Septentrio: Ursa maior

Por Kochav Koren

03/04/2023 13h56

Compartilhe
  • Whatsapp
  • Linkedin

 

As croniquetas até o final do ano serão para você leitor, John e Vianney. Em bold para o último. John é a parte racional de Kochav eu-lírico, já designado em Nosso UX. Vianney o todo, leitor número um, sem ser meu fã, entra em cena. O título foi promulgado após o elementar encontro com o septentrio vivo. Aquele que reside no Rio, suponho eu, Figura aqui primeira. Ele sempre teve muitas histórias para contar, mas eu nunca as reconheci, por justo, não ter tido legibilidade como Lua. Lua é um antigo aluno e hoje mestre também da Gestalt. Viabiliza a imagética compreensão que tenho do factum, documenta retratos em movimento.

 

Lua fez percurso similar a mim, posterior, mas análoga. Antes de Pessach, libertou-se das limitações impostas a ele quando ainda estava no deserto. Lua terá muita história para contar, beira 42 como pupilo predileto. Diferente de mim, Lua Branca muito compareceu aos shows da primeira figura. No Sesc Belenzinho, farei valer a camisa amarela de seu competidor. Guardo-a, visto-a, pois, John me dera. Refiro-me ao primeiro presente que recebi de John, do rapaz latino-americano figura corrente nestas croniquetas. Exprimo por Ursa Maior, sinônimo de quem vem dos ventos do norte, tentames do que observei em minha imersão etnográfica em Mina, ocorrida semana passada, nas Minas Gerais. “Curta e grossa!”, Ursa Maior, assim, batizo a primeira Figura. 

 

Atenho-me ao cantante e ao minerador de dezessete anos de ofício em Caterpillar fora de estrada. Metáfora título e do corrente cantante referido. Saberá D’us ter algo comum. Quiçá, alcançam o Pessoal do Ceará, junto com Gilmar, de abençoada memória, e Vianney o eterno da Academia, singular leitor de Nosso UX. Ursa maior os aglutina, é o fervo da juventude. A propósito, que tara tem a juventude por heróis quase mortos, ou pior, já fenecidos? Viva os que amam sebo e mofo de autores vivos! O velho do Caterpillar era o mais respeitado dos vinte dois mineradores que entrevistei. Eu, em uma semana, fiz ofício de pesquisador da experiência ao propor funcionalidade técnicas em prol da segurança do trabalho e ergonomia. UX, Vianney e leitor, sendo “experiência do usuário”, traduz a modalidade de como assentamos a tecnologia à cátedra do empregado. Também, do aumento da produtividade da firma. Quanto mais os carregadores de pedras na Mina estejam seguros, maior a produção para os chins. Sabem bem os ianques utilizá-la e aqui, contextualizamos, enquanto engomo as calças.

 

Tudo é mistério nestas croniquetas e, prolixo como sou, não atinjo o alvo. John, leia apenas isto. O que digo é:

 

Ursa maior é o mofo do herói. Rouba fama, pois foi o pioneiro no Exodus. Depois de perder Vilma prá São Paulo, digo Dilma para os BRICS, Ursa maior se faz nos que veem a sabedoria do líder dos operários, ou do cearense exiliado no Rio. Fugido do Benfica, que é o bairro dos discentes. Ursas maiores foram crias dos dissidentes e uma vez tendo sido, encontram no conforto de ter sido no passado sua forma. Fui e sou o que fui. “O que está acontecendo aqui?”: “Briguei com o novo dispositivo técnico e já não brigo”. “Já nos conhecemos?”: “Fui dissidente e sou o que fui quando era”. Ursa maior é maior por ter tido a “heresia local” de Mangabeira Uber ante a “ortodoxia universal” da Ursa.

 

Como John não entendeu, transcrevo quantitativamente:

 

O Ritmo (Keys/keyings) de Ursa Maior: um conde raivoso não tarda a chegar. Faz da música seu maior aliado. Toca o que todos gostam de ouvir. Concorda, sorri e é a antipatia oportuna de quando o silêncio é a resposta. Observa mais as mensagens de texto, imagens e sons, pouco compartilha em um grupo. Ama seu refúgio e é técnico na resposta ao pesquisador de experiência.

 

A Ginga (Lamination) de Ursa Maior: poupa-a do vexame de morrer tão moça, quando observam a Ginga da Ursa Maior. Quase imortal, sua ginga puxa a roda, pois, sua Armada capoeira que desperta a atenção de todos. A Armada da Ursa Maior é quando entra no palco. Veste-se de surpresa em seu silêncio quando as cortinas se abrem. Cala-se quando “barcula” o minério. “Barcular” é o ato de armada, de joga o minério para um monte onde será refinado aos chinos. “Barcula” é a força do cantante que muita coisa ainda tem a olhar. Seu ato quantitativo, sua ginga, é ínfima, mas, quando a possui, recheia-se, John, de caracteres de chamadas, links, endereçamento e símbolos.

 

A Compra de jogo (Anchorages) da Ursa Maior. Aberta em leque, possui interações super-rápidas, quando não hibernam. Dorme-se o show todo, mas vão ao êxtase quando a Ursa oferta sua primeira pavonada. Na Mina é quem mais produz. Na aplicação, quando sabe do comando, este é seu maior vício. 

 

A Mandinga (Fabrication) da Ursa Maior: sabe mandingar. Na sorte da guerra, fabrica, porquanto se refugiou nos caracteres puros como seu maior traço. Falo curta, sorridente e com teor. Não é fácil de sair do jogo, sem embargo, pois sua armada é clara, original e notoriamente única. Ameaça ao berro, mais um pequeno tormento a faz sair do jogo, senão o respeito do mestre ianque. Somente ratifica palavras iniciais e finais do entrevistador e seus Caracteres de Risos, Pontuação e Números; elementos que ratificam um tema.

 

John, o que digo é que a Ursa Maior fala o que contém, quando o faz, fabrica, “adorme” mas atordoa o adversário, impulsiona a roda, pois também domina o berimbau. O mistério joga capoeira, Vianney. E como joga esse Pavão em seus dezessete anos de Mina, nos setenta e sete de canto…

 

Fernando Koren Nobre

Cientista da mídia e etnógrafo de produtos digitais. Pesquisador visitante do Zentrum für Medien- Kommunikations- und Informationsforschung (ZeMKI) da Universidade de Bremen na Alemanha (2022) e Max Kade German-American Center da Universidade de Kansas (2018). Graduado em Publicidade pela Escola Superior de Propaganda em Marketing, mestre em Sociologia e doutor em Estudos da Mídia.Possui mais de dez anos de experiência em pesquisa e oito anos em docência. Inventor do software Qualichat, desenvolvido em seu pós-doutoramento na UNICAMP, entre 2020 e 2022. Fundador do Ernest Manheim Laboratório de Opinião Pública.

Kochav Nobre
Auditor de pesquisa na Ernest & Young
Kochav Nobre é auditor em pesquisa na Ernst & Young (EY). Professor designado na Universidade do Estado de Minas Gerais. Pesquisador visitante do Zentrum für Medien- Kommunikations- und Informationsforschung (ZeMKI) da Universidade de Bremen na Alemanha (2022) e Max Kade German-American Center da Universidade de Kansas (2018). Graduado em Publicidade pela Escola Superior de Propaganda em Marketing, mestre em Sociologia e doutor em Estudos da Mídia.Possui mais de dez anos de experiência em pesquisa e oito anos em docência. Inventor do software Qualichat, desenvolvido em seu pós-doutoramento na UNICAMP, entre 2020 e 2022. Fundador do Ernest Manheim Laboratório de Opinião Pública.