Sim, eu sei… às vezes parece perda de tempo. Outras, soa até cansativo. Mas dizer o óbvio, por mais estranho que pareça, é muitas vezes necessário. Pode parecer esforço à toa, mas é justamente esse esforço que gera clareza, evita ruídos e traz ganhos concretos.
Independentemente da sua posição na organização, seja claro. Exercite a comunicação empática. Fale, mesmo que ache que o outro já sabe. Reforce. Valorize. Porque o óbvio é relativo. O que é evidente para você pode ser novidade para o outro. Cada pessoa enxerga o mundo a partir de vivências e repertórios únicos. E é aí que mora o risco de não dizer.
Eu gosto muito desse tema. Ele me persegue, no bom sentido. Sempre que algo insiste em se repetir, encaro como um sinal: tem aprendizado aí. E é isso que compartilho com você hoje.
Lembro de uma aula de filosofia na graduação. A professora entrou na sala com a proposta de discutir o óbvio. Confesso que, de cara, achei simplório demais pra uma aula de filosofia. Mas eu estava enganada. Aquele encontro me marcou. Desde então, toda vez que me arrependo de não ter dito algo óbvio, lembro-me daquela aula.
E, tempos depois, fazendo consultoria com um parceiro, que aprendi mais uma lição sobre isso. “Cocada de coco”. Pois é. Óbvio, né? Mas foi com esse jargão divertido e direto que meu amigo Bosco Couto me fez valorizar ainda mais esse ponto. Ele usava a expressão para lembrar aos clientes que é preciso dizer o que parece óbvio. Sempre. E toda vez que ele dizia isso, lá estava eu, de novo, lembrando da minha aula de filosofia e do erro recorrente de supor que o outro já sabe.
Essa semana mesmo, em reunião com um cliente, ele desabafou incomodado por ter que explicar algo “óbvio” para uma funcionária. Olhei pra ele, sorri e disse:
– Cocada de coco.
E emendei com um verdadeiro manifesto em defesa do óbvio. Hoje, acredite, nesse mundo tão complexo e ambíguo, precisamos levantar mesmo a bandeira do “óbvio” ou, se preferir, da “cocada de coco”.
