Em uma viagem no tempo da história da tecnologia, o palestrante explica como as IAs conseguiram transformar o mundo e como isso pode impactar a sociedade
O procurador geral na Advocacia Geral da União, Carlos Marden, subiu no palco Open Mind durante o segundo dia do NM2B 2023 (24) para falar sobre até onde as inteligências artificiais podem ir dentro dos limites éticos. Para explicar onde estamos nessa jornada tecnológica, Carlos leva o público em uma viagem no tempo e os principais marcos revolucionários do mundo.
“A ética é um grande sistema de regulação de condutas. Nela existem três coisas, moral, direito e religião, três formas diferentes de dizer pra você o que você pode e não pode fazer, seja por meio da orientação divina, social ou jurídica”, conceitua Carlos.
“Claro que a revolução digital aconteceu de forma longa, mas vou citar aqui quatro momentos que eu considero fundamentais nesse momento”, pontua.
- 01) Quando Alan Turing escreveu um artigo, em 1953, chamado “Inteligências de máquinas e a informação”, na primeira linha ele já indaga os leitores com o questionamento “Os computadores são capazes de pensar?”. Nesse artigo ele lança todas as bases da computação moderna, ele lançou o conceito de algoritmo que hoje é utilizado pelo Vale do Silício.
- 02) Em 1965, Gordon Moore disse que “A capacidade de processamento dos computadores, vai dobrar a cada 18 meses”, depois ele reviu a afirmação dele e reiterou para 2 anos. Isso se chama a Lei de Moore e mesmo após 58 anos, essa lei continua sendo obedecida.
- 03) Bill Gates aparece ao final dos anos 70 sugerindo para a IBM uma empresa que desenvolve programa de computadores pras pessoas terem em casa, as pessoas duvidaram de que essa ideia seria possível. Mesmo assim, ele fundou a Microsoft com o objetivo de simplificar a computação, o Windows chegou para aproximar do público leigo as linguagens difíceis de programação, e isso foi inovação para o mundo todo.
- 04) Algumas empresas já tinham redes de computação, hoje conhecidas como internet, que servia para comunicação interna, para integrar essas comunicações e sistemas. Tim Berners – Lee criou o tão conhecido “www” que integrava conteúdos do mundo todo dentro da internet.
Após 40 anos, os desafios pensados por Alan Turing lá em 1953, foram simplificados por meio das revoluções tecnológicas que aconteceram ao longo do tempo. O questionamento feito por Alan, finalmente teve resposta, quando a IBM fez um computador ganhar uma partida de xadrez com o melhor jogador do mundo, agora sim, os computadores pensavam.
“Uma vez iniciada a Revolução Digital, cada novo avanço veio com muita rapidez e gerando grandes impactos sobre nossas vidas e o mundo ao nosso redor”, afirma.
Outro marco desse processo de amadurecimento dessa inteligência, foi quando os criadores do Google, idealizaram o Alpha 0, um jogador de xadrez que prometia ganhar do grande computador da IBM. O Alpha passou 4 horas jogando contra si mesmo, utilizando estratégias registradas durante os 3.000 anos de xadrez, até achar uma que nunca havia sido registrada e utilizada, a mesma que o tornou campeão no tão disputado embate com a IBM.
“Falar que não existe criatividade nos computadores, é mentira. Hoje estamos falando de computadores que produzem músicas, artes e produtos sozinhos”, destaca.
Carlos fala das duas faces da tecnologia, um lado muito bom que proporciona criações inovadoras e o lado ruim que ninguém sabe até onde podemos controlar essas inteligências.
“Pouco tempo depois do Alpha 0, os EUA estão presenciando um fenômeno não visto, quando o Walmart abriu um grande processo de seleção para criar um departamento de ciência de dados, com matemáticos, físicos e engenheiros. Para facilitar os processos de vendas a partir da análise desses dados extraídos, criando padrões de comportamento de compras e sugerindo produtos que podem ser comprados”, conta.
A inteligência de dados está cada vez mais acelerada, podendo prever coisas que podem acontecer a partir dos padrões de comportamento identificados nas análises. Com isso, a Era dos Dados ganha uma nova dimensão quando passa a ser possível minerar e processar não apenas a informação detida, mas também informação acumulada.
“A combinação de forças entre algoritmos e inteligência artificial torna possível lidar com uma quantidade imensa de dados, os quais podem ser utilizados para extrair um padrão da empresa para praticamente qualquer coisa que seja útil”, pontua.
Para trazer a ética nesse debate, Marden reforça que a ética é um grande sistema de regulação de condutas baseada em valores que são conhecidos, às vezes até intuitivos, dos seres humanos, porém não são conhecidos pelas máquinas. Para isso, elenca exemplos de possíveis locais onde as IAs podem ser úteis.
- Atendimento ao cliente;
- Triagem de currículos;
- Otimização das ações de marketing;
- Análise de risco de crédito.
Utilizar informações políticas, sexuais, bancárias ou de cunho estritamente pessoal dos usuários são exemplos de quebra do limite ético das IAs. Infelizmente, ainda existem empresas que se aproveitam dessas informações para criar estratégias de venda ou disseminação de conteúdo falso.
Para finalizar sua palestra, Carlos brinca com o tema da palestra e encerra sua fala com uma mensagem criada pelo Chat GPT.
“Vamos abraçar a IA de forma ética em nossas empresas, buscando lucro sem comprometer nossos valores. Ao fazer isso, não apenas prosperamos nos negócios, mas também fortalecemos nossa responsabilidade social. Juntos, construiremos um futuro onde inovação e ética se unem para benefício mútuo. Obrigado por investirem nessa jornada”, finaliza.
Sobre o palestrante:
- Procurador Federal na Advocacia-Geral da
União - Especialista em Direito Processual Civil e Mestre em Ordem Jurídica Constitucional pela
- Universidade Federal do Ceará
- Doutor em Direito Processual pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
- Pós- Doutor em Estado, Democracia e
- Constituição pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos
- Professor da Graduação e do Mestrado do
Centro Universitário Christus – Unichristus.
NM2B 2023:
Os dias 23 e 24 de agosto já estão marcados por uma programação cheia de conhecimento e insights provocados pelo encontro de alta gestão e criatividade, o Nosso Meio to Business, que acontecerá na Torre Norte do BS Design. A segunda edição do evento traz grandes nomes do mercado nacional para dentro de dois auditórios que serão movimentados simultaneamente, além de salas de mentorias para acompanhamento individual dos ingressantes.