A cada quinzena, a gente traz aqui algumas reflexões para afiar o radar dos negócios e das pessoas. A ideia é jogar um foco de luz sobre alguns comportamentos ou visões, que podem estar atrapalhando a criatividade e inovação de acontecer.
E nos últimos dias a gente observou que, quando se trata da visão e da forma de atuação dos negócios, conseguimos perceber 4 perfis diferentes.
1) Aqueles que não se adaptam.
2) Aqueles que quando a mudança chega eles correm para se adaptar.
3) Aqueles que antecipam as mudanças.
4) Aquelas que criam as mudanças.
Até arriscamos a propor um nome para cada um desses perfis. Sim, a palavra é arriscar mesmo, pois sabemos que ao “propor categorias” sempre corre o risco de acabar caindo em simplificações, reducionismos, mas vamos assumir esse risco por questões didáticas e entendendo que esse espaço também é um espaço para criar, compartilhar e trocar ideias.
Então, vamos ao nosso acordo: fique à vontade para comentar, discordar, propor outras visões e construir junto com a gente. Ok?
1) INOVAÇÃO ENGESSADA
São os negócios que não se adaptam (ou tem uma dificuldade enorme em implementar mudanças e modernizações).
A palavra “engessada” aqui, apesar de soar como clichê, tem uma importância crucial. O gesso é uma mistura que endurece totalmente de 20 a 30 minutos. O que vemos é que a grande maioria dos negócios para “pegarem” precisam de um composto de inovação. Precisa ter flexibilidade. Tato. Ajustes. Alinhamentos. E eles começam geralmente com uma ideia ou um conceito minimamente inovador.
Nesse caso não seria justo chamar, por exemplo, de inovação nula. Até porque foi preciso inovar para empreender e fazer o negócio acontecer.
Mas o grande problema mora exatamente no engessamento dessa inovação.
O negócio “deu liga” e então os processos começam a se engessar, a empresa precisa criar protocolos e manuais de boas práticas para manter o padrão de atendimento e qualidade, a visão dos gestores e diretores vai ficando cada vez mais focada para dentro e então a coisa “endurece”. Lembra do sapo? Se não, confere o nosso artigo da última quinzena aqui da coluna Radar Nosso Meio.
A metáfora é perfeita, porque em negócios assim é duro sair algo novo e diferente. Muitas vezes o que acontece é um rompimento para que a coisa mude.
2) INOVAÇÃO REATIVA
São os negócios que só correm para se adaptar, quando não tem mais para onde ir (ou quando a concorrência inova na frente).
Negócios assim tem uma visão mais restrita, conseguindo enxergar no máximo o que os concorrentes principais estão fazendo, sem perceberem o movimento macro da inovação: cultura, comportamentos, novos conceitos, novas abordagens, novas tecnologias, novas formas de fazer.
Esse tipo de marca nunca chega em primeiro lugar nas corridas. Só está olhando para o próprio pé, para a linha de largada e para o pé do concorrente. Não está atento à corrida, olhando os obstáculos (e oportunidades) que estão logo à frente.
Eles até sobrevivem, porque vão dançando conforme a música. Mas sem conseguirem alcançar a relevância necessária para trazer soluções quentinhas para problemas quentinhos.
3) INOVAÇÃO PROATIVA
Nesse patamar, o negócio atingiu uma boa maturidade de inovação. Suas lentes e seus radares estão focados no futuro e nas possibilidades de execução no presente ou em um futuro próximo. São negócios que estão constantemente analisando tendências. Olham para o próprio negócio. Olham para o concorrente. Olham para o mercado. Olham para as pessoas. Olham para as novas tecnologias.
Conseguem antecipar mudanças. Vêem as afluências se formando no horizonte e já alinham suas pranchas para surfar as ondas das oportunidades.
Estão constantemente atentos às mudanças que podem matar o próprio negócio.
São empresas que trazem novidades. Que mudam processos. Que facilitam, agilizam, simplificam. Para elas, não tem desculpas. Não tem o vocabulário do “sempre fizemos assim”. E com isso elas conseguem se manter sempre à frente de suas categorias. Muito bem posicionadas e com a relevância sempre atualizada. São negócios que estão sempre se oxigenando por meio da inovação.
4) INOVAÇÃO VISIONÁRIA
Aí sim está o Mestre Yoda dos negócios. Uma empresa que alcançou esse patamar tem muito a nos ensinar.
Primeiro que elas não estão apenas atentas ao que pode matar o próprio negócio, mas elas mesmas buscam soluções capazes de fazer isso.
“Mate seu próprio negócio” é quase um mantra. Como Kotler nos diz: “torne o seu produto obsoleto, antes que a concorrência venha e faça”.
São empresas que criam setores, grupos ou “squads” para pensar fora da caixa. Para testarem ideias. Para repensarem processos, produtos, serviços, soluções, experiência do cliente e tudo que envolve o negócio.
São também negócios ambidestros: com a mão direita tocam bem o negócio atual, com a mão esquerda estão procurando e criando novas oportunidades para atuarem.
Agora, a gente pergunta:
E aí?
Respire fundo e nos responda com a sinceridade brutal que gostamos: Qual é a sua?
Que tipo de negócio você está engajado?
Que tipo de empresa você está criando?
Esperamos que esse texto seja um pontapé inicial para que você discuta com a sua equipe, seus gestores e diretores. E que seu negócio possa avançar nessa palavra tão fácil de dizer, mas tão difícil de praticar:
Inovação.
Neste espaço, quinzenalmente e sempre às segundas-feiras, Céu Studart e Thiago Baldu da Desencaixa Inova trarão reflexões, inquietações e orientações sobre futurismo e adaptabilidade.