O lugar dos estudos no futuro do mercado, hoje

Por Redação

04/01/2024 15h58

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O consumo não é moldado apenas pela produção e oferta diversificada, atraente e inovadora de produtos e serviços. Pelo contrário, o consumidor desempenha, cada vez mais, papel ativo e relevante nas decisões sobre o que, quando, como e onde produzir e entregar não apenas produtos e serviços, mas também processos e experiências.

Manter-se competitivo e atraente nesse mercado exige a atualização permanente sobre as mudanças e oscilações nos gostos e preferências dos consumidores, que, por sua vez, se expressam continuamente em novas ondas, modas e tendências, que se alternam, se anulam, se sobrepõem.

Nesse contexto, empresas líderes em diferentes segmentos do mercado já estão conscientes – e muitas delas efetivamente operantes -, da imperiosa necessidade de implantação de novas culturas internas de inovação baseada em metodologias cocriativas, participativas e com visão futurista do mundo, as quais aplicam e desenvolvem em conjunto com seus clientes, colaborados, gestores e parceiros.

Entre os principais desafios para os profissionais, prestadores de serviços e empresas contemporâneas manterem-se inovadoras e competitivas está o desenvolvimento de competências para identificar e mapear tendências futuras, com base em ferramentas técnicas e científicas e no estudo e compreensão profundos do comportamento humano, a fim de prospectar cenários para os seus negócios e consolidar a liderança em ambientes complexos e pouco controláveis.

O planejamento estratégico das corporações baseado apenas em dados do passado (desempenho empresarial, ferramentas de CRM, dados históricos de vendas e outros afins), bem como do presente (pesquisa de mercado, análise de conjuntura) não sustentam mais, per se, o posicionamento empresarial competitivo e seguro. Para liderar, ou manter-se líder, é preciso inovar em linhas afinadas com o espírito do tempo (zeitgeist) e com o olhar solidamente construído em relação às possibilidades desveladas pela prospecção do futuro.

Por um lado, a ciência e a técnica, oferecem cada vez mais ferramentas, métodos, abordagens e perspectivas de coleta, mineração, análise e interpretação de dados em larga escala (big data). Por outro, consumidores-produtores de conteúdo sustentam e alimentam mananciais inesgotáveis de dados e informações sobre si mesmos, sobre o mundo, a natureza, os outros, empresas, serviços e experiências, que transformam as redes sociais online e a própria internet em ambientes absolutamente obrigatórios de pesquisa, atualização e prospecção de mudanças comportamentais.

Tudo isso configura um novo modo de pensar a inovação, envolvendo um olhar atento e sempre renovado sobre o mundo em constante mutação, onde os pontos finais são instantaneamente substituídos pelos três pontos da continuidade interminável.

Longe de desenhar um desafio por demais amedrontador e insuperável, o novo contexto da vida empresarial conduz à estimulante necessidade da implantação e gestão de ambientes múltiplos, diversos, cocriativos, informativos, colaborativos e amigáveis entre humanos e não humanos, de onde podem surgir experiências e resultados não apenas incrementais, mas principalmente regenerativos da melhor faceta da experiência humana no mundo, em sua inadiável integração com a saúde planetária.

Afinal, o melhor futuro que se pode prever é aquele que se pode construir.

Sobre o autor:

Antonio Hélio Junqueira

Doutor em Ciências da Comunicação (ECA/USP), com pós-doutorado e mestrado em Comunicação e Práticas de Consumo (ESPM/SP) e pós-doutorado em Gestão da Informação (PPGGI/UFPR). Pesquisador e consultor de empresas em Inteligência de Mercado, Estudos do Consumo, Tendências e Marketing pela Junqueira e Peetz Consultores.

Coluna Academia e Mercado por:

Clotilde Perez
Professora universitária, pesquisadora e consultora
Clotilde Perez é professora universitária, pesquisadora, consultora e colunista brasileira, titular de semiótica e publicidade da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo, concentrando seus estudos nas áreas da semiótica, comunicação, consumo e sociedade contemporânea. Fundadora da Casa Semio, primeiro e único instituto de pesquisa de mercado voltado à semiótica no Brasil, já tendo prestado consultoria nessa área para grandes empresas nacionais e internacionais, conjugando o pensamento científico às práticas de mercado. Apresenta palestras e seminários no Brasil e no mundo sobre semiótica, suas aplicações no mercado e diversos recortes temáticos em uma perspectiva latino-americana e brasileira em diálogo com os grandes movimentos globais.