Pink Tax: Mais um custo de ser mulher

Por Redação

12/03/2025 09h33

Compartilhe
  • Whatsapp
  • Facebook
  • Linkedin

Pink Tax, ou simplesmente Taxa Rosa, é o adicional de preço cobrado por produtos destinados às mulheres. Trata-se de um valor efetivamente superior, mas que não é de fato assumido desta maneira pela indústria. Os produtos são semelhantes, mas se há uma mínima referência ao público feminino – o mais clássico é o uso reiterado da cor rosa em diferentes tons – eles são mais caros.

Os exemplos vão do aparelho de depilação descartável nas versões azul e rosa (na cor rosa, sempre mais caro), aos eletrodomésticos (se revestidos na cor rosa ou com estampas florais, também terão preços superiores), brinquedos (bicicletas cor de rosa são mais caras que suas semelhantes na cor azul, verde, cinza etc).

Trata-se de um oportunismo ganancioso do mercado que reforça estereótipos, uma vez que aumentam as despesas de consumo das mulheres (ou para as mulheres), reiterando a máxima nefasta do “feminino dispendioso”.

Uma alternativa ao combate dessas práticas é a conscientização das mulheres e de todos, com consequente pressão nas empresas que praticam essa taxação dissimulada.

Outra opção menos interessantes são os produtos genderless. No entanto, as mulheres não podem ser punidas por exercerem sua feminilidade por meio da cultura material de consumo – não comprar produtos “femininos” (identificados pelo signo cromático rosa ou não) não é uma opção razoável. Nestes casos, a mulher teria que se desprender do seu gênero para não ser não onerada (se for sua opção, ok, mas se não for é uma agressão). Os produtos sem gênero têm efeitos práticos, mas a conduta é inibitória para as mulheres que querem produtos “mais femininos”.

São muitas as lutas e algumas conquistas. Esta certamente ainda precisa ser travada e superada.

Clotilde Perez
Professora universitária, pesquisadora e consultora
Clotilde Perez é professora universitária, pesquisadora, consultora e colunista brasileira, titular de semiótica e publicidade da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo, concentrando seus estudos nas áreas da semiótica, comunicação, consumo e sociedade contemporânea. Fundadora da Casa Semio, primeiro e único instituto de pesquisa de mercado voltado à semiótica no Brasil, já tendo prestado consultoria nessa área para grandes empresas nacionais e internacionais, conjugando o pensamento científico às práticas de mercado. Apresenta palestras e seminários no Brasil e no mundo sobre semiótica, suas aplicações no mercado e diversos recortes temáticos em uma perspectiva latino-americana e brasileira em diálogo com os grandes movimentos globais.