024. O percentual está um pouco abaixo da média nacional, de 68%, mas acima da média mundial, de 58%.
Há também otimismo entre os líderes brasileiros do setor em relação ao crescimento da economia local. A expectativa de aceleração da economia no próprio país é expressa por 65% dos entrevistados (eram 60% em 2024). No Brasil como um todo, essa expectativa é de 73%.
Em mais um dado positivo, 62% dos entrevistados no setor disseram que planejam ampliar o quadro de funcionários no próximo ano, enquanto apenas 9% pretendem reduzir. O resultado está acima da média geral do Brasil, em que 53% das empresas planejam expandir suas equipes, enquanto 14% preveem cortes.
O grau de confiança no crescimento, em 12 meses, da receita das empresas que lideram aumentou em relação ao ano anterior, acompanhando a tendência global do setor e a média geral de todas as indústrias ao redor do mundo. De forma inversa, a média nacional registrou uma queda no mesmo indicador.
Cibersegurança e demais ameaças
Otimistas no curto prazo, os CEOs de Serviços Financeiros no Brasil apontam os riscos cibernéticos como a principal ameaça (43%) para os negócios, em maior nível do que nos demais recortes – a média geral dos CEOs nacionais (26%), a global (24%) e a dos líderes de Serviços Financeiros no mundo (31%). O resultado evidencia uma preocupação constante do setor no Brasil – no ano passado essa também foi apontada como a principal ameaça, com os mesmos 43%.
A instabilidade econômica também preocupa uma parcela maior de CEOs de serviços financeiros brasileiros do que a média nacional – 32% ante 27% –, assim como a disrupção tecnológica (27% ante 24%). Por outro lado, os executivos do setor de serviços financeiros brasileiros se sentem menos ameaçados em relação à disponibilidade de mão de obra qualificada na comparação com a média do país – 24% ante 30%.
A visão para os próximos anos reflete a necessidade de garantir a viabilidade das empresas diante de mudanças globais, como a digitalização acelerada e o surgimento de novos players, vindos de setores adjacentes como tecnologia e varejo. Esses fatores destacam a importância de diversificação, inovação estratégica e fortalecimento da confiança para manter a competitividade.
“A capacidade de adotar tecnologias disruptivas, como a inteligência artificial, de capacitar a força de trabalho para novas habilidades e de estabelecer parcerias eficazes será crucial para assegurar a relevância e o crescimento do setor financeiro em um cenário global que não para de evoluir”, completa Lindomar Schmoller.