As três caixas da inovação

Por Redação

08/05/2023 11h51

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Como lidar com o passado, presente e futuro para ter um negócio mais relevante e inovador

Inovação é a palavra da vez. Os posts, blogs, vídeos, podcasts e livros têm focado nesse assunto. É compreensível isso, afinal inovar não é uma coisa que se faça assim: da noite para o dia. Não é algo que se aprende de maneira técnica e cartesiana, mas uma competência que envolve uma série de conhecimentos, habilidades, experiências, coragem etc.

 

Só que essa enxurrada de livros e conceitos sobre inovação talvez esteja trazendo o oposto do esperado. Não sei, mas é uma hipótese: com tanta coisa para se ler, ver e ouvir sobre inovação, parece que os empresários têm ficados mais travados e receosos.

 

Por onde eu começo a inovar?
Quais são os 10 passos mágicos da inovação?
Existem um plano linear que eu aplique em meu negócio e ele seja mais inovador?

 

Com o que temos visto de publicações, as abordagens são tantas que parece uma pia entupida de louça. Você sabe que precisa dar um jeito naqueles pratos, talheres, panelas e acessórios todos, mas você olha embasbacado para aquela imagem e pensa: “por onde começar?”.

 

É neste contexto que um livro de 2018 cai como uma luva: “The Three-Box Solution” ( A estratégia das 3 caixas) do autor Vijay Govindarajan.

 

Ele propõe olhar para a inovação a partir de 3 “caixas”. A caixa do presente, a do passado e a do futuro.

 

Pela simplicidade da abordagem, acho que seja uma solução elegante para desafogar um pouco do tanto de conceitos que se vê por aí e conseguir olhar para o negócio a partir dessas 3 lentes.

 

Caixa 1: O presente

Aqui, os líderes precisam gerenciar o presente, otimizando as operações atuais e garantindo a eficiência dos processos de negócio existentes.

 

Pense num carro de Fórmula 1. Sua operação é a corrida acontecendo. Como estão os pneus? Bem calibrados? E o óleo? Tá completo? Os freios estão dando conta? O combustível está suficiente para o carro dar mais quantas voltas? O piloto está arrojado demais? Arriscando demais? Ou está arriscando de menos?

Olhar para o presente é fundamental. Afinal é aí que seu negócio está acontecendo: atendendo clientes, solucionando problemas, melhorando processos, otimizando.

 

É preciso ter um olhar holístico para o negócio. Alinhar o propósito da empresa com as equipes, afinal pessoas desmotivadas não fazem empresas relevantes. Alinhar a tecnologia, afinal sistemas desatualizados não fazem a empresa ter bom desempenho. É preciso ter as pessoas certas, com os conhecimentos certos, no lugar certo.

 

Caixa 2: O passado

Nesta caixa, os líderes são incentivados a abandonar as práticas antigas que não são mais relevantes, e eliminar os obstáculos que estejam impedindo a inovação.

 

O que eu vejo muito são empresários se apegarem às praticas antigas, mantendo uma visão muito baseada no passado, implementando inovações apenas de forma “cosmética”, que de forma efetivamente prática. Não mudam a cultura, mudam apenas a superfície.

 

A frase que cabe sempre muito bem para esse contexto é:

 

O analfabeto do século 21 não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”. (Alvin Toffler).

 

Desaprender é mais difícil que aprender algo novo. E esse – a meu ver – é o maior desafio dos empresários: eles construíram uma história, tem um legado de sucesso, e com isso os princípios que garantiram o sucesso no passado nem sempre são os mesmos que garantirão o sucesso no futuro.

 

Esse é o momento de revisitar valores, revisitar o modelo de negócio, fazer pesquisas com clientes e trazer gente com visão plural para dar uma batida no tapete. Ter a mente aberta e coração desapegado.

 

Estamos em tempo de mudança. Ou você muda, ou você dança!

 

Caixa 3: O futuro

Esta é a caixa da inovação propriamente dita. Os líderes são incentivados a criar o futuro, identificando novas oportunidades de mercado, desenvolvendo novos produtos e serviços e explorando novos modelos de negócios.

 

Aqui é que a inovação torna-se visível. É a ponta do iceberg.

O foco da maioria das pessoas está nesta caixa. Mas sem conseguir trabalhar na ressignificação do passado e otimização do presente, é quase impossível ter sucesso pensando apenas no futuro.

 

As organizações bem-sucedidas são as que quebram o gesso do passado e conseguem equilibrar o gerenciamento do presente com a criação proativa do futuro. Muitas empresas falham em inovar porque não conseguem encontrar esse equilíbrio.

 

Faça essa auto-análise.
Leve esse texto à próxima reunião de planejamento.

 

Tenho certeza que observar atentamente as 3 caixas (passado, presente e futuro) poderá oferecer insights e um plano de ação palpável para você ter um DNA inovador em seu negócio

 

 

Thiago Baldu

Thiago Baldu é Sócio da DSCX Inova e consultor de Marketing, Branding e Inovação. Com experiência de mais de 15 anos, já realizou projetos de comunicação e inovação para marcas como SKOL, Ipiranga, Discovery, TAM, Grupo O Povo de Comunicação, Betânia Lácteos entre outros. Graduado em Administração (UNIFOR) , pós-graduado em Teorias da Comunicação (UFC), mestre em filosofia estética e MBA em Marketing pela ESPM. Atua também como professor de graduação e pós-graduação, cursos in company, e palestra nas áreas de branding, marketing e inovação em instituições como UNIFOR, FB UNI e FAC.

Céu Studart
Consultora de Marketing e Branding e Fundadora da Desencaixa Branding
Céu Studart é proprietária da Desencaixa Brading, onde realiza consultoria estratégica para marcas de vários segmentos e treinamentos. É estrategista de branding com mais de 20 anos de experiência no mercado. Foi embaixadora do Rock in Rio Academy by HSM (2019) e mentora do Founder Institute – Nordeste Virtual (2021), uma incubadora de negócios americana, fundada em Palo Alto, Califórnia (EUA). É publicitária. Especialista em Marketing (FGV) e Mestre em Marketing (UFC). Além da Desencaixa Branding, é também docente da graduação e pós-graduação, com mais de 17 anos de experiência, em cursos de graduação e pós-graduação, já tendo capacitado mais de 6000 profissionais.