O marketing e a política

Por Redação

03/11/2022 10h58

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Quando me deram o desafio de escrever sobre marketing político confesso que relutei um pouco, primeiro pela proximidade com a eleição que acabou domingo passado, segundo pois nunca fiz marketing para políticos, uma decisão pessoal. Já tive alguns convites mas recusei todos.

 

A primeira questão seria falar sobre marketing na politica ou marketing e a politica, optei pelo segundo termo, mais técnico e apropriado.

 

A segunda questão é que em campanhas políticas o P mais evidente e destacado é a comunicação, de longe a propaganda e a promoção do candidato, ou partido, é o foco principal do que costumamos chamar de marketing político.

 

Claro que estratégias de campanha como acordos com aliados políticos, cidades onde o candidato deve focar energia, eventos presenciais, inaugurações de obras perto do pleito entram no jogo, mas é na comunicação que os esforços se concentram. Live Marketing (bandeiraços), propaganda eletrônica e digital, assessoria de comunicação, passeatas, adesivos, camisas, panfletos, etc.

 

Mas se falamos até agora da forma, deixo para o final a cereja do bolo, o cerne da estratégia, que é o conteúdo. Aqui o marketing em politica se equipara a qualquer outro marketing. Explico melhor.

 

Compramos muito mais pela aspecto emocional do que pelo racional, produtos, serviços e políticos. O racional entra para validar ou justificar a pré escolha, mas é a emoção e os atalhos mentais que dominam, raiva, medo, amor, paixões.

 

Efeito mera exposição, em marketing quanto mais familiar ou conhecido é uma marca, mais o consumidor confia e compra, acreditamos que por ser conhecido é melhor. Serve para pasta de dente e serve para pessoas. Por isto políticos pouco conhecidos, mesmo com excelentes propostas são pouco votados. Dica, trabalhe seu nome com muita antecedência.

 

Efeito manada, quando mais pessoas compram uma marca, mais outras vão comprar também e embarcar na onda, com políticos ocorre o mesmo, os eleitores dependem da validação de outras eleitores, e se forem pessoas próximas melhor. Por isto o trabalho de guerrilha e de cluster é importante.

 

Aparência, compramos o que é bem apresentado, esteticamente bom. Embalagens, imagens, fotos, cores. De novo, serve para pacotes de biscoito e para pessoas (efeito halo, acreditamos que pessoas bem apresentadas são boas).

 

Segurança nos argumentos ou uma boa história (storytelling), as pessoas não pensam em tópicos e sim em histórias, contar boas histórias, estruturadas importa muito, “peguei o país assim e depois de muita luta, consegui fazer isto e aquilo”, acreditamos em histórias e não em dados.

 

Contar uma boa história com emoção e segurança conta mais que dados e informações objetivas, e aqui faço um paralelo com vendas, vender benefícios (o que eu ganho com isto) vende mais que vender atributos.

 

Mas tem um ponto delicado que sempre é explorado, o medo.

 

O ser humano é programado para ter mais medo de perder do que esperança de ganhar, somos resistentes à mudanças, ao diferente. O viés a perda entra com força nas campanhas pois explora o medo de perder das pessoas, o medo de serem enganadas. Neste ponto a comunicação política exagera e cria fantasmas e terror, demoniza o adversário, nestas últimas eleições então as fakenews deram o tom do pleito, absurdos foram inventados.

 

O medo faz com que o eleitor veja ameaça onde só existem mentiras e fantasias. O medo infelizmente vende. Meu receio é que este aspecto aliado as novas formas de propagação de informação, como o WhatsApp e Telegran prevaleçam é que cada vez mais votemos com base no medo, no ódio e na mentira.

 

Talvez por isto eu não tenha entrado profissionalmente em uma campanha.

 

Sigamos tomando café e tentado encontrar mecanismos de minimizar os exageros e as fakenews.

 

Bosco Couto

Consultor de Marketing, branding e Estratégia e sócio fundador da BEING Marketing, formado em administração de empresas pela Universidade Estadual do Ceará, possuí 25 anos de experiência no mercado, já tendo prestado serviços de consultoria e realizado projetos de marketing para mais de 80 organizações, entidades e empresas em segmentos diversos. Além das consultorias e assessorias que realiza também ministra palestras e treinamentos sobre marketing, branding, vendas e estratégia.

contato@being.com.br | @beingmkt

Bosco Couto
Consultor de Marketing, branding e estratégia e sócio fundador da BEING Marketing
Bosco Couto é consultor de Marketing, branding e Estratégia e sócio fundador da BEING Marketing, formado em administração de empresas pela Universidade Estadual do Ceará, possuí 25 anos de experiência no mercado, já tendo prestado serviços de consultoria e realizado projetos de marketing para mais de 80 organizações, entidades e empresas em segmentos diversos. Além das consultorias e assessorias que realiza também ministra palestras e treinamentos sobre marketing, branding, vendas e estratégia.