Eventos: um motor bilionário que só faz sentido se transformar o mundo

Por Redação

29/07/2025 09h43

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Marketing é escolha, presença e, sobretudo, consequência – e talvez nenhum setor encare isso com tanta força quanto o de eventos. Quando olhamos para esse setor, vemos essa tríade pulsando em seu estado mais vivo.

Eventos não são só encontros: são palcos simbólicos onde marcas se conectam com pessoas, histórias ganham vida e experiências se tornam memória coletiva. Mas não podemos esquecer que eventos são, antes de tudo, um motor econômico de peso real – e é esse potencial que precisa ser canalizado para uma transformação consciente.

Segundo a ABRAPE (Associação Brasileira dos Promotores de Eventos), o setor movimenta um verdadeiro hub econômico: são R$291 bilhões em faturamento anual, 6,6 milhões de pessoas envolvidas e mais de 650 mil empresas ativas – o equivalente a 7,7% das empresas do país. Além disso, são 3,2 milhões de empregos formais, 2,7 milhões de microempreendedores individuais, R$71,8 bilhões em massa salarial e R$42,3 bilhões em impostos federais.

Esses números impressionam, mas o tamanho do setor é só o começo. O potencial de representar 4% do PIB brasileiro é grande o suficiente para que os eventos sejam um motor de transformação consciente, ensinando pessoas e gerando um impacto ambiental e social muito menor.

Mas o que isso tem a ver com sustentabilidade na prática do marketing? Tudo. Porque, se eventos são essa força econômica e social, eles também são espaço para marcas e pessoas tomarem decisões verdadeiramente conscientes – decisões que respeitam o meio ambiente, a comunidade, o legado que queremos construir.

O setor já gera impacto, mas a virada está em transformar esse impacto em valor regenerativo, com ações concretas que vão muito além do discurso. No fim, o marketing que realmente fica é o que transforma comportamento – e isso exige compromisso, não só presença.

Quando impacto exige intenção

Cada evento, ao ir além do operacional, pede posicionamento. Porque evento é experiência com afeto, conexão com o contexto – e isso não se mede em números, se constrói com escolhas conscientes e intencionais.

Sucesso hoje não é só lotação ou ROI. É coerência. O que falamos no palco precisa ecoar no backstage. O evento precisa fazer sentido e gerar impacto positivo nas pessoas, no território e no planeta. Isso significa cuidar da curadoria, da logística, dos valores – e garantir que cada decisão avalie os impactos ambientais, sociais, financeiros e emocionais que serão deixados como legado.

O Global Marketing Trends 2025, da Deloitte, confirma essa virada: marcas relevantes priorizam escuta, personalização e sintonia com propósito. Essa lógica vale para conteúdos e para encontros. Um evento que incorpora essa abordagem deixa de ser só um ponto de contato e vira um ponto de transformação.

E os dados comprovam: segundo a Kantar, 83% dos consumidores globais esperam que as marcas assumam compromissos sociais e ambientais concretos – e mais da metade já deixou de comprar de empresas que não praticam o que pregam. Isso não é risco, é oportunidade. Coerência gera confiança, e confiança se traduz em impacto real e duradouro.

Quando um evento é pensado com atenção ao impacto ambiental, à inclusão e ao legado pós-audiência, ele deixa de servir apenas à marca. Serve a um propósito maior, gera vínculos, provoca transformação e permanece muito depois que as luzes se apagam.

E esse é o poder do marketing vivido por meio dos eventos: criar presença significativa, gerar memória e construir reputação. Porque, no fim, o que move os eventos deve ser o que move o marketing: a capacidade de criar encontros que fazem sentido. Que marcam. Que cuidam. Que transformam.

Luciana Lancerotti
Consultora e palestrante na área de Marketing com práticas sustentáveis para o mundo corporativo.