Estamos nos aproximando do final de ano e com isso o próprio clima organizacional vai ganhando uma nova cara, com as decorações de fim de ano, organização de confraternizações, amigos secretos e coisas do tipo, mas para além do tradicional é uma época de muita reflexão também. É o momento de avaliar os resultados do ano que está acabando e de planejar o ano que se aproxima e como isso impacta no meu time? É sobre o fechamento de ciclos do final do ano e os seus impactos que iremos conversar hoje na nossa coluna.
A “Dezembrite” ou Síndrome do final do ano é um fenômeno relacionado ao aumento dos casos de ansiedade e depressão que acontecem do fim de novembro até o último dia de dezembro. Sintomas como: Pânico, insônia, falta de energia e de tempo, fadiga da decisão tendem a ter uma maior frequência nessa época do ano e deve sim ser um ponto de atenção dentro das nossas equipes.
Mas o que causa esse fenômeno?
Como sabemos, o final do ano é um momento de muita pressão, não só no âmbito profissional, mas também no pessoal. Além de alinhar as últimas entregas do ano e bater as metas anuais estipuladas, existem uma série de obrigações sociais que podem ser pontos de gatilhos muito fortes nos colaboradores. As reuniões familiares, as compras dos presentes, as viagens são exemplos de preocupações extras que entram nesse período, além de possíveis endividamentos que essas questões trazem consigo. Ou seja, é adicionado a esse sujeito um grande estresse que pode impactar de uma maneira significativa a sua saúde mental.
No âmbito profissional paira sobre o clima também uma certa insegurança comum ao período, pois como já dito, é um tempo de reflexão, de reorganização, planejamento e isso querendo ou não gera uma certa tensão principalmente se o colaborador achar que não teve um bom rendimento. A autocobrança excessiva também pode ser um contribuidor para a escalada dessa tensão. Essa rigidez consigo mesmo em boa parte das vezes está ligada com expectativas irreais não realizadas, causando uma certa sensação de fracasso e com ela vem a ansiedade, a tristeza e outros sintomas.
Diante disso, o que podemos fazer para evitar a “dezembrite” ou atenuar os seus efeitos?
O primeiro passo já foi dado com a leitura desta coluna, que é entender e saber que existe o fenômeno. Com isso algumas ações podem ser tomadas como por exemplo o próprio olhar para o time. Ao perceber o surgimentos de alguns sintomas em alguns colaboradores pode-se montar estratégias e ações como por exemplo uma maior aproximação da liderança com feedbacks com escuta qualificada, ações que produzam um clima de segurança emocional e principalmente o uso da comunicação não violenta na entrega dos resultados e alinhamentos de fechamento. Favorecer materiais e formações sobre saúde financeira, planejamento estratégico e até mesmo o serviço de saúde mental também são extremamente agregadores.
O final de ano é um período de muitas nuances e muitas delas são boas, aproveitar o que esse período traz de bom também é fundamental para introduzir um bom ambiente e favorecer o que ele propõe que é comemorar o que foi feito de bom, claro que precisamos refletir sobre os pontos de melhoria, mas o façamos também com doses de otimismo e realismo. O final do ano não precisa ser um vulcão de emoções ruins, fiquemos atentos para deixarmos que isso não ocorra.
Robert Saraiva
Psicólogo. CRP 11/17020