Como executiva e superintendente de mercado e comercial, tenho percebido o quanto minha agenda tem sido preenchida por eventos, encontros, reuniões presenciais e participações em iniciativas do setor. São momentos que demandam energia, foco e presença real, e que, claro, foram pensados para não serem substituídos por uma call ou um e-mail.
Essa demanda por presença não é à toa. Num contexto de rotinas aceleradas e saturação de informações, a atenção tornou-se uma “moeda” essencial para as relações, inclusive para as relações de negócios e de marca com os consumidores. Esses compromissos não são apenas institucionais, mas estratégias para construir relacionamento, visibilidade e influência, fortalecendo vínculos e posicionando minha marca em conversas relevantes.
É nesse cenário que o conceito de Economia da Atenção ganha força no marketing contemporâneo. Em meio a feeds infinitos, vídeos curtos e notificações constantes, conquistar a atenção do público se tornou um dos maiores desafios das marcas. Atenção é um ativo valioso. E, no meio dessa correria — em uma disputa incessante por atenção — ganha quem se conecta com qualidade. Os eventos têm me mostrado que atenção não se exige: se conquista. Com presença, conteúdo e conexão verdadeira. Tempo e experiência são o novo luxo.
A Economia da Atenção mudou o jogo
O conceito não é novo. Foi apresentado por Herbert A. Simon nos anos 1970 e retomado por Michael Goldhaber em 1997. Ambos perceberam que a atenção é um recurso limitado — e, por isso, extremamente valioso. Em um mundo onde a informação é infinita, quem conquista a atenção domina o mercado.
Por muito tempo, as estratégias de marketing concentraram-se em capturar a atenção online com conteúdos cada vez mais rápidos e otimizados. Mas o excesso causou saturação. Agora, as marcas buscam novas formas de conquistar atenção de forma mais profunda, duradoura e emocional.
Prender atenção é mais difícil do que convencer pela utilidade. Marcas que criam momentos únicos têm mais chance de gerar lealdade.
Sua atenção virou ouro: marcas apostam em conexões reais
Feiras, encontros, ativações imersivas, palestras e experiências sensoriais se tornaram canais poderosos de construção de marca. O que antes era visto como um “extra” hoje faz parte da estratégia principal para atrair atenção, gerar engajamento e formar comunidade.
Sabe por quê? Porque na Economia da Atenção, quem cria conexão, conquista espaço.
Quer exemplos reais? Marcas de luxo como Louis Vuitton, Tiffany & Co. e Dior têm investido em gastronomia como extensão sensorial de suas marcas — não pelo lucro, mas pela conexão emocional: é brand immersion.
No presencial, a atenção é qualitativa: escolhida, dedicada e sem distrações. Ao ativar todos os sentidos, a experiência se torna mais memorável que no digital. Mais do que vender um produto, as marcas que participam ou criam eventos estão construindo histórias ao vivo. Estão mostrando seu propósito, formando comunidades e oferecendo conteúdo com significado.
Como sua marca pode aproveitar essa tendência?
- Invista em experiências presenciais com conteúdo relevante: workshops, painéis, rodas de conversa e ações interativas devem informar, entreter e envolver. O foco precisa estar na entrega de valor real — não apenas na promoção da marca.
- Crie momentos de cocriação com o público: atenção se conquista quando as pessoas se sentem parte da história. Convide-as a cocriar, contar suas experiências ou interagir com a marca em tempo real. Experiências participativas são mais memoráveis.
- Integre o físico e o digital de forma inteligente: eventos presenciais não precisam competir com o digital — devem se complementar. Registre, compartilhe e amplifique os aprendizados, transformando cada evento em conteúdo que prolonga a atenção.
Mais do que atrair olhares, o desafio é tocar corações
Na lógica da Economia da Atenção, o diferencial está na capacidade de gerar conexões genuínas. As marcas que entenderam isso estão saindo das telas para ocupar espaços físicos com propósito e criatividade.
Se sua marca quer se destacar em meio a tanto barulho, talvez seja hora de investir menos em “gritar”, e mais em conversar de verdade, presencialmente. As pessoas querem pertencer. Marcas que criam espaços de troca e propósito ganham mais que atenção, constroem lealdade e comunidade. Está na hora de sair da tela e ocupar espaços com intenção.