10ª edição

Economia Prateada ganha força e passa a ser fundamental para o varejo

Por Redação

18/12/2023 08h53

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Inclusão e personalização são as palavras de ordem para este segmento de mercado que deve moldar o futuro

O cenário demográfico do Brasil está passando por uma transformação marcante, evidenciada pela inversão da pirâmide populacional. Segundo dados recentes do Censo Demográfico 2022 do IBGE, os brasileiros com mais de 65 anos já representam quase 11% da população total, alcançando o patamar mais alto desde o primeiro censo em 1872. Nesse contexto, a economia prateada emerge como um fator crucial para o varejo, redefinindo estratégias e demandando uma abordagem mais inclusiva e sensível.

Mas o que é essa “economia prateada”? O termo refere-se ao fenômeno impulsionado pelo envelhecimento da população, onde os consumidores com 50 anos ou mais desempenham um papel cada vez mais central nas atividades econômicas. Este segmento demográfico, muitas vezes denominado como a “prata da casa”, não apenas representa uma fatia significativa do poder de compra, mas também impulsiona mudanças nas estratégias de negócios.

Alterações essas que vão além de uma simples adaptação ao envelhecimento da população; ela exige uma redefinição das abordagens do varejo, promovendo a inclusão, a sensibilidade às necessidades específicas desse público e reconhecendo a diversidade de estilos de vida e preferências que caracterizam essa fase da vida. Nesse contexto, o Vice-Presidente de Clientes nas Farmácias Pague Menos e Extrafarma, Renato Camargo, explica que compreender e atender efetivamente a este nicho torna-se não apenas uma estratégia de alguns players, mas uma necessidade para o sucesso e a sustentabilidade das empresas.

O gestor destaca o compromisso das farmácias em oferecer uma experiência inclusiva e personalizada.

“As empresas estão focadas em fortalecer a conexão com o público 50+ ao longo dos próximos anos, buscando entender cada vez melhor as suas preferências, desafios e aspirações, garantindo que cada interação seja positiva e enriquecedora”, explica Renato, que lista ainda as principais formas de melhor atender este público: “algumas iniciativas que executamos são acessibilidade e facilidade de uso, produtos e serviços específicos, programas de fidelidade e descontos, treinamento para a equipe, além de eventos e atividades sociais”, detalha.

Já para Izabel Cavalcante, diretora da Universidade Sem Fronteiras (Unisf), “o mercado não olhar só o viés financeiro é a ponta de tudo. Quando se olha apenas o que é que esse mercado prateado pode oferecer em relação ao dinheiro, já se começa errado. É necessário pensar o que é que as empresas podem ofertar para que essas pessoas consigam viver com mais qualidade, com mais possibilidades de autonomia e principalmente continuar sonhando”, exclama.

Força motriz do futuro

Diante do envelhecimento da população, a economia prateada não é apenas uma oportunidade de mercado, mas uma necessidade estratégica para os varejistas. O público 50+ representa não apenas um poder aquisitivo significativo, mas também uma força motriz para mudanças na sociedade.

Empresas que compreendem e respondem às necessidades desse público não apenas podem prosperar economicamente, mas também contribuirão para uma sociedade mais inclusiva e respeitosa com o envelhecimento.

“É preciso entendermos que envelhecer é um privilégio, por mais que você tenha muitas dificuldades neste processo. Mas não envelhece aquele que morre, que morreu jovem. E morrer jovem significa uma tragédia”, reitera a diretora.

As falas de Izabel e Renato revelam a complexidade e a riqueza da economia prateada, destacando como o varejo pode não apenas atender, mas também enriquecer a vida do público 50+. Diante dessas muitas faces do varejo, fica evidente que a verdadeira inovação reside na capacidade de compreender e abraçar a diversidade geracional, transformando desafios demográficos em oportunidades para todos.

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Um mercado especial também nos números

Em dados do YouGov Profiles, em comparação com o público em geral, os brasileiros com 55 anos ou mais apresentam uma probabilidade estatisticamente maior de se considerarem em uma situação financeira estável (46,1% vs. 43,5%, respectivamente). Além disso, são mais propensos a pagar por produtos de qualidade (54,1% vs. 52,8%) e encontram-se na faixa etária com maior probabilidade de estar na renda mais alta.

Entretanto, o estudo ressalta nuances importantes. Apesar da estabilidade financeira, o público 50+ não demonstra disposição descontrolada para gastar, sendo menos propenso a investir em produtos de luxo do que a população em geral. A análise detalhada revela que esses consumidores são criteriosos em suas escolhas, mostrando-se mais reticentes em comprar marcas sem considerar o preço e resistindo a gostos caros.