Professores: Moré

Por Kochav Koren

18/12/2023 14h57

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Demando Ritmos. Exercito formas dos vetores do framework Figuras em sua primeira vertente: Key, Tom, ou Ritmo. Antes que 42 cubra as minhas férias de janeiro de 2024, pratico o que o leitor encontrará nesta coluna.

A figura do professor, quando em uso de aplicações digitais, é tonalizada como um facilitador da celebração da juventude, do novo, um profissional aprendiz. Os pesquisadores de UX devem considerar seu tom, ou seja, seus sentimentos em suas variações ante uma interação enquanto um ritmo esclarecedor do contexto. Principalmente informativo e histórico. A Figura do Professor busca esclarecer a origem de um dogma e estimular perguntas ao invés de respostas. Explico.

Erra quem o enquadra enquanto senhor do saber. Esta é uma atribuição do único H’assem. Professor é uma figura que se cristalizou no eviterno aprendiz. Profissionalizou-se como principiante. Viva, Professores! Reclamo, neste derradeiro frame de Figuras do ano civil de 2023 em Nosso Meio, sobre esta figura. Antes, seu tom, sua key:

“Vivat Academia,

vivant professores.

Vivat membrum quodlibet,

vivant membra quaelibet,

semper sint in flore.”

Viva a Universidade, vivam os professores. Vivam todos e cada um de seus membros; diz a letra. Brilhem sempre, finaliza. Gaudeamus Igitur é hino acadêmica em latim, olvido no Brasil. Fora conhecida e cantada em universidades e eventos acadêmicos em todo o mundo. Também no Colégio de minha avó Zeneide. Também no Colégio Sobralense de meu avô Felinto. 

Nomes próprio em desuso, tal Nilce, minha primeira professora. Recordo bem de usa postura. Firme, vívida, demostrava sua autoridade apenas pelo olhar. Ensinou-me os primeiros cálculos de matemática. Formou-me doutor do ABC. Viva, Dona Nilce e Tia Betinha, sua irmã, também professora. A Professora Doce. Ambas, rígida e maleável, formavam uma só Figura. As Professoras do bairro Benfica. O título Gaudeamus Igitur traduz-se em Vamos, então, alegrar-nos

Uma vertente histórica diz que sua origem remonta ao século XIII ou XIV, embora sua autoria exata, por este pesquisador, seja inelegível hoje. Dr. John Stone, em 1983, aferiu câmbios na música, especialmente, nas escolas de Medicina. Exprime a forma do poema adaptado. A principal mudança deu-se na dicção “para” que foi acrescida. Sugere adaptar sentido para outro poema “Jubilate Agno”, escrito pelo poeta do século XVIII, Christopher Smart (1722-1771).

Outra, alemã, da Universität zu Köln diz que a narrativa atribuída a Christian Wilhelm Kindleben (1748–1785), um acadêmico do século XVIII que faleceu prematuramente aos 37. Kindleben, apesar de sua reputação duvidosa, ganhou notoriedade ao publicar o primeiro livro de músicas estudantis em alemão, contendo sua versão do Gaudeamus Igitur em 1781. A melodia, conhecida desde 1736, tornou-se internacionalmente popular com a versão de Kindleben. O estado da Saxônia-Anhalt foi o local do enquadre de Vamos, então, alegrar-nos.

O tom, assim, tomando a segunda vertente como verídica, tematiza o Sacro Império Romano-Germânico. Posterior a Guerra dos Trinta Anos (1634-1644) que colocara o luteranismo, desarte, o caça às bruxas como foco. De fato, o reconhecimento da liberdade religiosa foi estendido a outras confissões protestantes além do luteranismo e do catolicismo, incluindo o calvinismo. Este período histórico foi o berço do antissemitismo que teve ápice no Nazismo e no último 07 de outubro de 2023, lembra os frutos de meus estudos com o Moré Nelson.

Vamos, então, alegrar-nos menciona ainda uma versão “feminina” da canção, refletindo as restrições históricas às mulheres no ensino superior. Além disso, tonaliza a música clássica, com compositores como Brahms e sua presença em eventos acadêmicos. Este hino diz sobre mudanças nas tradições estudantis ao longo do tempo, especialmente em relação às organizações estudantis.

Diz sobre paixão. A letra de Gaudeamus Igitur celebra a alegria da juventude, a camaradagem acadêmica e a busca do conhecimento. Quiçá ainda haja fragmentos, luto para este sentido histórico. A canção também menciona aspectos da vida estudantil, como festas, vinho e amor. Captura o espírito festivo e otimista associado à vida universitária.

Ao longo dos séculos, distintas versões e variações da letra a carregaram ao presente. Vamos, então, alegrar-nos ganhou destaque nas universidades europeias, sendo adotadas como uma espécie de hino não oficial entre os estudantes. É o tom, key, das entoadas nas cerimônias de formatura e festas universitárias. O funk ou o rapp ainda não fez reframes da letra. Também não o forró. Transformou-se em um símbolo da tradição acadêmica, apreciada por sua ligação com a vivência estudantil e a celebração da educação. Hino do Reitor, estrela de Kochav.

Hino do Moré, professor em hebraico. Salve, Moré Nelson, que há quase três anos me instrui. Viva também meus dez anos de docência que 2024 celebrará. 

Es lebe der Lehrer, Dr Hanke!

Kochav Nobre
Auditor de pesquisa na Ernest & Young
Kochav Nobre é auditor em pesquisa na Ernst & Young (EY). Professor designado na Universidade do Estado de Minas Gerais. Pesquisador visitante do Zentrum für Medien- Kommunikations- und Informationsforschung (ZeMKI) da Universidade de Bremen na Alemanha (2022) e Max Kade German-American Center da Universidade de Kansas (2018). Graduado em Publicidade pela Escola Superior de Propaganda em Marketing, mestre em Sociologia e doutor em Estudos da Mídia.Possui mais de dez anos de experiência em pesquisa e oito anos em docência. Inventor do software Qualichat, desenvolvido em seu pós-doutoramento na UNICAMP, entre 2020 e 2022. Fundador do Ernest Manheim Laboratório de Opinião Pública.