Remeto a experiência de uso do Diário da Experiência nos oito estádios do Planejamento em UX — Cenários, Objetivos, Alcance, Consciência, Tática, Execução, Aprendizagem e Interiorização. Trato de reconhecer o desenho metodológico da última pesquisa da AtlasIntel que fui impactado pelo feed do Instagram neste final de semana último.
O desenho metodológico proposto distribui‐se em sete seções, cada qual associada a um formato de pergunta e a um objetivo específico, e é acompanhado, em todas as fases de aplicação, por um roteiro de observação ancorado nas perguntas-chaves que reclamei na croniqueta Diário de Experiência.
Quais quadros (frames) estruturam a experiência? Na primeira seção, referindo-se à aprovação institucional do presidente, governador e presidente da câmara, é utilizado um modelo de escolha múltipla (“aprovo”, “desaprovo”, “não sei”) para medir a adesão simbólica à gestão pública. Nesta altura, a observação procura identificar os quadros de referência que orientam tais decisões, as âncoras que reforçam ou enfraquecem estas representações e possíveis dissonâncias entre a identidade partidária declarada e as hesitações percebidas no discurso. Além disso, são analisadas variações de tom (euforia, resignação, prudência) e quaisquer mudanças abruptas na entonação, principalmente quando o nível de governo em foco muda. Exprimo uma segunda questão: Há rupturas ou ambiguidades perceptíveis nos quadros?
Segui, assim, para a seção de avaliação em escala (excelente, regular, ruim), destinada a medir percepções concretas da gestão pública, muda o foco analítico para o ritmo das respostas. Respostas rápidas sugerem julgamentos cristalizados, enquanto pausas prolongadas indicam ambivalência ou a necessidade de consultar referências adicionais. Nesta fase, observa-se também a multiplicidade de papéis sociais assumidos pelos inquiridos — contribuinte, beneficiário, crítico —, bem como as laminações, entendidas como camadas sobrepostas de interpretação que coexistem na mesma resposta.
O ritmo influencia a percepção de sucesso? Ao abordar questões prioritárias, por meio da seleção de até três opções, a análise se concentra na identificação de ciclos rítmicos recorrentes e nas táticas de programas de governo a serem avaliados em formato de lista. Examinei se a rapidez das respostas reflete uma percepção de urgência ou se, ao contrário, a hesitação revela conflitos internos quanto à ordem em que as necessidades são expressas.
Na parte sobre os programas mais lembrados, também limitada a três alternativas, são investigadas estratégias de preparação: alguns participantes recorrem a memórias de campanhas institucionais recentes, enquanto outros estabelecem associações livres com benefícios indiretos. Como os usuários interpretam a sobreposição de camadas? A atenção também se concentra em possíveis quebras, em situações em que o mesmo programa é simultaneamente percebido como uma promessa e como uma conquista.
A subseção sobre a situação econômica atual (boa, normal, má) oferece uma oportunidade para verificar se os inquiridos ocultam a sua condição material como forma de proteger a sua imagem social ou se, pelo contrário, expõem diretamente as suas dificuldades. Que estratégias alternativas emergem espontaneamente? Também regista como o tom adotado influencia a classificação dos objetivos imediatos, como a priorização das políticas de rendimento em detrimento dos serviços públicos.
Na pergunta sobre as expectativas para os próximos seis meses (melhorar, piorar, permanecer igual), há uma possível divergência entre o ritmo projetado pelo governo avaliado. O ritmo vivido diverge do ritmo projetado? Memórias de crises passadas, intercaladas com esperanças recentes, podem causar mudanças no fluxo do discurso e variações na codificação. Neste contexto, há construções discursivas que sustentam um otimismo forçado ou, inversamente, reafirmam visões pessimistas já internalizadas.
Por fim, finalizei meu Diário de Experiência, esmiuçando a seção sobre a avaliação do desempenho por eixo temático — combate à fome, criação de emprego, educação básica, combate à seca, segurança alimentar — utiliza uma escala de 1 a 5. Questiono, por fim: Existem “fabricações” ou disfarces nas ações? Há sinais de automatização na experiência? Isso pode ser visto na dada atenção à ativação de ciclos contínuos de feedback: quando um tema específico é amplamente publicizado, as respostas tendem a tornar-se automatizadas; inversamente, a ausência de consistentes leva a avaliações mais instáveis.
A combinação em tempo real de respostas fechadas com as categorias do Diário de Experiências — enquadramentos, tons, ritmos, papéis, táticas, execuções, aprendizagens e internalizações — confere ao protocolo de pesquisa uma dupla função: por um lado, permite a coleta de dados estatísticos comparáveis; por outro, revela o tecido fenomenológico subjacente às manifestações da opinião pública no contexto do Governo analisado.
Explico que cada bloco do questionário — uma vez codificado — se presta a tabulações estatísticas cruzadas que revelam padrões latentes de opinião e experiência. As escalas Likert, por exemplo, podem ser contrastadas com variáveis ordinais de condição econômica usando testes de tendência (Jonckheere-Terpstra) ou ANOVA não paramétrica, permitindo-nos verificar se a avaliação do governo flutua de acordo com as variações no mercado de trabalho.
Finalizo, recorrendo ao texto generativo para instrumentalizar desenhos utilizados em experiências futuras.
Seção | Formato | Estatística Sugerida |
1. Aprovação Institucional (Presidente, Governador, Prefeito) | Múltipla escolha (Aprovo / Desaprovo / Não sei) | Teste de médias / ANOVA; Qui-quadrado; Análise de correspondência; Tabela de contingência; Kruskal-Wallis |
2. Avaliação por Escala (Ótimo > Péssimo) | Escala Likert de 3 pontos | ANOVA; Kruskal-Wallis; Jonckheere-Terpstra; Spearman; Kendall Tau-b |
3. Problemas Prioritários | Múltipla escolha (até 3 opções) | Qui-quadrado; Análise de correspondência; Tabela de contingência; Kruskal-Wallis |
4. Programas mais Lembrados | Múltipla escolha (até 3 opções) | Qui-quadrado; Análise de correspondência; Kruskal-Wallis |
5. Situação Econômica Atual | Categórica ordinal (Boa, Normal, Ruim) | Spearman; Kendall Tau-b; Jonckheere-Terpstra |
6. Expectativa para os Próximos 6 Meses | Categórica ordinal (Melhorar / Piorar / Ficar igual) | Spearman; Kendall Tau-b; Jonckheere-Terpstra |
7. Avaliação da Atuação por Eixo (Fome, Emprego, Educação, Seca, Segurança Alimentar) | Escala de 1 a 5 (Likert) | Spearman; Kruskal-Wallis; Regressão linear; Kendall Tau-b; Jonckheere-Terpstra |