Marketing, Pessoas & Relacionamento

Dilma Campos desmistifica o ESG no último encontro corporativo do Nosso Meio em 2023

Por Luiza Sampaio

12/12/2023 18h37

Compartilhe
  • Whatsapp
  • Facebook
  • Linkedin

Comunicação regenerativo e seu impacto nas marcas são os principais assuntos desta edição do Marketing, Pessoas & Relacionamento

Em um encontro que celebrou e encerrou o ano de 2023, o Nosso Meio reuniu cerca de 100 profissionais do mercado de gestão, comunicação e negócios no último evento Marketing, Pessoas & Relacionamento do ano. O evento tem como objetivo proporcionar um ambiente de conhecimento e relacionamento, desta vez o conteúdo exposto contou com a apresentação de Dilma Campos, CEO e sócia-fundadora da Nossa Praia, Head de ESG da B&Partners.co – The Growth Network. 

Com o tema “Marketing Regenerativo: um olhar para o futuro da comunicação”, Dilma iniciou o seu momento explicando sua trajetória e o que a levou para o momento em que se encontra. Seu primeiro sinal empreendedor surgiu há 15 anos, com a sua empresa  Dmagrella, que desde então despertou o seu interesse pela sustentabilidade. Diante da sua experiência no mercado, ela reforça a importância da visão regenerativa e inovadora na hora de produzir comunicação. 

Segundo sua descrição, o marketing regenerativo é uma abordagem do marketing que se concentra em criar impactos positivos e duradouros, não apenas para as marcas e empresas, mas também para a sociedade, o meio ambiente e as comunidades.

“Regeneração é a palavra do futuro, tá ligado ao movimento do ESG mas já é o futuro”, afirma. 

A executiva pontua que o tema e a mentalidade sustentável de uma empresa não entra mais como algo para ser falado apenas para os stakeholders, mas atualmente se enquadra como um fator de gestão de riscos. 

“Não estamos falando mais em minimizar danos mas em fortalecer sistemas e ecossistemas”, alerta.

Dilma aponta a pesquisa desenvolvida pela PwC “A nova cara do consumidor” como um parâmetro para visualizar o impacto das decisões sustentáveis na percepção de marcas. Segundo o estudo, 49% dos entrevistados no Brasil dizem que os fatores sociais afetam suas decisões de compra. Ela lista alguns tópicos essenciais para a conceituação do marketing regenerativo. 

  • Impacto positivo
  • Resiliência 
  • Colaboração
  • Transparência
  • Inovação sustentável

“A gente nunca entendeu o planeta como uma rede colaborativa e ele vai cada vez mais se tornar uma. Não importa o que você vai fazer, vai causar impacto positivo. O mundo do futuro é colaborativo e o marketing regenerativo traz isso”, destaca.

Dilma alerta a urgência das marcas voltarem o seu olhar para esta situação e indaga os convidados o que é necessário para reverter a situação de agravamento climático do mundo. Ela aponta que até 2050 o mundo contará com 10 bilhões de pessoas e a questão climática é um fator crucial para a sobrevivência dos negócios e dos seres humanos até lá.  

“Não existe o mundo de amanhã sem inovação, somos movidos à inovação. A inovação também é mover os nossos movimentos”, ressalta.

Em termos técnicos, Dilma esclarece a “era da ebulição global” definida pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que conta que há “ar irrespirável, calor insuportável e nível inaceitável de lucros financeiros baseados nos combustíveis fósseis”.

Ela ainda aponta um dado apresentado pela consultoria Deloitte, o qual estima que, se o padrão de emissão de carbono atual for mantido até 2070,  o mundo vai ter perdas de US$ 178 trilhões.

Com uma apresentação recheada de dados e referências, Dilma ainda pontua uma afirmação feita por Larry Fink, Carta aos CEOs de 2020, que diz que os cinco riscos para os negócios são ligados ao meio ambiente, são eles:

  • 01. Clima Extremo
  • 02. Fracasso em ação climática
  • 03. Desastres Naturais
  • 04. Perda de Biodiversidade
  • 05. Desastres ambientais causados por humanos.

Para aproximar essa prática organizacional do dia a dia dos convidados, a palestrante simplifica o termo ESG comparando ao dia a dia familiar, onde as práticas de gestão hídrica, energética, política e social eram feitas nos pequenos atos diários, como desligar a torneira enquanto escova os dentes e vigiar os gastos de energia ao longo do dia. Dilma conta que o ponto ESG é o equilíbrio entre lucratividade e regeneração. 

Dilma pontua que a agilidade do brasileiro ao receber e se adaptar aos novos processos do mercado é algo que o diferencia no mundo, a exemplo do ESG. Confira a pesquisa apresentada pela palestrante:

Investir em ESG é um desejo do consumidor e uma oportunidade real para a marca. Para esclarecer isso, Dilma apresenta dados atuais que elucidam essa realidade. Afinal a Environmental, Social and Governance (Governança Social e Ambiental) é uma abordagem alinhada com a crescente conscientização sobre questões ambientais e sociais, e reflete a mudança nas expectativas dos consumidores, que buscam cada vez mais apoiar empresas e marcas que estão comprometidas com valores sustentáveis e regenerativos.

Falando no quesito gestão de pessoas, Dilma pontua que é importante ver a forma como novas pessoas chegam na empresa e como facilitar a adaptação dessas novas personalidades dentro da organização, afinal isso também é ESG. 

Greenwhasing, um dos temas polêmicos que cercam o ESG, também foi um dos pontos levantados pela palestrante que citou uma frase da executiva Annelise Vendramini, do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV.

“Quando vêm à tona, os casos podem levar ao linchamento da empresa e, de uma hora para a outra, destruir a reputação de uma marca construída com décadas de investimento”.

Para contornar tantas questões apresentadas durante sua apresentação, Dilma Campos propõe olhar para as inteligências transdisciplinares, pois une a tecnologia e a humanidade por meio da regeneração de ecossistemas econômicos, sociais e ambientais.

“Não há mudança real sem diversidade de vivências, conhecimentos e mentalidades. Quanto mais tecnológica mais humana é a inovação”, destaca.

Para encerrar sua fala, ela destaca a necessidade de integrar os pensamentos e comportamentos entre cargos, com a proposta de não limitar a capacidade de cada pessoa, mas garantir a convergência de conhecimentos. 

“A empresa que vai sobreviver no futuro é aquela que se transformar em uma plataforma de educação”, encerra.