O Nosso Meio fez uma análise comparativa dos últimos anos para identificar a estabilidade
A credibilidade em relação à imprensa foi uma das grandes ascendências no mercado da comunicação durante a pandemia. Grande parte dos brasileiros ouvidos em pesquisa de opinião nos últimos anos demonstrou uma visão positiva a respeito da confiabilidade no jornalismo profissional. Caso essa tendência persista, isso significa uma perspectiva positiva para a democracia no sentido da sua continuidade, a ser reforçada nas urnas.
Em 2017, pesquisa do Datafolha apontava que, entre os brasileiros, 22% confiavam muito na imprensa; 49% confiavam um pouco; e 28% não confiavam em absoluto. Em 2018, a imprensa perdeu um pouco da confiança: 16% confiavam muito; 45% confiavam um pouco; e 37% não confiavam. Em julho de 2019, a situação em relação à confiança na imprensa melhorou e retomou taxas perto das de dois anos antes: 21% confiavam muito; 48% confiavam um pouco; e 30% não confiavam. A soma dos que confiavam “muito” com os que confiavam “um pouco” registrou 71% em 2017; 61% em 2018; e 69% em 2019, o que se vê de forma positiva.
Em 2020, o Datafolha fez a análise da confiabilidade ou não dos brasileiros em relação à divulgação de notícias sobre a pandemia. No levantamento, realizado em nível nacional por meio de telefone, o instituto apurou que noticiosos da televisão (61%) e jornais impressos (56%) lideravam o índice de confiança sobre o tema, seguidos por programas jornalísticos de rádio (50%) e sites de notícias (38%). Em relação às redes, apenas 12% disseram confiar nas informações compartilhadas por meios digitais como o Facebook e o aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp.
Em 2021, com índice estável, dois em cada três entrevistados (66%) declararam confiar na imprensa, desses, 18% confiam muito e 48% um pouco, já, 32% não confiam (era 30%) e 1% não opinou. O levantamento ocorreu entre os dias 13 e 15 de setembro. Foram realizadas 3.667 entrevistas presenciais em 190 municípios, com brasileiros de 16 anos ou mais, de todas as classes sociais e de todas as regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%.
Em síntese, no Brasil, a população, de forma geral, segue confiando na imprensa, apesar dos discursos de ódio e proliferação de fake news. Os resultados das pesquisas sugerem resistência da credibilidade do jornalismo profissional. Em um contexto de politização e polarização, a imprensa tem se defendido de modo eficaz de ataques sistemáticos e fortalecido a campanha contra a desinformação, como é o caso do consórcio de imprensa entre os veículos G1, O Globo, Extra, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e UOL.
A imprensa precisa e deve combater atitudes que tentam desestabilizá-la, seja em relação às ameaças de integridade aos profissionais da área, seja combatendo notícias falsas, seja reinventando a estrutura da indústria da notícia para acompanhar as inovações tecnológicas, novos canais e novos meios.
*Com dados do Datafolha