Como investir na conexão com o cliente e não depender apenas de anúncios nas redes sociais?

Publicado em

20/12/2023 18h44

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Chateaubriand Arrais, Leonardo Leitão e Marcello Belém compartilham formas de fortalecer a comunicação nas redes sociais

A Meta anunciou que o Facebook e Instagram, redes sociais da companhia, teriam, a partir de novembro deste ano, o serviço de assinatura paga sem anúncios exclusivamente para os usuários dos países da União Europeia e do Espaço Econômico Europeu (EEE), que inclui Noruega, Islândia e Liechtenstein, além da Suíça. Esse anúncio tornou a possibilidade desse plano de assinatura chegar futuramente no Brasil. 

Ao encarar essa possibilidade, agências de marketing digital pontuam como existem estratégias de marketing para além do anúncio pago. Ao serem questionados sobre como marcas podem tornar os usuários engajados independente de anúncios, Chateaubriand Arrais, fundador e CEO da Tatics, comenta que a humanização é a chave para a conexão.

CEO da Tatics, Chateaubriand Arrais

“As pessoas estão nas redes sociais para ver outras pessoas. As empresas são penetras. O engajamento acontece quando as marcas buscam humanização e, principalmente, espontaneidade. Os usuários percebem quando é algo forçado ou não”, comenta Chateaubriand.

Além da espontaneidade e a criatividade nos conteúdos, existe um formato que atrai ainda mais o olhar do consumidor. Segundo dados da Kantar IBOPE Mídia, 99,6% dos brasileiros são alcançados por conteúdos em vídeo, sendo o vídeo online consumido por 31,8% da população em um único dia. Ciente dessa tendência, Leonardo Leitão, Diretor de Negócios e Projetos Especiais da Leme Digital, pontua o que gera pertencimento e valor de marca com os usuários.

Diretor de Negócios e Projetos Especiais da Leme Digital, Leonardo Leitão

“A produção de conteúdo constante, consistente e relevante para sua base. A qualidade é muito importante, já que somos atacados de conteúdos diversos para captar o interesse. Na sua maioria, o vídeo é um dos maiores meios para gerar interações regulares com os usuários. Ações e conteúdos com influenciadores, trends do momento, são frentes essenciais para ampliar esse alcance. Isso também ajuda na criação de comunidades gerando maior pertencimento e valor da marca com seus usuários”, ressalta Leonardo.

Sendo a grande chave a conexão, Marcello Belém, Diretor da Performa Branding & Performance, ainda ressalta como existe uma dificuldade iminente a cada segmento, uma vez que nem sempre todos os mercados são atraentes para os usuários das redes sociais.

Diretor da Performa Branding & Performance, Marcello Belém

Na minha opinião, o engajamento nunca dependeu de anúncios, mas sim de conexão entre a marca e seu público. É óbvio que alguns segmentos têm mais propensão a ter maior engajamento com o público, porque têm negócios mais “engajáveis”. Compare uma marca de chocolates com uma empresa de topografia. Qual delas teria maior potencial de conexão com o público, aliás, qual delas teria o maior público? É natural que haja esse tipo de particularidade, onde alguns segmentos têm maior potencial natural de engajamento. Mas o fato é que qualquer marca, independente de setor, precisa de um posicionamento que converse com seu público. Conteúdo voltado para o público-alvo é essencial. Entender o que o público quer saber a respeito do seu negócio ou segmento também se faz fundamental. A comunicação no digital, para formação de comunidades existe há muito tempo, independente de anúncios pagos. O que vemos hoje é que conteúdo autêntico não depende de patrocínio para chegar nas pessoas que interessam as marcas. O difícil é construir uma linha de comunicação autêntica e manter uma frequência de produção”, esclarece.

Anúncio continua sendo essencial?

Caso essa funcionalidade chegue para os usuários brasileiros, os executivos comentam que o tráfego pago é somente uma etapa do marketing digital, sendo considerado a ponta do iceberg, uma vez que existe na profundidade, a construção contínua e estratégica de uma comunicação que crie laços reais e impactantes com os consumidores.

“Pagar para ter anúncios é uma etapa importante do processo de marketing digital, mas é só o começo. Se você não tiver como objetivo final a criação de uma base sólida de potenciais clientes para nutrição, algo está errado. Atração é fundamental, mas sem relacionamento não tem venda”, pontua Chateaubriand.

“Já atuamos com grande parte dos nossos clientes em uma frente de criação de comunidades, trazendo mais valor da marca com seu público regional. Isso cria laços mais fortes dentro do conteúdo criado. Essa ação foi pensada diante da geração de conexão junto ao usuário para sairmos e variarmos nossas ações, sem depender exclusivamente de tráfego pago”, comenta Leonardo.

“Diante desse movimento que se iniciou há algum tempo, nós estamos criando para as marcas, conteúdos cada vez mais ricos e originais. Produções mais bem pensadas, uso de inteligência artificial para viabilizar algumas ideias, drones cada vez mais ousados para entrar onde não se imaginava, enfim, a gente tá pensando e implementando uma série de hipóteses semanalmente no intuito de encontrar um caminho eficiente de posicionamento das marcas, através da imagem que produzimos delas. A forma como anunciamos na internet, vai mudar drasticamente nos próximos anos. Temos que ter alternativas”, acrescenta Marcello.

Com essa transformação próxima, os executivos comentam que o foco volta a ser no conteúdo. As marcas passam a olhar com mais atenção o marketing de influência e a contribuição a criação de conteúdos mais relevantes para o ambiente digital.

“Várias plataformas já possuem uma versão paga para que os usuários não vejam, ou ouçam, propagandas. Muitos não irão aderir, é normal, mas é uma tendência. Cabe às agências estarem preparadas para os dois mundos. Continuar investindo em anúncios, mas investir ainda mais na criação de uma base para relacionamento. Criar conteúdo humanizado e trabalhar com influencers, que realmente influenciam, são boas saídas”, diz Chateaubriand.

“Essa função pode trazer uma experiência mais direta e exclusiva do usuário com os conteúdos gerados, sem impacto de anúncios que tiram a atenção. Essa valorização pode ser interessante, porém o impacto do valor ainda é um desafio imenso diante de um cenário de grandes players concorrentes gratuitos. Para as marcas e produtores de conteúdo, isso apresenta um novo cenário focando diretamente no conteúdo e gerando uma necessidade maior do fortalecimento (ou criação) da comunidade. Essa relevância da marca precisa vir de um conteúdo com muita qualidade e uma estratégia focada no usuário. Essa monetização da marca com esses criadores de conteúdo já está dentro do planejamento de quase toda empresa, mas nesse cenário, essa exclusividade trará uma busca de valor maior nessa parceria para agregar a experiência”, finaliza Leonardo.

Marcello finaliza pontuando que essa decisão da Meta não é unânime, existem plataformas fazendo o caminho inverso e incluindo anúncios na sua programação. Válido é a preparação das agências a estarem com o viés criativo aguçado para se adaptar a diferentes cenários.

“Algumas marcas têm tido um posicionamento inverso. Por exemplo, a Netflix quer abrir seu streaming para pessoas que não querem assinar, mas estão dispostas a assistir anúncios na sua programação. Enquanto um player fecha uma porta, outro abre. No caso da Meta, eu acredito que o maior impacto será para conseguirmos encontrar públicos de mais alta renda, o que já é uma dificuldade atual. Isso só vai acentuar essa restrição. Se vai ter aderência? Vamos ver. As marcas vão ser impactadas, os públicos serão ainda mais restritos, então a porta que ainda está aberta é a de produzir conteúdo de qualidade que possa se conectar com o público de forma orgânica. É bem possível, que o algoritmo também sofra alterações, interferindo o que é entregue hoje no feed das pessoas. Na minha opinião a tendência com o menor uso de Ads, é o aumento da distribuição orgânica”, finaliza Marcello.

Sobre a ACADi

A Associação Cearense de Agentes Digitais – ACADi tem como objetivo fomentar e fortalecer o mercado. A Associação foca na união de empresas que tenham soluções digitais como prioridade de atuação, profissionalizando processos e disseminando práticas éticas e responsáveis, ajudando a construir uma legítima cultura digital no Ceará.

A ACADi busca congregar os segmentos que compõem o Mercado, sendo uma referência consultiva e isenta para a contratação de projetos digitais, promovendo o seu desenvolvimento sustentável, sempre pautados em ética, relações justas e profissionalismo.

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Colaborativa
A coluna ACADi em Foco surge como um espaço para que as agências pertencentes a Associação Cearense de Agentes Digitais tenham a oportunidade de discutir sobre temas que cercam a digitalização do marketing. Continuando seu propósito de construir uma legítima cultura digital no Ceará, a ACADi se une ao Nosso Meio e inaugura esse ambiente de troca.