Por Kássia Sales, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-CE)
É fato que o cuidado com o capital humano é a chave para a sustentabilidade de qualquer negócio. No entanto, em nossa busca incessante por ambientes de trabalho saudáveis, frequentemente esquecemos de quem está na linha de frente dessa missão, as lideranças e, principalmente, os profissionais de Recursos Humanos. Eles são os arquitetos da cultura, os guardiões do bem-estar, mas ironicamente, estão entre os grupos mais vulneráveis ao esgotamento. Não podemos mais ignorar o paradoxo de ter “cuidadores” doentes; afinal, é impossível servir o copo do outro se o seu está vazio.
A Síndrome de Burnout atingiu seu maior nível em dez anos, e o Brasil segue entre os países com mais atenção voltada para o tema. Pesquisas mostram que 55% dos gestores relatam níveis elevados de estresse, o que evidencia a necessidade de práticas mais conscientes de cuidado e desenvolvimento dentro das organizações.
No cenário atual, o líder moderno é chamado a equilibrar múltiplas demandas, cultivar conexões humanas e sustentar uma cultura saudável, mesmo em ambientes de mudanças constantes. Esse papel exige preparo emocional, clareza de propósito e acesso a ferramentas que apoiem sua jornada. Por isso, torna-se essencial que as organizações invistam em ambientes de apoio estruturado, com iniciativas como, programas de bem-estar; acesso à terapia como benefício; formação contínua em autoconsciência e gestão emocional, e construção de espaços seguros para diálogo e desenvolvimento.
Essas ações fortalecem a liderança, ampliam a capacidade de decisão e impulsionam resultados sustentáveis. O retorno aparece na confiança, na produtividade e no engajamento das equipes. “Colocar a máscara de oxigênio primeiro” não é apenas uma metáfora é um convite para que líderes se reconheçam como parte fundamental do cuidado organizacional. Quando a liderança está bem acompanhada, toda a empresa evolui.
Por isso, iniciativas voltadas ao desenvolvimento de gestores de pessoas seguem essenciais e estratégicas. O objetivo é oferecer conhecimento, apoio e espaços de troca que fortaleçam a prática de quem está na linha de frente do cuidado organizacional. Assim, é possível estimular reflexões, sustentar o aprendizado contínuo e promover ambientes de trabalho mais conscientes e sustentáveis.
