O futuro não é mais como era antigamente

Por Redação

22/08/2025 09h32

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Na virada do século 20, o mundo vivia um otimismo tecnológico sem precedentes. Motivados pelo fascínio com a ciência, a eletricidade, as ferrovias e o progresso industrial, muitos artistas e inventores imaginavam como seria a vida depois de tantas promessas de transformação. Um dos trabalhos mais marcantes dessa época foi uma coleção de cartões postais ilustrados intitulada En L’An 2000, posteriormente apresentada por Isaac Asimov em seu livro Futuredays: A Nineteenth Century Vision of the Year 2000.

Você já deve ter visto: dirigíveis particulares e táxis voadores dominam os céus, equipamentos com braços robóticos ajudam nas tarefas domésticas, alunos aprendem o conteúdo dos livros por meio de capacetes, maestros controlam sozinhos os instrumentos de uma orquestra e telégrafos transmitem som e imagem em tempo real.

Passado um quarto do século 21, olhamos hoje para este ensaio de retrofuturismo como um registro criativo, mas também ingênuo, de pessoas limitadas pela imaginação das referências do seu tempo.

Apesar de toda a especulação que vemos atualmente sobre inteligência artificial geral, computação quântica e biotecnologia e até mesmo a possibilidade de colonização espacial, a verdade é que não temos certeza de como será a vida no futuro. Seja no século 22 ou daqui a 20 anos.  Sob o risco de parecermos ingênuos aos olhos dos nossos tataranetos, a visão contemporânea de futuro é imaginada na forma de sistemas inteligentes e hiperconectados, alimentados por dados que circulam como um novo oxigênio e moldam silenciosamente nosso cotidiano.

Hoje, o mundo caminha para a existência de moedas cognitivas, em que atenção e dados pessoais se tornarão ativos de troca. Órgãos serão “impressos” sob demanda e vacinas instantâneas poderão ser desenvolvidas a partir do sequenciamento genético. Empresas autônomas, geridas por agentes de IA, funcionarão sem executivos humanos. E surgirão profissões híbridas, unindo pessoas e inteligências não-humanas em times criativos, jurídicos ou médicos.

Mas será que não estamos apenas adaptando o novo para caber nos moldes do que conhecemos? Será que não estamos falando sobre os cartões postais, dirigíveis, táxis, livros e telégrafos do nosso tempo?

A história nos ensina que o futuro nem sempre cumpre nossas expectativas, mas essa é justamente a graça: poder imaginar, arriscar e construir versões imperfeitas do amanhã. Porque assim como a tecnologia, ele não passa de uma versão beta em constante desenvolvimento.

Gustavo Peixoto
Diretor de Produtos e Startups na iRede
Gustavo atua na interseção entre tecnologia, empreendedorismo e marketing. É Diretor de Produto e Startups no iRede e Professor de Marketing na Unifor. Anteriormente, foi Diretor de Estratégia na Advance e Redator Criativo para diversas agências nacionais e internacionais. Com mais de 25 anos de mercado, participou de projetos para marcas como Pague Menos, Johnnie Walker, Cisco, PlayStation, Stella Artois, Apple, Emirates, Angola Cables e Rappi. Tem MBA em Gestão de Negócio e Inteligência de Mercado pela Saint Paul, graduação em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela Unifor e passagem por importantes escolas de estratégia e criatividade, como Hyper Island, Miami Ad School, ESPM e La Escuelita.