Comunidade é o novo algoritmo (e o YouTube entendeu isso antes de todo mundo)

Por Redação

08/08/2025 09h06

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Na era da influência líquida, só resiste quem constrói vínculos reais. Criar comunidade virou a forma mais poderosa de sustentar relevância no digital. Se você conversa com uma pessoa X por 45 segundos e com uma pessoa Y além dos 45 segundos você volta para conversar por mais 20 minutos, com quem você se conectou melhor? Considere que a pessoa X é o conteúdo de uma conta do Instagram e a pessoa Y, um canal do Youtube.

Não é uma questão de comparar plataformas no sentido competitivo, mas para entendermos que são formatos distintos. O Instagram é uma rede social – voltada para conexão e socialização. O YouTube é uma plataforma de vídeos – com foco em educação, informação e entretenimento de longo formato. Agora que essa diferença está clara, podemos ir pra próxima fase da conversa.

Se você ainda acha que o YouTube é coisa de 2010, é melhor rever a sua estratégia de social media. A plataforma que cunhou o “like e se inscreve no canal” hoje é o lugar onde a nova geração está criando negócios, cultivando comunidade e desenvolvendo carreira no digital.

Segundo o próprio YouTube, no Brasil, 97% da Geração Z assistiram vídeos longos (mais de 10 minutos) no último ano. O comportamento humano não mente. O Instagram pode ser a galinha dos ovos de ouro hoje, mas ninguém garante que vai continuar sendo amanhã. E na verdade, acreditar que só existe um formato para comunicar tudo o que precisamos é o tipo de pensamento que limita – e muito – a qualidade da mensagem.

Lembro que em 2023, na VidCon Los Angeles,  no auge dos vídeos curtos,  um especialista em neurociência trouxe um paradoxo que me marcou: “Vivemos a maior demanda por conexões profundas, mas seguimos consumindo conteúdos cada vez mais curtos”. De lá pra cá, muita coisa mudou. O YouTube parou de competir com redes sociais e foi disputar outro campeonato: o dos streamings.

Por anos, a TV aberta nos apresentou canais. Mas o vídeo digital passou a atender às nossas necessidades de forma mais personalizada e atraente. Segundo uma pesquisa do Think With Google, 82% das pessoas que querem aprender uma nova habilidade buscam no YouTube. Nos Estados Unidos, a plataforma se tornou o principal canal das pessoas: mais de 120 milhões assistem ao YouTube diretamente na televisão.

Se você quer se conectar de verdade com a sua audiência, em um formato que permite mais contexto, profundidade e narrativa, o YouTube precisa fazer parte da sua estratégia. A maior barreira ainda é cultural. O YouTube é um jogo de longo prazo e isso assusta. É mais fácil defender um ROI rápido de 10% do que bancar um retorno de 300% que pode chegar só depois de dois anos. Mas esse retorno só existe para quem aposta com consistência.

Em exemplos práticos, começamos com MrBeast, o maior youtuber do mundo. Ele é o retrato do creator-empreendedor: tem equity em várias empresas, uma operação de conteúdo que funciona como estúdio, e investe, em média, US$ 1 milhão por vídeo. Mas o ponto aqui não é o número, é a visão de negócio. Cada vídeo é um ativo de alto valor, com potencial de monetização multiplataforma e que funciona como motor de novas marcas.

No Brasil, Tata Estaniecki e Bruna Unzueta criaram o PodDelas, que rapidamente se tornou uma mídia independente com poder real de atração de marcas. Elas não lançaram só um podcast. Elas construíram um canal de distribuição com voz própria, influência cultural e – o mais importante – comunidade ativa.

A Gen Z está tratando o YouTube como uma plataforma de futuro. Não é sobre vídeos longos, é sobre presença contínua. O novo creator quer mais do que viralizar uma trend, ele quer construir um portfólio, uma comunidade e um negócio próprio.

O YouTube pode até parecer velho. Mas quem entendeu a lógica da Creator Economy já percebeu: no digital, o que envelhece rápido é a falta de estratégia.

Empresas precisam ser comunidades. E ninguém entende isso melhor do que um creator.

Marina Rolim
Fundadora e Diretora Criativa Cena7
Marina Rolim é publicitária, especialista em marketing digital pela ESPM, criadora de conteúdo e professora de mídias digitais da pós graduação da Universidade de Fortaleza. Com quase 10 anos de experiência, vivenciou de perto a evolução do mercado de vídeos curtos, liderando o conteúdo de campanhas para marcas como Beach Park, RioMar Fortaleza e Iquine Tintas. Como fundadora e diretoria criativa da agência de conteúdo Cena7, Marina se destaca por criar narrativas impactantes e estratégicas para redes sociais, ajudando empresas regionais e nacionais a alcançarem seus objetivos por meio de vídeos criativos.