Por Jessi Kovatch, jornalista e sócia na KR2 Comunicação
No atual cenário de comunicação, onde a tecnologia domina e a automação acelera processos, algo fundamental se destaca como um diferencial insubstituível: a inteligência emocional (IE). Em um mundo saturado de mensagens automatizadas, é a capacidade de entender e se conectar emocionalmente com o público que está redefinindo o sucesso das estratégias de relações públicas (PR).
O papel da inteligência emocional nas Relações Públicas
A inteligência emocional, definida como a capacidade de reconhecer, entender e gerenciar nossas próprias emoções, assim como as emoções dos outros, tem se tornado uma competência essencial para profissionais de PR. Não se trata apenas de comunicar uma mensagem, mas de entender o estado emocional do público e adaptar a comunicação para criar conexões genuínas e empáticas.
Em um ambiente onde as informações viajam em tempo recorde e as reações são instantâneas, a IE permite que os profissionais de PR não apenas respondam a situações de maneira mais eficaz, mas também antecipem necessidades e preocupações do público. Isso se traduz em uma comunicação que ressoa mais profundamente, criando fidelidade e confiança.
Comunicação em tempos de crise: A força da empatia
A gestão de crises é uma área onde a inteligência emocional pode realmente se destacar. Em momentos de crise, a forma como uma empresa responde pode fazer toda a diferença entre a recuperação rápida ou a prolongada perda de confiança. A IE permite que os comunicadores avaliem a situação de todos os ângulos emocionais, ajustando a mensagem para não apenas abordar o problema, mas também para acalmar e reconquistar o público.
Por exemplo, durante a crise enfrentada pela Southwest Airlines no final de 2022, quando milhares de voos foram cancelados, a empresa utilizou inteligência emocional em sua resposta, emitindo desculpas sinceras e oferecendo compensações aos clientes afetados. Embora essas ações tenham ajudado a mitigar os danos imediatos, a recuperação total da confiança do público tem sido lenta e complexa, demonstrando que, apesar de uma boa gestão de crise inicial, a restauração da reputação requer um esforço contínuo e sustentado.
Criando conexões humanas em um mundo digital
No contexto digital, onde a comunicação é frequentemente mediada por algoritmos e inteligência artificial, a IE oferece uma vantagem competitiva. A capacidade de criar mensagens que se conectem emocionalmente com o público-alvo – e não apenas direcioná-las de maneira eficaz – é o que diferencia campanhas bem-sucedidas de tentativas que caem no esquecimento.
Por exemplo, campanhas que utilizam a IE para compreender as emoções e necessidades subjacentes de seus públicos são capazes de criar conteúdos que não só informam, mas também inspiram e engajam, gerando um impacto mais duradouro.
Case de sucesso: Campanha “Play New” da Nike
Um exemplo real e contemporâneo do uso eficaz da inteligência emocional em relações públicas é a campanha “Play New” da Nike, lançada em maio de 2021. Essa campanha foi projetada para encorajar as pessoas a experimentar novos esportes sem a pressão de serem perfeitas, celebrando o ato de tentar e se divertir, independentemente dos resultados.
A Nike utilizou a inteligência emocional ao criar uma mensagem que ressoava com o público em um momento em que muitos estavam lidando com as pressões e incertezas da pandemia. A campanha apresentou atletas famosos, como a sprinter Dina Asher-Smith e a estrela da WNBA Sabrina Ionescu, tentando praticar esportes nos quais não eram especialistas, o que reforçou a mensagem de que falhar faz parte do processo de aprendizado e diversão.
Além disso, a campanha se estendeu para plataformas digitais como Snapchat e TikTok, onde a Nike usou lentes de realidade aumentada e colaborou com criadores de conteúdo para engajar um público mais jovem. Essa abordagem emocionalmente inteligente não apenas reforçou a conexão emocional com o público, mas também ampliou a mensagem inclusiva e motivacional da marca, resultando em uma recepção extremamente positiva globalmente.
O futuro das Relações Públicas: Um equilíbrio entre tecnologia e emoção
À medida que a tecnologia continua a avançar, o papel da inteligência emocional nas relações públicas só tende a crescer. As estratégias de comunicação que equilibram a eficiência tecnológica com a sensibilidade emocional serão aquelas que terão mais sucesso em criar e manter relacionamentos duradouros.
No futuro, a IE se tornará uma habilidade ainda mais valorizada em um setor que continuará a evoluir. Profissionais de PR que dominam essa competência estarão melhor equipados para navegar em um ambiente de comunicação cada vez mais complexo, entregando mensagens que não apenas informam, mas também emocionam, inspiram e transformam.
Sobre Jéssi Kovatch
Jornalista formada em 2008, Jéssi Kovatch construiu uma sólida carreira dedicada a relações públicas, assessoria de imprensa e comunicação corporativa. Desde 2009, ela atendeu clientes de diversos segmentos e portes, ajudando-os a escolher as melhores estratégias para se relacionar com meios de comunicação e formadores de opinião, com o objetivo de gerar visibilidade, reputação e credibilidade em seus respectivos mercados. A experiência de Jéssi em gerenciamento de crises é fundamental para fortalecer a reputação e a credibilidade de marcas. Desde 2015, Jéssi Kovatch lidera a KR2 Comunicação, uma agência de assessoria de imprensa e relações públicas fundada por ela e um sócio. A missão da KR2 é oferecer aos clientes uma experiência de atendimento que proporcione resultados claros, como o aumento de awareness e o auxílio na geração de novos negócios. Ao longo de sua carreira, Jéssi atendeu clientes notáveis, como Speedo, Peixe Urbano, STAEDTLER, Grupo Alliar, Electro Medical System (EMS) e outros.
