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Compliance está mais maduro nas empresas brasileiras

Por Redação

17/12/2024 10h22

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Pesquisa realizada pela KPMG ouviu 106 organizações de diversas regiões e setores da economia brasileira

O nível de maturidade do compliance nas empresas do Brasil subiu de 3,07 em 2021 para 3,09 em 2024, em uma escala de 1 a 5, garantindo o índice mais alto desde 2015, quando essa avaliação começou a ser feita. Os elementos que mais contribuem para o número médio atual maior são os seguintes: investigações e linha ética (3,3); políticas e procedimentos (3,2); governança e cultura (3,1); e reporte (3,1). Os dados constam na 6ª edição da “Pesquisa de Maturidade de Compliance no Brasil”, conduzida pela KPMG com 106 organizações de diversas regiões e setores da economia brasileira.

As áreas com níveis abaixo da média atual são: comunicação e treinamento (3); pessoas e estrutura (2,9); monitoramento e testes (2,9); tecnologia e análise de dados (2,9); e avaliação de riscos (2,8). Sobre o nível de maturidade por setor este ano, a liderança ficou com Serviços Financeiros (3,5), seguido por Governo e Infraestrutura (3,3), Tecnologia, Mídia e Telecomunicações (3,1), Fabricação Industrial (3), Consumo e Varejo (2,9).

“Desde a promulgação da Lei Anticorrupção, em 2013, é inquestionável que as empresas estão passando por transformações significativas nas práticas de compliance e combate à corrupção. Elas também estão se adaptando rapidamente ao novo arcabouço regulatório relacionado com gestão de riscos de terceiros, tecnologia, segurança cibernética e privacidade de dados. Cada vez mais, essas organizações consideram também a necessidade de integrar essas práticas com os compromissos relacionados aos aspectos ESG”, afirma Emerson Melo, sócio-líder da prática de Forense e Litígios da KPMG no Brasil e colíder na América do Sul.

O conteúdo destacou também que metade (48%) das organizações classificam a maturidade atual dos seus programas de compliance entre os dois maiores níveis, avançado e integrado, enquanto 42% apontam os níveis como sustentável e maduro, e apenas 10% consideram fraco o nível desses seus programas, o menor nível da régua adotada na pesquisa da KPMG. A grande maioria (91%) das respondentes têm um programa de compliance implementado, quase todos (97%) têm um código de conduta, e 92% um canal de denúncia independente. Além disso, 84% possuem metodologias de investigação para apurar os relatos obtidos nesse canal.

A função de compliance está implementada e é liderada por executivos da área em 65% das empresas brasileiras, uma alta importante comparando com os 40% registrados em 2015. A cultura de compliance também tem sido reforçada por executivos e conselheiros em mais de 80% das organizações, um aumento de 20% em relação a 2015. Outro dado é que 74% dos executivos e conselheiros destinam recursos e aprovam o orçamento em função do compliance.

A publicação também revelou que planos de treinamento e comunicação foram implementados em mais de 80% das respondentes, com foco nos seguintes temas: compliance e anticorrupção, ética e conduta, relacionamento com agentes públicos, lavagem de dinheiro, segurança cibernética e gerenciamento de riscos. A tecnologia também é um recurso que tem sido utilizado em diversas etapas: canal de denúncias, background check e due diligence (gestão de terceiros), e análise de dados. Algumas iniciativas de Inteligência Artificial estão surgindo e já apresentando resultados interessantes.

A maioria (82%) das organizações também investigam infrações e desvios de conduta, aplicando medidas disciplinares quando necessárias, e para 44%, as metas são ajustadas considerando critérios de compliance. Contudo, há ainda desafios na gestão de riscos de compliance. Mesmo após quase dez anos desde a primeira edição da pesquisa, um dos principais desafios para 75% respondentes é identificar, avaliar e monitorar riscos de compliance e regulatórios aplicados aos negócios.

“As práticas de governança corporativa estão sendo continuamente aperfeiçoadas nas empresas brasileiras, por motivações corporativas, do mercado de capitais, de políticas públicas e por preocupações da sociedade em geral. Esse amadurecimento é observado também nas funções de compliance definidas pelas organizações, nos últimos anos, para mitigar riscos de imagem e reputação, e contribuir com a redução dos impactos financeiros em razão de não conformidades”, afirma Carolina Paulino, sócia de Forense e Litígios da KPMG no Brasil.

Orçamentos limitados e pouco consistentes com as complexidades e dimensões dos negócios ainda desafiam 33% das organizações, as quais possuem orçamento anual de até R$ 500 mil. Contudo, há mais empresas nos quadrantes superiores: 15% até R$ 1 milhão; 20% entre R$ 1 milhão e 5 milhões; e 3% acima de R$ 5 milhões. Na contramão dos investimentos, um alerta importante: para 20% das organizações, as fraudes impactaram ao menos 7% do lucro líquido; para 41% o impacto foi entre 1% e 3%. O cenário é ainda mais alarmante quando considerado que, para 40% das respondentes, o volume de fraudes deverá aumentar, e para 38% o volume deverá permanecer o mesmo no próximo ano.