Recentemente finalizei um projeto que me fez ler novamente a biografia de Anita Roddick uma executiva que gosto muito e que maneira geral poucos a conhecem. Eu me identifico com ela, pois sua forma de expressar sua intenção de mudar o mundo através do seu trabalho sem sombra de dúvidas fez de sua empresa uma das marcas mais bem posicionadas e originais dos últimos tempos.
Nascida de uma família de imigrantes italianos em Littlehampton na Inglaterra em 1942 –herdou de sua infância um rígido código moral que foi sua força de ação e a base do ativismo de sua empresa chamada The Body Shop fundada em 1976. Mesmo sem experiência no ramo, sempre teve muito claro o que queria ser e o que não queria ser. Teve que aprender na “marra” como gerenciar sua primeira loja, e a partir dos desafios que venceu, aprendeu também que bons negócios vão além das finanças. Muitos anos depois, a marca se tornou internacional com mais de duas mil lojas servindo cerca de 85 milhões de consumidores em mais de 20 países ao redor do mundo.
Anita fez um negócio girar em torno de um propósito de vida e ensinou que podemos ser sinceros no mundo corporativo. Ela provou que é possível desenvolver uma cadeia produtiva que respeite o meio ambiente, proteja os animais (que no caso da indústria farmacêutica, de cosméticos e da moda por exemplo ainda é um tema sensível e polêmico). Desenvolveu um negócio ancorado na criatividade e no desenvolvimento de pessoas, no respeito ao ser humano e na transparência das relações. Lutou por um comércio justo e lucrativo, mas sem extravagâncias ou ostentações. (Temas complexos para um mundo globalizado e repleto de interesses que não o do coletivo).
O fato é que Anita já falava sobre temas polêmicos há 30 anos atrás. Ela foi de fato uma mulher à frente de seu tempo e por isso, comprou brigas com grandes grupos empresariais que por ganância ou por uma visão limitada, buscavam o lucro a qualquer preço esquecendo o bem-estar das pessoas e da sobrevivência do próprio planeta terra.
É dela a seguinte declaração: “Em termos de poder e influência, esqueça a igreja e os políticos. Não há instituição mais poderosa na sociedade atual do que a empresa – eu acredito que agora, mais do que nunca, é importante que a empresa assuma uma liderança moral. O negócio das empresas não deveria ser apenas dinheiro, mas responsabilidade. Deveria ser sobre o bem público, não a ganância privada”.
Anita Roddick faleceu em 2007 aos 64 anos de idade. Seu livro Meu jeito de fazer negócios, ainda é um bestseller e vale cada página. Um aprendizado e uma inspiração para qualquer gestor. Mas sobretudo para entendermos que quando posicionamos marcas e produtos precisaremos antes de mais nada, descobrir o que não queremos ser. Não é sobre o outro, é sobre você. A sua marca, os seus valores e o seu propósito, o seu ponto de vista. É sobre deixar claro para o seu consumidor a sua posição. Tudo bem, as consultorias fornecem os gráficos, as planilhas, algumas apresentam metodologias. Mas nada irá valer se não for a partir de você.
O posicionamento da marca é sobre ser original, particular e conseguir mostrar de forma verdadeira para o consumidor quem você é.
Até breve!