Eu cuido, tu cuidas, ele cuida, nós cuidamos ! Essa conjugação deveria ser prática constante e habitual no nosso dia a dia. Eu cuido de mim e de você, tu cuidas de ti e de mim e nós nos cuidamos. A Amar.elo traz como principal pauta para a campanha do Setembro Amar.elo a responsabilização da vida, minha e do outro, afinal, também somos responsáveis pelo outro.
Mas, antes, vou tentar te exemplicar o histórico da campanha: para você que ainda não conhece, a campanha do Setembro Amarelo surgiu nos Estados Unidos em virtude de um fatídico acontecimento com um jovem acometido pelo suicídio, o mesmo tinha apreço por carros e o seu favorito era uma determinada marca da cor AMARELA. Em seu velório, familiares e amigos resolveram prestar-lhe uma homenagem entregando laços amarelos com frases de ajuda. O evento logo virou símbolo de manifestação e mobilização a favor da vida.
Sabemos que os números de mortes por suicídio no país na atualidade são eminentemente altos e crescentes e isso é motivo de preocupação, não só para o poder público, mas também para nós, pois fazemos parte do todo e temos parcelas de responsabilzação nisso. A nível mundial, o Brasil, hoje, é o país mais ansioso do mundo, isso diz muita coisa, aproveito e te faço um questionamento: Qual sua responsabilidade na preservação da vida do outro? Eu respondo. Toda! Somos responsáveis por nós e pelo outro. Adoecemos e nos curamos através das relações. O quanto nós estamos cuidando da gente e do outro? Essas relações se inflamam cada vez mais quando dedicamos nossa vida em grande maioria ao trabalho, passando grande parte dela dentro de um escritório, um supermercado, uma loja, um hospital etc.
É importante saber identificar a dor e procurar ajuda, selecionar sua rede de apoio informal, como amigos, família etc, com a qual se sente bem e livre e deve entregar-se por inteiro à mesma, pois não estamos sozinhos no mundo, por mais que, às vezes, possa nos dar a impressão de que estamos sim. Eleger comportamentos de autocuidado como prática no dia a dia se inicia aos poucos, como fazendo pausas durante o trabalho, tentando estabelecer períodos de produtividade e períodos de descanso para oxigenar o cérebro. A identificação e a fala sobre o sofrimento diário são medidas de suma importância para a redução do sofrimento extremo que é proveniente das ideações suicidas.
O Setembro deve ser todos os tempos, todas cores e todas as formas de se comunicar saúde mental, afinal de contas falar de Setembro Amarelo é falar de pessoas e sobre sofrimento e todo e qualquer ser humano está propenso a uma grande carga de sofrimento que não espera chegar o determinado mês da campanha.
Empresas, mundo corporativo, instituições não governamentais, famílias e amigos, somos nós que fazemos a proteção da gente e do outro, nos preocupemos com a saúde mental durante todo o período da vida. Estratégias paliativas como uma única palestra apenas uma vez por ano é um dos comportamentos ineficientes. Além disso, é necessário formação, benefícios de comunicação, informação, suporte e acolhimento de forma intensa e contínua.
Somos uma rede de cuidado, vamos iniciar, juntos, esse processo?
Lucas Ledo Alves
Curador da Amar.elo Saúde Mental, especialista em Psicologia Educacional e professor universitário.