Jovens profissionais comentam as mudanças da profissão e o relacionamento com as redes sociais
Entre os meios de comunicação de massa, o rádio é, sem dúvida, o mais popular e o de maior alcance público. Desde o seu surgimento em 1922, o meio do rádio se demonstrou companheiro dos ouvintes e, em livro de 2009, Barbosa Filho reforça isso ao citar que o rádio proporciona uma aproximação e uma intimidade única, fazendo assim ser um veículo companheiro que pode ser ouvido de casa, do carro, do escritório e até mesmo pelo celular.
“Ao mesmo tempo que atinge milhares de pessoas, o rádio é voltado para o indivíduo em particular. As palavras, a forma de falar, são pensadas para o ouvinte com suas particularidades e expectativas”, analisa Barbosa Filho em sua obra.
O radialista é o profissional que atua nesse meio de comunicação tão poderoso. Por todo o Brasil, milhares de profissionais chegam aos lares dos brasileiros, e em comemoração ao Dia do Radialista, o Nosso Meio conversou com as pessoas por trás de algumas das novas vozes que ecoam pelas ondas de rádio e que fazem companhia aos ouvintes.
Entre as principais funções deste profissional, podemos citar direção, roteiro, projetos, criação, e muitas outras, sendo a locução a mais comum. O trabalho dinâmico e as oportunidades de experimentação desse profissional foi o que mais chamou a atenção de João Vitor Paiva Couto, que trabalha na Rádio Verdinha, do Sistema Verdes Mares de Comunicação.
“Eu tenho a oportunidade de experimentar todos os processos da produção. Desde a produção inicial até a finalização do conteúdo, que é quando estamos ali no ar, levando as informações aos ouvintes. Isso enriquece minha visão do jornalismo como um todo e do meio esportivo, que é minha área específica de atuação, além de me tornar um profissional mais versátil”, comenta.
Entre as características necessárias para os interessados em seguir a carreira, ser comunicativo é a principal. A capacidade de trabalhar em equipe e produzir sob pressão também é importante, além do apreço pela leitura, pela pesquisa, o conhecimento pleno da língua portuguesa e a boa dicção.
Mateus Vasconcelos lista os principais desafios do trabalho de radialista. O apresentador da Plus FM lembra da importância de participar e entender todos os processos de produção.
“Para mim, trabalhar com jornalismo no rádio é desafiador. A notícia chega mais rápido e ao mesmo passo que temos essa agilidade, precisamos ter o critério de noticiabilidade muito apurado para saber o que vai ao ar, ou não”, lembra.
Guilherme Carvalho é âncora da rádio O POVO CBN Cariri e acredita que o rádio é um meio de comunicação muito versátil, que faz com que ele consiga se adaptar a vários formatos diferentes.
“A possibilidade de trabalhar de diversas maneiras dentro do mesmo projeto, faz com que eu consiga trabalhar tanto na reportagem quanto na produção. Isso é algo muito benéfico para mim como jornalista, porque eu consigo trabalhar com uma gama diferente de assuntos e uma gama diferente de entrevistados. Esse é um trabalho que demanda uma criatividade maior do profissional”, cita.
Para Iury Costa, que trabalha na Rádio BandNews FM, a experiencia de outros profissionais é essencial para ajudar na construção da sua forma de trabalha. Ele lembra das dicas que recebeu sobre como melhorar a sua comunicação.
“Algo que aprendi desde cedo, tanto com professores como colegas de trabalho, é que você precisa passar a informação precisa, pois não tem como o ouvinte voltar o áudio, e nós não temos o auxílio da imagem. Então, sempre ponderar como passar a informação correta, para que não apareçam dúvidas”, comenta.
Apesar da convergência entre o rádio e a internet, o rádio continua com a magia da voz como companhia. E é pela voz que Camila Mathias, locutora da Jovem Pan News e da Rádio 89,9 FM, cativa o seu ouvinte todos os dias durante as muitas horas que fica ao ar. A jovem lembra da importância de equilibrar os conteúdos, para saber como passar as notícias da melhor forma possível para o ouvinte.
“A palavra chave é a entonação. Como não temos a imagem, devemos usar a entonação da voz para se adequar aos momentos. Uma voz mais grave para falar de um acidente ou uma tragédia. Uma voz mais suave para falar de uma matéria sobre uma exposição, por exemplo. Vamos aprendendo a controlar e impostar voz para passar a mensagem que queremos, mesmo sem o uso da imagem para ajudar”, cita.
Com a popularização da internet, o radialista também precisou se reinventar e conquistar seu espaço nas mídias digitais com novos formatos de conteúdo. O trabalho desse profissional extrapola a barreira do som, e agora, passa a ter imagens, já que eles se apresentam em fotos e vídeos nas redes sociais.
João Vitor afirma que usa as redes sociais para estender a presença dele além do rádio. O jovem mostra outros detalhes da linha de produção que não podem ser vistos normalmente.
“Com a popularização das redes sociais, utilizo-as para estender minha presença além do rádio. Compartilho o conteúdo desenvolvido, interajo com os ouvintes e divulgo os bastidores, já que muitos gostam de consumir esse conteúdo. Creio que isso ajuda a criar uma conexão mais intensa e pessoal com a audiência”, afirma.
Iury também usa as redes sociais para produzir conteúdos para os ouvintes. Em suas redes sociais, mostra detalhes das reportagens e bastidores da produção dos programas
“Creio que seja um desafio, principalmente pela linguagem do rádio e das redes, que são diferentes. De qualquer maneira, como rádio permite essa aproximação com as pessoas, tento levar isso também para as redes sociais. Como se fosse mesmo um bastidor”, comenta.
Mateus Vasconcelos lembra que não existe mais a possibilidade de fugir das redes. Apesar de revelar certa dificuldade em se expor, ele lembra da importância desse canal de comunicação mais próxima com os ouvintes.
“Não tem mais como fugir das redes sociais, mas confesso que ainda não tenho tanto jeito para coisa. Apesar disso, os ouvintes procuram por nós e sempre entram em contato para comentar matérias, pedir alô, fazer denúncias. Sempre procuro responder a todos. Enxergo as redes sociais como um canal para fortalecer o rádio”, comenta.
Guilherme comenta que as novas formas de se comunicar pelas redes sociais só fortalecem a linguagem do rádio.
“Eu interpreto que as redes sociais chegam como reforço na criação de um perfil daquele jornalista. Porque, embora o ouvinte esteja acompanhando minha voz, ele não sabe como é meu rosto, ele não sabe como é o estúdio, ele não sabe quem é o entrevistado que estamos recebendo, para além da voz. Então, eu acredito que as redes sociais desempenham esse papel de fortalecer a informação, dando a audiência a imagem daquilo ou daqueles que estamos repassando através das ondas do rádio”, finaliza.