Confira as curiosidades por trás dos radialistas pioneiros e da primeira emissora de rádio cearense, que está há 88 anos no ar
A primeira emissora radiofônica cearense, a Ceará Rádio Clube, surgiu em 1934, período no qual o rádio comercial já despontava em todo o Brasil. Três anos antes, em 27 de maio de 1931, o presidente Getúlio Vargas havia promulgado o primeiro estatuto específico da radiodifusão brasileira. Porém, o alto custo dos aparelhos e o baixo alcance da emissora eram fatores que impossibilitavam a expansão do novo meio de comunicação no Estado.
Para mudar essa realidade, João Dummar, empresário libanês que impulsionou o movimento radiofônico no Estado, fundador da emissora Ceará Rádio Clube e comerciante de aparelhos de rádio, trouxe à capital cearense, em 1940, uma novidade tecnológica: a transmissão em ondas curtas. A chegada das ondas curtas era anunciada pelos jornais, que acompanhavam as negociações do empresário Dummar no sul do país. No dia 29 de agosto de 1941, a Ceará Rádio Clube deu início às transmissões em ondas curtas e inaugurou seus novos estúdios, um verdadeiro marco histórico para a democratização da informação no Ceará. A estação recebeu autorização para mudar do Bairro Damas para o oitavo e nono andares do Edifício Diogo, localizado no bairro Centro.
João Dummar contratou o radialista Dermival Costalima como diretor artístico da emissora, cuja equipe de locutores era composta por José Limaverde, Raimundo Menezes e Paulo Cabral de Araújo (ex-prefeito de Fortaleza). Assim, podemos considerar esta equipe como os primeiros radialistas da nossa terra. Nesse período, os programas obedeciam ao script; a linguagem utilizada pelos locutores foi se adequando à técnica, as transmissões passaram a ter mais de um microfone e para quase todos os programas, a direção exigia recursos musicais, orquestrados ou produzidos pelo sonoplasta.
Com a mudança para o Edifício Diogo, disponibilizou para a sua audiência, um auditório de 100 lugares. Com a chegada das ondas curtas a emissora cearense reforçou os cuidados com a qualidade do que era produzido e divulgado pelos microfones. Ao locutor cabia a responsabilidade de irradiar a “Voz do Ceará” para o mundo, portanto somente profissionais com experiência comprovada e reconhecida pela competência e desempenho podiam conduzir determinados programas. Deste ponto de vista, o rádio se transformou em escola e alguns memorialistas falam até em faculdade. Para ingressar como locutor da Ceará Rádio Clube, os candidatos eram submetidos a difíceis testes de locução. Hoje, a Rádio Ceará Clube opera no dial AM, na frequência 1200 kHz, e pertence ao conglomerado de mídia Diários Associados.
Conheça alguns dos consagrados nomes do rádio no Ceará
Neide Maia
Em 1940, Neide Maia causava alvoroço pela potência vocal e sensualidade que trazia na sua locução. Chegou a ser convidada pela Rádio Tupi para ingressar na grandiosa emissora carioca, mas seu amor por Fortaleza a impediu de fazer a mudança. Posteriormente, com a chegada da televisão, se transformou na primeira-dama da TV Ceará.
Almir Pedreira
Foi um dos mais completos profissionais de locução no rádio cearense. Em 1987, recebeu o troféu de Radialista Padrão do Ceará no auditório da Casa do Jornalista (ACI).
Narcélio Limaverde
Filho de José Limaverde, radialista da equipe pioneira na Rádio Ceará Clube, Narcélio seguiu a carreira com a mesma competência. Sua popularidade o levou a ser Deputado Estadual, com forte atuação
Fotos dos radialistas: Livro do memorialista Marciano Lopes
Fonte do texto: artigo “A popularização do Rádio no Ceará na década de 1940”, de Francisca Íkara Ferreira Rodrigues e Erotilde Honório Silva para o VII Encontro Nacional de História da Mídia.