Por Marina Rolim, CEO e diretora criativa da Cena7 Digital
O SXSW sempre traz insights valiosos sobre o futuro da economia digital e este ano pela primeira vez estou participando presencialmente da conferência em Austin, no Texas. Isso é uma grande conquista para uma empresária nordestina (se eu fosse uma professora de futebol, seria como ir para os bastidores da Copa do Mundo),
Uma agência de marketing focada em produção de vídeos estratégicos, esse é o meu negócio. Cheguei no Austin Convention Center com o objetivo de aprender, conhecer parceiros ao redor do Brasil e do mundo e por último, mas não menos importante, buscar novidades para os clientes da Cena7, que vão desde Cerbras – a maior fábrica de cerâmica e porcelanato do Nordeste – até o Beach Park, o maior parque aquático da América Latina.
Descrever a experiência de um SXSW não é uma tarefa fácil, mas é, definitivamente, o maior e mais relevante festival de inovação, tecnologia, cinema e música do mundo ocidental. Um evento que recebe mais de 50 nacionalidades e cerca de 2.000 brasileiros. Ele dita tendências que vamos ouvir pelo menos pelos próximos 12 meses.
A conferência é marcada pela presença de Amy Webb, uma das maiores futuristas da atualidade, que sempre lança seu relatório de tendências no South By SouthWest (mas isso já é um assunto para outra matéria).
Uma das palestras deste ano abordou o papel dos criadores de conteúdo no universo B2B. Muito se fala sobre influenciadores e criadores no varejo e no consumo direto, mas a questão para empresas do mercado B2B é: como construir autoridade e longevidade nas redes sociais?
Criadores de conteúdo voltados para o mercado B2B estão se tornando peças-chave na educação, autoridade de marca e na construção de valor. Ao contrário do modelo tradicional de marketing empresarial, onde as empresas “ditavam” as regras do jogo, hoje os criadores estão redefinindo as narrativas. Mais criadores estão percebendo essa tendência e capitalizando sobre ela, criando seu próprio valor de mercado.
Um ponto levantado por AJ Ecstein, fundador da Creator Match – #1 Linkedin Creator Marketing Agency, foi a necessidade de enxergar os criadores de conteúdo como educadores, seja em tempo integral ou parcial. Empresas precisam de especialistas que traduzem informações complexas em narrativas acessíveis, posicionando-se como referência no setor.
A inteligência artificial também entra nesse contexto: “Você precisa ser o professor da IA. Se você olha uma resposta e acha impressionante, é porque não sabe o que está procurando“, disse Chris Do. Isso significa que os melhores criadores não apenas replicam informações, mas interpretam e aprofundam as discussões. Você pode construir junto com a IA, o que ela entrega pode ser um “7” e você completa com: Aqui está a informação que faltava para isso ficar um “10”. Chris Do, fundador do The Futur compartilhou esse pensamento após uma pergunta de um participante: “Será que seremos substituídos pela AI?”
Criadores no B2B podem assumir diferentes papéis:
- Analistas, que jogam pelas regras e traduzem tendências.
- Storytellers, que humanizam marcas com histórias autênticas.
- Campeões, que falam pouco, mas quando falam, capturam a atenção.
Esse tipo de conteúdo amplifica experiências emocionais e cria conexões profundas com o público-alvo. No final das contas, não se trata apenas de vender, mas de ajudar os clientes a “escalar a montanha”, um passo de cada vez. Esse processo é o que muitas vezes não é mostrado, o “Behind The Scenes” é uma estratégia importante para esse mercado.
Documentar em vez de criar: um novo paradigma
O futuro da creator economy está na documentação autêntica, e não apenas na criação por criação. Onde vive sua comunidade? Como você pode se conectar a ela de forma mais profunda? Com a ascensão da IA e das automações, os escritores se tornam ativos ainda mais valiosos. “Se você tem um bom texto, pode colocá-lo num teleprompter e transformar em vídeo ou outro formato”, foi um dos insights compartilhados por AJ Eckstein no painel.
Como não enlouquecer com os algoritmos? A resposta está em criar audiências verdadeiras. O engajamento vai além de curtidas e comentários; envolve construir uma conversa ativa, tirar seu público das plataformas tradicionais e levá-lo para espaços próprios, como newsletters. O segredo é entender o que faz sua audiência estar ali em primeiro lugar e construir valor genuíno.
Relacionamentos profundos exigem tempo e camadas de contexto. Com um público global, a tendência é mais concorrência de conteúdo, com histórias ricas e bem estruturadas.
Marcas, criadores e indivíduos precisam ser interessantes antes de serem interesseiros. No fim das contas, não existe linha de chegada na jornada do conteúdo digital. O jogo está sempre mudando, e cabe a nós vestirmos as lentes do cliente para acompanhá-lo.