“Estas são as Nações Unidas chamando as pessoas de todo o planeta”. Em tradução livre, estas foram as primeiras palavras transmitidas pela rádio das Nações Unidas, no dia 13 de fevereiro de 1946.
Apesar da intenção de falar para as pessoas de todo o planeta, apenas seis países, de fato, foram alcançados pela transmissão histórica. Décadas depois, o dia 13 de fevereiro tornou-se o Dia Mundial do Rádio – o meio de comunicação mais consumido do planeta, segundo relatórios internacionais.
A data foi proclamada pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) para falar da importância do rádio, seu alcance e como ele pode colaborar para a construção da democracia.
O rádio experimentou mudanças nunca vistas na história nos últimos anos. A ampliação do acesso à internet e, principalmente, da produção de conteúdo fez com que o rádio migrasse de plataforma e experimentasse novos formatos.
O estudo Inside Radio 2021, da Kantar Ibope Media, pesquisou 13 regiões metropolitanas e apontou que 80% dos brasileiros consomem rádio. O número representa um aumento de dois pontos percentuais, na comparação com o ano anterior. Em média, cada ouvinte passaria 4 horas e 26 minutos conectados com o meio.
Sobre o perfil desses consumidores, a pesquisa mostrou que 52% são mulheres e 48% homens. As pessoas da classe C lideram o consumo dessa mídia, com 43% do total. No entanto, são seguidas pelas classes A e B com 40%.
Com relação a idade, o maior número de ouvintes tem mais de 60 anos (21%), na sequência aparecem os públicos de 30 a 39 anos (20%) e de 40 a 49 anos (19%). Já na rádio web, emissoras que fazem sua transmissão via internet, o público muda. 57% têm entre 20 e 39 anos.
Se no tocante ao consumo as flutuações são visíveis, quando o assunto é a fatia que o rádio abocanha nos investimentos de mídia dos anunciantes o tom é de estabilidade. De acordo com dados do Cenp-Meios, se em 2020 o rádio representava 4,2% do total de investimento em mídia, no ano passado, a taxa caiu para 3,1%. Na comparação, o meio está à frente do cinema, das revistas e dos jornais. Porém, perde para o out-of-home, a TV paga, a internet e a TV aberta.
Nesse sentido, como as emissoras enxergam o desafio de fazer o rádio crescer?
Nesse contexto, quando pensam em tendências, as emissoras apostam no áudio como uma alternativa ao excesso de telas. As pessoas estão ficando saturadas e procurando maneiras de fugir desses espaços que impulsionam sintomas psíquicos, como a ansiedade e depressão. O rádio vai ser um refúgio para evitar as inúmeras notificações de um celular.
A facilidade de entrar na rotina das pessoas, já que não existe concentração exclusiva, também é uma aposta. Em paralelo, cresce o uso de smart speakers e outras ferramentas controladas por áudio.
O podcast “nasceu” em 2004. Naquele período, as empresas de tecnologia buscavam uma solução para que a questões dos downloads ilegais de produtos fonográficos protegidos por direitos autorais. Uma das iniciativas foi o iTunes, da Apple.
Apesar de ter “nascido em 2004”, o podcast não teve sucesso imediato. Em 2008, o formato teve uma crise e quase foi extinto. Mais recentemente, o podcast cresceu mais ainda com a chegada de plataformas especializadas como o Spotify, Deezer e (no Brasil) Globoplay.
Com um rádio migrando para plataformas digitais e sendo representados por novos formatos, fica um questionamento: qual é o futuro do rádio?
Alguns especialistas acreditam que o veículo passará por uma “radiomorfose”, no qual o meio vai se adaptar com mudanças tecnológicas. Assim, ao invés de morrer, pelo princípio de sobrevivência, o meio antigo procura se adaptar e continuar evoluindo em seus domínios.