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Consumo verde

Por Academia & Mercado

01/09/2021 11h00

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Um dos grandes questionamentos na atualidade, e também uma das grandes preocupações de tamanha urgência para o mundo, é o cuidado que se deve ter em relação ao meio ambiente. No dia 9 de agosto de 2021 a ONU declarou que os ataques ao meio ambiente, cujas consequências vêm provocando desastres e infortúnios ao planeta, estão prestes a se tornarem irreversíveis. O Acordo de Paris, firmado por 196 países, na Conferência do Clima das partes da ONU – COP21 –, em 2015, prevê que as nações envidem esforços para conter o aquecimento global com a redução das emissões dos gases de efeito estufa, implantando uma meta de aumento da temperatura do planeta em no máximo 1,5ºC até 2100.

 

O consumidor, tampouco, poderia ficar alheio a essas preocupações, pois, afinal de contas, é o ser humano e sua relação com a natureza que está em jogo. É a sua própria sobrevivência. As empresas, por sua vez, têm por obrigação cuidar com tamanho ou maior zelo do meio ambiente. Por isso é imperativo que elas ajam de maneira correta e ética tanto na produção quanto na divulgação de seus produtos. É lícito que se utilizem do marketing para atrelar a imagem da própria empresa às causas, às práticas e aos discursos “verdes”, de “amigas da natureza”. Entretanto, é forçoso que se fique atento às empresas que se escondem na prática de Greenwashing, ou, numa tradução livre: “maquiagem verde”, que se caracteriza por promover campanhas publicitárias criando uma falsa aparência de que a empresa é amiga da natureza (eco-friendly), levando o consumidor ao erro quando compra o produto ou serviço na crença de que está contribuindo com causas ambientais.

 

O IDEC – Instituro Brasileiro de Defesa do Consumidor – publicou em junho de 2019, um informativo chamado Mentira Verde, outra alusão à Greenwashing, em que mostra a prática desta estratégia em produtos de higiene, limpeza e utilidades domésticas no nosso mercado e suas relações com os consumidores. Ainda, segundo o IDEC, vem-se notando nos últimos anos o aumento da preferência do consumidor em adquirir produtos cujas marcas prometem seu comprometimento com as causas ambientais.

 

É importante que se traga mais luz a discussões dessa natureza e que os consumidores fiquem atentos àquilo que está anunciado nos rótulos, nas embalagens como as frases de efeito: “amigos da natureza”, “sustentável”, observando sempre se portam selos de certificações já consagrados, tais como o Cerflor (INMETRO), Selo Verde (ABNT), para ficarmos somente com dois exemplos de certificações nacionais. A credibilidade no e do produto ou serviço vai agir diretamente, e isso não é novidade, na atitude de compra e de fidelidade de uma marca. A transparência e honestidade das informações se refletem no respeito ao consumidor e, nesse caso, ao meio ambiente. Mas as preocupações com a natureza devem ser tarefa diária de todas e de todos nós e, sobretudo, dos profissionais de comunicação e marketing, que precisam ser sempre cautelosos e cuidadosos orientando seus clientes quanto aos cuidados com o nosso planeta. Evitar a prática de Greenwashing é contribuir para um consumo mais sustentável, para um mundo mais saudável.

 

Roberto Chiachiri

Professor titular e pesquisador da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), onde é líder do Grupo de pesquisa Semio Humanitas. É pós-doutor pela Universidade de Paris 1 – Sorbonne, Doutor e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUCSP. Diretor, no Brasil, da Cátedra UNESCO / UMESP de Comunicação para o desenvolvimento regional. Membro da: Associação Internacional de Semiótica (delegado Brasil), Federação Latino-americana de semiótica, Associação Brasileira de Semiótica, Associação Francesa de semiótica e Associação Internacional de Semiótica Visual. Representante no Brasil da revista científica Hermès la Revue do CNRS-França. Professor convidado na Universidade Europeia – Lisboa – e da Sorbonne Paris 1.

Clotilde Perez
Professora universitária, pesquisadora e consultora
Clotilde Perez é professora universitária, pesquisadora, consultora e colunista brasileira, titular de semiótica e publicidade da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo, concentrando seus estudos nas áreas da semiótica, comunicação, consumo e sociedade contemporânea. Fundadora da Casa Semio, primeiro e único instituto de pesquisa de mercado voltado à semiótica no Brasil, já tendo prestado consultoria nessa área para grandes empresas nacionais e internacionais, conjugando o pensamento científico às práticas de mercado. Apresenta palestras e seminários no Brasil e no mundo sobre semiótica, suas aplicações no mercado e diversos recortes temáticos em uma perspectiva latino-americana e brasileira em diálogo com os grandes movimentos globais.