É natural que, no último trimestre, as organizações mergulhem na elaboração de seus planejamentos e orçamentos para o ano seguinte. Analisa-se o ano vigente, previsto vs. realizado, gaps, oportunidades desperdiçadas, apostas que não aconteceram. Levanta-se o histórico, uma curva de desempenho, o CAGR, dados do segmento, mercado, macroeconomia e voilá: nascem as diretrizes que embasarão o plano e orçamento do próximo ciclo.
O que muitas vezes ocorre é que, em vez de começarmos pelo básico, pela melhoria contínua, e fazermos esse exercício ao longo de todo o ano, a gente decide parar por um, dois, três dias, às vezes num hotel, afastado da rotina, com as principais lideranças confinadas, com a expectativa de que daquele momento surjam as ideias mais brilhantes, os direcionamentos mais estratégicos, as grandes soluções que irão conduzir os próximos anos.
Mas o ano que está batendo à porta nem sempre pede uma revolução. O que ele quer da gente, muitas vezes, é só uma melhoria, é a diminuição de um ruído num processo, é um ajuste fino em algo de grande impacto ou mesmo a correção de uma pequena engrenagem que esteja fora do lugar. E esses detalhes, meus amigos, carregam duas características fundamentais: eles são percebidos no dia a dia e por quem vive a rotina, logo, inovação se faz é todo dia.
Inovação tem muito mais a ver com girar atentamente o velho e bom PDCA do que com tecnologia de ponta; muito mais com balcão e chão de fábrica do que com Vale do Silício; com escuta ativa e genuína do que com bigdatas. Ela pede muito mais pelos 99% de transpiração do que pelo 1% de inspiração.
E essa nossa conversa poderia ser sobre planejamento, sobre futuro, mas ela é apenas uma provocação sobre inovação como cultura.
