O software Qualichat é uma ferramenta para o combate a desinformação por meio da análise de conversações em grupos do Whatsapp. Na foto, João Paulo Reis e Fernando Nobre, sócios-fundadores do Ernest Manheim Lab, idealizadores do Qualichat
O pesquisador cearense Fernando Nobre, colaborador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lança amanhã (11), na Universidade de Bremen, na Alemanha, a versão 1.4 do software Qualichat. Desenvolvido para a realização de pesquisas em grupos do aplicativo Whatsapp, o pacote computacional é resultado de dois anos de investigação etnográfica do pesquisador.
“Na última eleição presidencial, em 2018, o Whatsapp foi uma mídia determinante para os rumos do pleito. Pensando nisso, nós apresentamos, em conjunto com uma rede de 50 pesquisadores, uma resposta da comunidade acadêmica brasileira para o combate a desinformação por meio da análise das conversações nesse aplicativo que também pode influenciar as eleições deste ano”, enfatiza Fernando.
Por meio da análise de conversas do WhatsApp, o Qualichat permite detectar a opinião pública por meio da obtenção de dados como notícias e temas compartilhados nos grupos estudados, pessoas envolvidas, palavras e verbos mais usados, além dos dias e horários com maior pico de troca de mensagens.
Fernando explica que, por meio do Qualichat, os pesquisadores ainda podem descobrir a relação entre palavras e possíveis temas a determinados atores ou grupos. Ou seja, é possível identificar, com o software, os assuntos mais relacionados ao grupo dos caminhoneiros, por exemplo, ao presidente Jair Bolsonaro, ou ao ex-presidente Lula.
Como resultado de uma parceria com o projeto Qualitube, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o pacote computacional ainda permite descobrir quais sites foram mais compartilhados nos grupos do Whatsapp estudados, o número de visualizações advindas desses grupos para esses sites, entre outras possibilidades.
Sobre o Qualichat
O Qualichat é um projeto desenvolvido por uma rede de pesquisadores da temática Humanidades Digitais e Pós-Humanismos do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp. O projeto também é resultado de debate com o Laboratório de História da Comunicação e Mudanças da Mídia da Universidade de Bremen, na Alemanha. Ele foi financiado pela Associação de Ciências Políticas dos Estados Unidos e recebeu o apoio da empresa alemã Tutanota, líder em criptografia de e-mail e calendário na região.
Planejado para ser lançado em ano eleitoral, o software foi construído com amplo diálogo com pesquisadores das ciências humanas interessados em oferecer instrumentos para pesquisa política em ano eleitoral.
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